São
Brás, Bispo e Mártir
Bto Justo Ukon Takayama, Mártir
1ª
Leitura (Heb 13,1-8): Irmãos: Permanecei no amor fraterno. Não esqueçais
a hospitalidade, porque, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram Anjos.
Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles. Lembrai-vos
dos que são maltratados, porque vós também tendes um corpo. O matrimónio seja
honrado por todos e o leito conjugal sem mancha, porque Deus julgará os impuros
e os adúlteros. O vosso modo de proceder seja desinteressado, contentando-vos
com o que possuís, porque Deus disse: «Eu não te abandonarei nem te
desampararei». Assim poderemos dizer confiadamente: «O Senhor é por mim: nada
temo; que poderão fazer-me os homens?». Lembrai-vos dos vossos chefes, que vos
anunciaram a palavra de Deus; considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua
fé. Jesus Cristo é sempre o mesmo, hoje e ontem e por toda a eternidade.
R. O Senhor é a minha luz e a minha salvação.
O Senhor é minha luz e salvação: a quem hei de temer? O Senhor é protetor da minha vida: de quem hei de ter medo?
Se um exército me vier cercar, o meu coração não temerá. Se contra mim travarem batalha, mesmo assim terei confiança.
No dia da desgraça, Ele me esconderá na sua tenda, ocultar-me-á no recôndito do seu santuário, elevar-me-á sobre um rochedo.
A vossa face, Senhor, eu procuro: não escondais de mim o vosso rosto, nem afasteis com ira o vosso servo: Vós sois o meu refúgio.
Aleluia. Felizes os que
recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela
perseverança. Aleluia.
Evangelho (Mc 6,14-29): O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado muito conhecido. Até se dizia: «João Batista ressuscitou dos mortos, e é por isso que atuam nele essas forças milagrosas!» Outros diziam: «É Elias!» Ainda outros: «É um profeta como um dos antigos profetas». Depois de ouvir isso, Herodes dizia: «Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou». De fato, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo, mas não conseguia, pois Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconcertado. Finalmente, chegou o dia oportuno. Por ocasião de seu aniversário, Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galileia. A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à moça: «Pede-me o que quiseres, e eu te darei». E fez até um juramento: «Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que devo pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Batista». Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: «Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou muito triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis faltar com a palavra. Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça, trouxe-a num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura.
«O rei Herodes ouviu falar de
Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado muito conhecido.»
Rev. D. Ferran BLASI i Birbe (Barcelona,
Espanha)
Hoje, nesta passagem de Marcos,
falasse-nos da fama de Jesus —conhecido pelos seus milagres e ensinamentos—.
Era tal esta fama que algumas pessoas pensavam que se tratava do parente e
precursor de Jesus, João Batista, que teria ressuscitado de entre os mortos. E
assim o queria imaginar Herodes, o que o tinha mandado matar. Mas este Jesus
era muito mais que os outros homens de Deus: mais que aquele João; mais que
qualquer dos profetas que falavam em nome do Altíssimo: Ele era o Filho de Deus
feito Homem, perfeito Deus e perfeito Homem. Este Jesus —presente entre nós—,
como homem, pode compreender-nos e, como Deus, pode conceder-nos tudo o que
necessitamos.
João, o precursor, que tinha sido
enviado por Deus antes que Jesus, com o seu martírio, precedeu-o também na Sua
paixão e morte. Foi também uma morte injustamente atribuída a um homem santo,
por parte do tetrarca Herodes, seguramente contrariado, pois ele apreciava-o e
escutava-o com respeito. Mas, por fim, João era claro e firme com o rei quando
lhe critica a sua conduta merecedora de censura, pois não lhe era lícito tomar
como esposa a Herodias, a mulher do seu irmão.
Herodes tinha cedido ao pedido que lhe tinha feito a filha de Herodias, instigada pela sua mãe, quando, num banquete —depois da dança que tinha agradado ao rei— perante os convidados, jurou à bailarina dar-lhe tudo o que lhe pedisse. «Que lhe peço?», pergunta à sua mãe que lhe responde: «A cabeça de João Batista» (Mc 6,24). E o reizinho manda executar a Batista. Era um juramento que de nenhuma forma o obrigava, pois era coisa má, contra a justiça e contra a consciência.
Uma vez mais, a experiência ensina que uma virtude deve estar unida a todas as outras, e todas hão de crescer de maneira orgânica, como os dedos de uma mão. E também que quando se incorre num vício, prosseguem-se os outros.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«São João morreu por Cristo, quem é a Verdade. Justamente, por amor a verdade, não reduz seu compromisso e não tem temor a dirigir palavras fortes para aqueles que tinham perdido o caminho de Deus» (São Venerável Beda)
«João não tem medo dos juízos humanos, as persecuções, as calúnias nem da morte, pois, tem uma consciência clara de sua missão. A vida do Bautista se resume na necessidade de obedecer a Deus antes que aos homens» (Bento XVI)
«Na linha dos profetas e de João Batista, Jesus anunciou, em sua pregação, o juízo do último dia. Serão então revelados a conduta de cada um e o segredo dos corações. Será também condenada a incredulidade culpada que fez pouco da graça oferecida por Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n° 678)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje
descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo
de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os
grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus
vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época.
Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito:
“Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a anunciar a
Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente,
ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do
leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com
Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” Além disso, ao fazer um balanço das
opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus, Marcos provoca uma outra pergunta:
“Quem é Jesus?” Esta última pergunta vai crescendo ao longo do evangelho até
receber a resposta definitiva pela boca do centurião ao pé da Cruz: "De
fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 15,39)
* Marcos 6,14-16. Quem é Jesus? O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
* Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João. Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A trama do assassinato. Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
Para um confronto pessoal
1. Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
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