S.
Nicolau de Bari, bispo
1ª
Leitura (Is 40,1-11): Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus
trabalhos e está perdoada a sua culpa, porque recebeu da mão do Senhor duplo
castigo por todos os seus pecados. Uma voz clama: «Preparai no deserto o
caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus. Sejam alteados
todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos
tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas. Então se manifestará a glória do
Senhor e todo o homem verá a sua magnificência, porque a boca do Senhor falou».
Uma voz dizia: «Clama». E eu respondi: «Que hei de clamar?» – «Todo o ser
humano é como a erva, toda a sua glória é como a flor do campo. A erva seca e
as flores murcham, quando o vento do Senhor sopra sobre elas. A erva seca e as
flores murcham, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente» –. Sobe ao
alto dum monte, arauto de Sião; grita com voz forte, arauto de Jerusalém;
levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá: «Eis o vosso Deus. O
Senhor Deus vem com poder, o seu braço dominará. Com Ele vem o seu prémio,
precede-O a sua recompensa. Como um pastor apascentará o seu rebanho e reunirá
os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas
ao seu descanso».
Salmo Responsorial: 95
R. O nosso Deus virá com poder e majestade.
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia a dia a sua salvação.
Publicai entre as nações a sua glória, em todos os povos as suas maravilhas. Dizei entre as nações: O Senhor é Rei. Governa os povos com equidade.
Alegrem-se os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores dos bosques.
Diante do Senhor que vem, que vem para julgar a terra: julgará o mundo com justiça e os povos com fidelidade.
Aleluia. Está próximo o dia do
Senhor; Ele vem salvar-nos. Aleluia.
Evangelho (Mt 18,12-14): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos morros, para ir à procura daquela que se perdeu? E se ele a encontrar, em verdade vos digo, terá mais alegria por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequenos».
«O Pai que está nos céus não
deseja que se perca nenhum desses pequenos»
Fr. Damien LIN Yuanheng (Singapore,
Singapura)
Hoje, Jesus nos lança um desafio:
«´´O que você acha”? (Mt 18,12); que tipo de misericórdia você pratica? Talvez
nós, “católicos praticantes”, tendo muitas vezes gostado da misericórdia de
Deus em seus sacramentos, estamos tentados a pensar que já estamos justificados
diante dos olhos de Deus. Corremos o perigo de converter-nos inconscientemente
no fariseu que menospreza ao publicano (cf. Lc 18,9-14). Mesmo que não o
digamos em voz alta, talvez pensemos que estamos livres de culpa ante Deus.
Alguns sintomas de que este orgulho farisaico cria raízes em nós podem ser a
impaciência ante os defeitos dos demais, ou pensar que as advertências nunca
vão para nós.
O “desobediente” profeta Jonas,
um judeu, se manteve inflexível quando Deus mostrou pena pelos habitantes de
Nínive. Javé rejeitou a intolerância de Jonas (cf. Jon 4,10-11). Aquela olhada
humana punha limites à misericórdia. Por acaso também nós pomos limites à
misericórdia de Deus? Devemos prestar atenção à lição de Jesus: «Seja misericordioso
como vosso Pai é misericordioso» (Lc 6,36). Com toda probabilidade, ainda nos
falta um longo caminho por percorrer para imitar a misericórdia de Deus!
Como deveríamos entender a misericórdia de nosso Pai celestial? O Papa Francisco disse que «Deus não perdoa mediante um decreto, e sim com um abraço». O abraço de Deus para com cada um de nós se chama “Jesus Cristo”. Cristo manifesta a misericórdia paternal de Deus. No capítulo quarto do Evangelho de São João, Cristo não ventila os pecados da mulher samaritana. Em lugar de disso, a divina misericórdia cura à Samaritana ajudando-a a afrontar plenamente a realidade de seu pecado. A misericórdia de Deus é totalmente coerente com a verdade. A misericórdia não é uma desculpa para rebaixar-se moralmente. No entanto, Jesus devia ter provocado seu arrependimento com muito mais ternura do que a mulher sentiu mulher adúltera “ferida pelo amor” (cf. Jo 8,3-11). Nós também devemos aprender como ajudar aos demais a encarar seus erros sem envergonhá-los, com grande respeito para com eles como irmãos em Cristo, e com ternura. No nosso caso, também com humildade, sabendo que nós mesmos somos “vasilhas de barro”.
