sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Domingo VII do Tempo Comum

1ª Leitura (Lev 19,1-2.17-18): O Senhor dirigiu-Se a Moisés nestes termos: «Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes: ‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’. Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor».

Salmo Responsorial: 102
R. O Senhor é clemente e cheio de compaixão.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades; salva da morte a tua vida e coroa-te de graça e misericórdia.

O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade; não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas.

Como o Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados; como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem.

2ª Leitura (1Cor 3,16-23): Irmãos: Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo, e vós sois esse templo. Ninguém tenha ilusões. Se alguém entre vós se julga sábio aos olhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, como está escrito: «Apanharei os sábios na sua própria astúcia». E ainda: «O Senhor sabe como são vãos os pensamentos dos sábios». Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.

Aleluia. Quem observa a palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito. Aleluia.

Evangelho (Mt 5, 38-48): «Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente! ’ Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito».

«Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito»

Pe. José PLAZA Monárdez (Calama, Chile)

Hoje, a Palavra de Deus, ensina-nos que a fonte original e a medida da santidade estão em Deus: «Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5,48). Ele inspira-nos, e caminhamos para ele. O caminho é percorrido sob a nova lei, a lei do Amor. O amor é o condutor seguro dos nossos ideais, expresso tão certeiramente neste quinto capítulo do Evangelho de São Mateus.

A antiga lei de Talião do livro do Êxodo (cf. Ex 21,23-35) — que pretendia ser uma lei que evitasse as vinganças implacáveis e restringir o “olho por olho”, a apologia da guerra — é definitivamente superada pela lei do amor. Nestes versículos entrega-se toda uma Carta Magna da oral crente: o amor de Deus ao próximo.

O Papa Bento XVI disse-nos: «Só o serviço ao próximo abre os meus olhos ao que Deus faz por mim e ao muito que me ama». Jesus apresenta-nos a lei de uma justiça superabundante, pois o mal não se vence causando mais dano, mas expulsando-o da nossa vida, cortando assim a sua eficácia contra nós.

Para vencer —diz-nos Jesus — é preciso ter um grande domínio interior e a suficiente claridade de saber por qual lei nos regemos: a lei do amor incondicional, gratuito e magnânimo. O amor levou-O à cruz, pois o ódio vence-se com amor. Este é o caminho da vitória, sem violência, com humildade e amor gozoso, pois Deus é Amor feito ação. E se os nossos atos procedem deste mesmo amor que não defrauda, o Pai nos reconhecerá como seus filhos. Este é o caminho perfeito, o do amor superabundante que nos põe na corrente no Reino, cuja expressão mais fiel é a sublime manifestação do transbordante amor que Deus derramou nos nossos corações pelo dom do Espírito Santo (cf. Rom 5,5).

Pensamentos para o Evangelho de hoje
«A santidade não é um luxo apenas para poucos, nem está estrita a apenas algumas pessoas. Está feita para ti, para mim e para todos» (Santa Teresa de Calcutá)

«O amor aos inimigos constitui o núcleo da "revolução cristã", que não depende dos recursos humanos, mas que é um dom de Deus. Esta é a novidade do Evangelho, que muda o mundo silenciosamente» (Bento XVI)

«(...) A doutrina de Cristo chega a exigir o perdão das ofensas. Ele estende o mandamento do amor, que é o da nova Lei, a todos os inimigos (Mt 5,43-44). A libertação, no espírito do Evangelho, é incompatível com o ódio ao inimigo, enquanto pessoa (...)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.933)

«Amar os inimigos»

Nuno Prazeres ( no site da Diocese de Leiria-Fátima)

Neste domingo, o Senhor convida-nos a subir à montanha, pedindo-nos uma mudança radical de mentalidade. Estaremos nós à altura do desafio?

Na tradição bíblica, a montanha é o lugar da presença e proximidade de Deus. Sinai, Tabor, Gólgota, numerosos são os montes que representam essa hierofania, esse lugar de encontro e de revelação divina.

Dando continuidade ao célebre Sermão da Montanha, Jesus sobe agora a fasquia e pede-nos que invertamos totalmente a lógica da violência e do ódio para dar lugar ao amor sem exclusões nem limites.  

No Evangelho de hoje, Jesus continua a apresentar as linhas programáticas da nova visão cristã, sobre a qual assenta a lógica do Reino de Deus. Mostra-nos que é preciso ir para além do que fora estabelecido pela lei e pelos profetas, abrindo um novo caminho para alcançar a verdadeira justiça e a paz que tanto desejamos.

