quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

6 de janeiro: Natal

1ª Leitura (1Jo 5,5-13): Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue:  Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue). E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. Assim, são três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes. Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. Aquele que não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho. E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho, não tem a vida. Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna.

Salmo responsorial (Sl 147, 12-13.14-15.19-20)
R. Glorifica o Senhor, Jerusalém!

- Glorifica o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus! Pois reforçou com segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou; R.

- A paz em teus limites garantiu e te dá como alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens para a terra, e a palavra que ele diz corre veloz. R.

- Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos, suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum outro revelou os seus preceitos. R.

Aleluia. Abriram-se os céus, e fez-se ouvir a voz do Pai: Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós! Aleluia.

Evangelho (Mc 1,7-11): Naquele tempo, João pregava, dizendo: "Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo". Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer".

«Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado»

+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Hoje a Igreja celebra o Batismo do Senhor. Aquele dia, todas as águas do mundo foram purificadas e receberam a força para significar a limpeza do pecado. Ainda que o Batismo que administrava João tinha só um significado de conversão e de reconhecimento do nosso pecado, Jesus quis passar por aí por solidariedade com todos os homens, como Vanguardista de uma renovada Humanidade. Ele, «que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus» (2Cor 5,21). Jesus instituirá o novo Batismo que nos faz filhos de Deus Nele e nos reconciliará com o Pai: será o Cordeiro de Deus que tirará o pecado do mundo.

«Também hoje —escreve são Gregório Nazianzeno— Cristo é iluminado; deixemo-nos penetrar por esta luz divina. Cristo é batizado, baixemos com Ele a água, para subir depois com Ele». Aquele dia, no Jordão viu-se descender o Espírito Santo sobre o Senhor e ouviu-se a voz do Pai: «Tu és o meu Filho amado; em ti está meu pleno agrado» (Mc 1,11). João Paulo II comenta que «ao sair das águas da fonte sagrada, cada cristão torna a escutar a voz que um dia se ouviu perto do rio Jordão: ”Tu és o meu Filho...”; e entende que foi associado ao Filho predileto, chegando a ser filho adotivo».

São Cirilo de Jerusalém faz-nos reflexionar sobre este fato sobrenatural, dizendo-nos: «Se tu tens uma piedade sincera, sobre ti descenderá também o Espírito Santo e ouvirás a voz do Pai que vem do alto: Este não era meu filho, mas agora, depois do Batismo, foi feito filho meu». A partir deste momento todos estamos convidados a seguir o mesmo Caminho de Cristo, a conhecer a sua verdade e a viver a sua mesma Vida. Somos eleitos, consagrados e enviados para colaborar na missão apostólica. Somos também filhos amados e prediletos, e o Pai encontrará pleno agrado em cada um de nós.

“Tu és o meu Filho bem-amado; em ti encontro o meu agrado”

Tomas Hughes

Hoje, mais uma vez encontramos a figura do Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias do Advento.  Mas, na leitura de hoje, a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem viria depois dele: literalmente “atrás de mim”.  A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo.  Jesus é o mais importante, pois com a vinda dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.

Nesse texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e mais para a revelação divina que se lhe seguiu.  Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai.  A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo.  Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa como sendo o Salvador prometido e esperado.  A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.

Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai.  Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um(a) de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos.  Nada pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4, 10-11).  Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as consequências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11)  Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz.  O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).
 

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