S.
Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero
Bta
Maria Felícia de Jesus Sacramentado, Virgem de nossa Ordem.
Sta.
Gianna Baretta Molla, leiga
1ª
Leitura (At 9,1-20): Naqueles dias, Saulo, respirando ainda ameaças de
morte contra os discípulos do Senhor, foi ter com o sumo sacerdote e pediu-lhe
cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de trazer algemados para Jerusalém
quantos seguissem a nova religião, tanto homens como mulheres. Na viagem,
quando estava já próximo de Damasco, viu-se de repente envolvido numa luz
intensa vinda do Céu. Caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: «Saulo,
Saulo, porque Me persegues?». Ele perguntou: «Quem és Tu, Senhor?». O Senhor
respondeu: «Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade
e aí te dirão o que deves fazer». Os companheiros de viagem de Saulo tinham
parado emudecidos; ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo levantou-se do
chão, mas, embora tivesse os olhos abertos, nada via. Levaram-no pela mão e
introduziram-no em Damasco. Ficou três dias sem vista e sem comer nem beber.
Vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias e o Senhor chamou-o numa visão:
«Ananias». Ele respondeu: «Eis-me aqui, Senhor». O Senhor continuou:
«Levanta-te e vai à rua chamada Direita procurar, em casa de Judas, um homem de
Tarso, chamado Saulo, que está a orar». – Entretanto, Saulo teve uma visão, em
que um homem chamado Ananias entrava e impunha-lhe as mãos, para que
recuperasse a vista. Ananias respondeu: «Senhor, tenho ouvido contar a muitas
pessoas todo o mal que esse homem fez aos teus fiéis em Jerusalém; e agora está
aqui com plenos poderes dos príncipes dos sacerdotes para prender todos os que
invocam o teu nome». O Senhor disse-lhe: «Vai, porque esse homem é o
instrumento escolhido por Mim, para levar o meu nome ao conhecimento dos
gentios, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto ele tem
de sofrer pelo meu nome». Então Ananias partiu, entrou na casa, impôs as mãos a
Saulo e disse-lhe: «Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor, – esse Jesus
que te apareceu no caminho por onde vinhas – a fim de recuperares a vista e
ficares cheio do Espírito Santo». Imediatamente lhe caíram dos olhos uma
espécie de escamas e recuperou a vista. Depois levantou-se, recebeu o baptismo
e, tendo tomado alimento, readquiriu as forças. Saulo passou alguns dias com os
discípulos de Damasco e começou logo a proclamar nas sinagogas que Jesus era o
Filho de Deus.
Salmo
Responsorial: 116
R. Ide por todo o mundo e
anunciai a boa nova.
Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.
É firme a sua misericórdia para conosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.
Aleluia. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele, diz o Senhor. Aleluia.
Evangelho
(Jo 6,52-59): Os judeus discutiam entre si: «Como é que ele pode dar a
sua carne a comer?». Jesus disse: «Em verdade, em verdade, vos digo: se não
comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a
vida em vós. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna,
e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu
sangue é verdadeira bebida. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue
permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por
meio do Pai, assim aquele que me consome viverá por meio de mim. Este é o pão
que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram — e, no
entanto, morreram. Quem consome este pão viverá para sempre». Jesus falou estas
coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum.
«Em verdade, em verdade, vos
digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em vós»
Rev. D. Àngel CALDAS i Bosch (Salt,
Girona, Espanha)
Hoje, Jesus faz três afirmações
capitais como são: que se deve comer a carne do Filho do homem e beber o seu
sangue, que se não se comunga não se pode ter vida; e que esta vida é a vida
eterna e é a condição para a ressurreição (cf. Jo 6,53.58). Não há nada no Evangelho
tão claro, tão rotundo e tão definitivo como estas afirmações de Jesus.
Não sempre os católicos estamos à
altura do que merece a Eucaristia: às vezes se pretende “viver” sem as
condições de vida assinaladas por Jesus e, contudo, como tem escrito João Paulo
II, «a Eucaristia é um dom demasiado grande para admitir ambiguidades e
reduções».
“Comer para viver”: comer a carne
do Filho do homem para viver como o Filho do homem. Este comer se chama
“comunhão”. É um “comer”, e dizemos “comer” para que fique clara a necessidade
de assimilação, da identificação com Jesus. Comunga-se para manter a união:
para pensar como Ele, para falar como Ele, para amar como Ele. Aos cristãos
fazia-nos falta a encíclica eucarística de João Paulo II, A Igreja vive da Eucaristia.
É uma encíclica apaixonada: é “fogo” porque a Eucaristia é ardente.
«Ardentemente desejei comer
convosco esta ceia pascal, antes de padecer» (Lc 22,15), dizia Jesus ao
entardecer da Quarta-feira Santa. Temos de recuperar o fervor eucarístico.