Jesus não pede aos discípulos e aos seus ouvintes passividade no confronto com quem faz o mal. Ele pede que se reaja, não pagando na mesma moeda, mas retribuindo com um bem maior: o da misericórdia, expressão da justiça evangélica.

Oferecer a outra face, entregar o manto a quem nos quer também tirar a túnica ou acompanhar alguém por uma distância maior do que se é obrigado, não é o tipo de atitude que facilmente os discípulos e os ouvintes de Jesus estariam dispostos a ter. Conhecendo-os bem, Jesus sabe que eles anseiam por uma nova forma de entendimento, que só Ele pode oferecer. Por isso, pede-lhes que abandonem a atitude vingativa do “olho por olho, dente por dente”, do ódio no confronto com o inimigo, que eles bem conhecem. Em alternativa, propõe-lhes que desarmem aqueles que os ofendem com um gesto, uma palavra de amor e de perdão, abrindo assim caminho para a conversão e reconciliação.

Jesus reforça assim o mandamento do amor ao próximo, sendo que o próximo é de um modo especial o nosso inimigo: «Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem» (v. 44). Este é um convite para aqueles que desejem ter uma perspectiva idêntica à do próprio Deus, que ama todos, particularmente os que se encontram mais afastados d’Ele.

«Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda.» A justiça no tempo de Jesus é aplicada segundo a conhecida “Lei de Talião”. É uma lei que procura reduzir a violência, aplicando uma consequência proporcional ao dano infligido: “olho por olho e dente por dente”.

Para Jesus, o Reino de Deus tem uma nova lei, que não deve só reduzir, mas superar a violência.

Violência gera violência. Parar o ciclo de violência só é possível quando somos capazes de entrar na lógica de Jesus: e se conseguíssemos evitar totalmente a violência? Para isso, Jesus propõe-nos desarmar o agressor, não respondendo da mesma maneira, não descendo ao seu nível, mas através da não violência, adotando meios pacíficos.

Como procuro resolver os meus desentendimentos? Sou uma pessoa vingativa ou violenta? Ou procuro dialogar e responder com assertividade a quem me ofende? Vivo a Eucaristia, oferecendo a PAZ DE CRISTO a quem se encontra à minha volta?

«Dá a quem te pedir…» A mensagem de Jesus é essencialmente anúncio de felicidade. Não uma felicidade resignada, mas de luta contra a pobreza, a doença, a injustiça.

Não basta evitar o mal. O mal deve ser combatido com o bem: um médico que luta contra a doença, um operário que fabrica produtos que tornam a vida mais humana aos outros, um educador que ajuda os jovens a crescer, todos têm o direito de acreditar que realizam, modesta, mas eficazmente, o Reino de Deus.

Como encaro os problemas e as dificuldades? Cruzo os braços e deixo-me consumir com atitudes de desânimo ou desespero? Ou acredito que posso fazer a diferença com o pouco que sou e que dou de mim aos outros? Vivo a Eucaristia como DOM, entrega da minha vida ao próximo?

«Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem…» Mais uma vez, Jesus desafia-nos com a sua radicalidade e exigência, apelando à superação dos limites e à universalidade do amor: faz aos outros o que Deus te faz a ti, amando-te incondicionalmente.

Amar não é uma ingenuidade, mas uma ousadia. Como amar aquele que nos agride? Não permitindo que o ódio ou a indiferença provoquem nele o mesmo mal que condeno.

Como reajo a uma ofensa? Sou uma pessoa rancorosa? Guardo ressentimentos? Ou disponho-me a ultrapassar os desentendimentos, evitando o manter ou o escalar do mal? Vivo a Eucaristia, perdoando a quem me tem ofendido e aceitando que Deus PERDOA AS MINHAS OFENSAS?

«Sede perfeitos…» Em que consiste a perfeição a que Jesus nos chama? A perfeição não é um produto acabado, mas um processo, um projeto em construção. Somos perfeitos quando nos aproximamos de Deus, através da nossa conduta de vida, procurando o bem, evitando o mal.

Que escolhas faço no meu dia a dia? Procuro o que é mais fácil e cómodo para mim? Ou procuro dar o meu melhor, pensando primeiro nos outros? Vivo a Eucaristia, procurando ser EXTRAORDINÁRIO NAS COISAS ORDINÁRIAS?

Durante esta semana, à luz deste texto evangélico, peço a Deus que me ajude a ter algum gesto ou palavra de proximidade, de amor, de perdão para com alguém que esteja só ou a passar dificuldades ou que te tenha magoado. Rezo a Deus por essa pessoa.

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