«O Pai que está nos céus não
deseja que se perca nenhum desses pequenos»
+ Rev. D. Joaquim MONRÓS i
Guitart (Tarragona, Espanha)
Hoje, Jesus faz-nos saber que
Deus quer que todos os homens se salvem e que não deseja «que se perca nenhum
desses pequenos» (Mt 18,4). Junto à parábola do pastor que procura a ovelha
perdida, nos apresenta uma personagem que comoveu os primeiros cristãos. Na
capa do Catecismo da Igreja Católica está gravada esta figura de Jesus Bom
Pastor, que já nas catacumbas de Roma está presente entre as primeiras imagens
do Senhor.
É tão forte a vontade do Senhor
de salvar-nos, que desde essas palavras até sua entrega incondicional na Cruz,
é Cristo quem nos procura a cada um para que —livremente— voltemos à amizade
com Ele.
Do mesmo jeito que Jesus, os
cristãos devemos ter esse mesmo sentimento: que todos os homens se salvem e
cheguem ao conhecimento da verdade! Como dizia São Josemaria Escrivá, «todos
somos ovelha e pastor». Há algumas pessoas —o próprio esposo ou a esposa, os
filhos, os parentes, os amigos etc.— para os quais nós talvez sejamos a única
oportunidade para poderem recuperar a alegria da fé e da vida da graça.
Sempre podemos deixar noventa e nove por cento das coisas que estamos fazendo, para rezar e ajudar as pessoas que temos perto de nós, que amamos e que sabemos que padecem de alguma necessidade em sua alma.
Com a nossa oração e mortificação, e nossa fé amorosa, podemos dar-lhes a graça da conversão, como Santa Mônica conseguiu que seu filho Agostinho, se convertesse no “primeiro homem moderno” que sabe explicar em “Confissões” como a graça atuou nele até chegar à santidade.
Peçamos à Mãe do Bom Pastor muitas alegrias de conversões.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Onde você pasta, Pastor bom, tu que cargas sobre teus ombros o rebanho todo? Me mostra o lugar de repouso, me guia até o pasto nutritivo, chamamé por meu nome para que eu, ovelha tua, escute tua voz» (Santo Gregório de Nisa)
«Uma pessoa é consolada quando sente a misericórdia e o perdão do Senhor. A alegria da Igreja é “dar a Luz”, sair de si mesma para dar vida, ir a buscar às ovelhas que estão extraviadas» (Francisco)
« Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote cumpre o ministério do bom pastor, que busca a ovelha perdida; do bom samaritano, que cura as feridas; do Pai, que espera o filho pródigo e o acolhe ao voltar; do justo juiz, que não faz acepção de pessoa e cujo julgamento é, ao mesmo tempo, justo e misericordioso. Em suma, o sacerdote é o sinal e o instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1465)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Uma parábola não é um
ensinamento a ser recebido passivamente e a ser decorado de memória, mas é um
convite para participar na descoberta da verdade. Jesus começa perguntando: “O
que vocês acham?” Uma parábola é uma pergunta com resposta não definida. A
resposta vai depender da nossa reação e participação como ouvintes. Então,
vamos buscar a resposta desta parábola da ovelha perdida.
* Jesus conta uma história
muito breve e muito simples: um pastor tem 100 ovelhas, perde uma, deixa as 99
nas montanhas e vai em busca da ovelha perdida. E Jesus pergunta: “O que vocês
acham?” Ou seja: “Vocês fariam o mesmo?” Qual terá sido a resposta dos pastores
e das outras pessoas que ouviram Jesus contar esta história? Fariam a mesma
coisa? Qual a minha resposta à pergunta de Jesus? Pense bem antes de responder.
* Os pastores que escutaram a história de Jesus, devem ter pensado e comentado: “Só um pastor sem juízo age desse jeito!” Eles devem ter perguntado a Jesus: “Jesus, desculpe, mas quem é esse pastor de que o senhor está falando? Fazer o que ele fez é uma loucura total!”
* Jesus responde: “Esse pastor é Deus, nosso Pai, e a ovelha perdida é você!” Com outras palavras, esta loucura, quem a comete é Deus por causa do seu grande amor para com os pequenos, os pobres, os excluídos! Só mesmo um amor muito grande é capaz de cometer uma loucura assim. O amor com que Deus nos ama é maior que a prudência e o bom senso humano. O amor de Deus comete loucuras. Graças a Deus! Senão fosse assim, estaríamos perdidos.
Para um confronto pessoal
1. Coloque-se na pele da ovelha perdida e anime a sua fé e sua esperança. Você é essa ovelha!
2. Coloque-se na pele do pastor e verifique se o seu amor para com os pequenos é verdadeiro.
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