Nenhuma outra religião tem uma iniciativa semelhante. É Deus que entra no
coração do homem para estabelecer aí uma relação misteriosa de amor. E desde aí
se constrói a Igreja e se faz parte no dinamismo apostólico e eclesiástico da
Eucaristia.
Estamos tocando a entranha mesma
do mistério, como Tomás, que apalpava as feridas de Cristo ressuscitado. Os
cristãos teremos de revisar a nossa fidelidade ao fato eucarístico, tal como
Cristo o tem revelado e a Igreja nos o propõe. E temos de voltar a viver a
“ternura” para a Eucaristia: genuflexões pausadas e bem-feitas, incremento do
número de comunhões espirituais... E, a partir da Eucaristia, os homens nos
aparecerão sagrados, tal como são. E lhes serviremos com uma renovada ternura.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O mesmo Criador e Senhor da
natureza, que faz a terra produzir pão, também faz do pão o seu próprio corpo
(porque ele prometeu e tem o poder de fazê-lo), e aquele que transformou a água
em vinho, faz do vinho o seu sangue. É a Páscoa do Senhor!» (São Gaudêncio de
Brescia)
«A Eucaristia continua a ser um
'sinal de contradição' e não pode deixar de sê-lo, porque um Deus que se faz
carne e se sacrifica pela vida do mundo põe em crise a sabedoria dos homens»
(Bento XVI)
«O Senhor dirige-nos um convite
urgente a recebê-lo no sacramento da Eucaristia: 'Em verdade, em verdade vos
digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue,
não tereis a vida em ti' (Jo 6,53)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.384)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Estamos chegando quase ao
fim do Discurso do Pão da Vida. Aqui começa a parte mais polêmica. Os
judeus se fecham e começam a questionar as afirmações de Jesus.
* João 6,52-55: Carne e
sangue: expressão da vida e da doação total. Os judeus reagem: "Como esse homem pode
dar-nos a sua carne para comer?" Era perto da festa da Páscoa. Dentro de
poucos dias, todos iam comer a carne do cordeiro pascal na celebração da noite
de páscoa. Eles não entenderam as palavras de Jesus, porque tomaram tudo ao pé
da letra. Mas Jesus não diminui as exigências, não retira nada do que disse, e insiste:
"Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não
bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a
minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele”. (1) Comer a carne de Jesus significa aceitar Jesus
como o novo Cordeiro Pascal, cujo sangue nos liberta da escravidão. A lei do
Antigo Testamento, por respeito à vida, proibia comer sangue (Dt 12,16.23; At
15.29). Sangue era o sinal da vida. (2) Beber o sangue de Jesus significa assimilar a
mesma maneira de viver que marcou a vida de Jesus. O que traz vida não é
celebrar o maná do passado, mas sim comer este novo pão que é Jesus, a sua
carne e o seu sangue. Participando da Ceia Eucarística, assimilamos a sua vida,
a sua doação e entrega. “Se vocês não
comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue não terão vida em
vocês”. Devem aceitar Jesus como messias crucificado, cujo sangue vai ser
derramado.
* João 6,56-58: Quem me
receber como alimento viverá por mim.
As últimas frases do Discurso do Pão da Vida são de grande profundidade
e tentam resumir tudo que foi dito. Elas evocam a dimensão mística que envolve
a participação na eucaristia. Expressam o que Paulo diz na carta aos Gálatas:
“Vivo, mas já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). E o que
diz o Apocalipse de João: “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e cearei com ele, ele comigo” (Ap 3,20). E o próprio João no
Evangelho: “Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele
viremos e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23). E termina com a promessa da
vida que marca a diferença com o antigo êxodo: “Este é o pão que desceu do céu.
Não é como o pão que os pais de vocês comeram e depois morreram. Quem come
deste pão viverá para sempre."
* João 6,59: Termina o discurso na sinagoga.
Até aqui foi a conversa entre Jesus e o povo e os judeus na sinagoga de
Cafarnaum. Como aludimos anteriormente, o Discurso do Pão da Vida nos oferece
uma imagem de como era a catequese naquele fim do primeiro séculos nas
comunidades cristãs da Ásia Menor. As perguntas do povo e dos judeus refletem
as dificuldades dos membros das comunidades. E as resposta de Jesus representam
os esclarecimentos para ajudá-los a superar as dificuldades, aprofundar sua fé
e viver mais intensamente a Eucaristia que era celebrada sobretudo nas noites
de sábado para o domingo, o Dia do Senhor.
Para um confronto pessoal
1) A partir do Discurso do
Pão da Vida, a celebração da Eucaristia recebe uma luz muito forte e um
aprofundamento enorme. Qual a luz eu estou percebendo que me ajuda a dar um
passo?
2) Comer a carne e o
sangue de Jesus, é o mandamento que ele nos dá. Como vivo a eucaristia na minha
vida? Mesmo não podendo ir à missa todos os dias ou todos os domingos, minha
vida deve ser eucarística. Como tento realizar este objetivo?
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