S. Afonso Rodríguez, religioso na Companhia de Jesus.
1ª
Leitura (Flp 2,1-4): Irmãos: Se há em Cristo alguma consolação, algum
conforto na caridade, se existe alguma comunhão no Espírito, alguns sentimentos
de ternura e misericórdia, então completai a minha alegria, tendo entre vós os
mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não
façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os
outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses,
mas aos interesses dos outros.
Salmo
Responsorial: 130
R. Guardai-me junto de Vós, na
vossa paz, Senhor.
Senhor, não se eleva soberbo o
meu coração, nem se levantam altivos os meus olhos. Não ambiciono riquezas, nem
coisas superiores a mim.
Aleluia. Se permanecerdes na
minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade,
diz o Senhor. Aleluia.
«Quando deres um banquete,
convida os pobres, (...), pois estes não têm como te retribuir! Receberás a
recompensa na ressurreição dos justos»
Fr. Austin Chukwuemeka IHEKWEME (Ikenanzizi, Nigeria)
Hoje, o Senhor ensina-nos o verdadeiro
sentido da generosidade cristã: o dar-se aos demais. «Quando ofereceres um
almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes,
nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua vez, e isto já
será a tua recompensa» (Lc 14,12).
O cristão move-se no mundo como
uma pessoa comum; mas o fundamento do trato com os seus semelhantes não pode
ser nem a recompensa humana nem a vanglória; deve procurar ante tudo a glória
de Deus, sem pretender outra recompensa que a do Céu. «Pelo contrário, quando
deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então
serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na
ressurreição dos justos» (Lc 14, 13-14).
O Senhor convida-nos a dar-nos incondicionalmente a todos os homens, movidos somente pelo amor a Deus e ao próximo pelo Senhor. «Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto» (Lc 6,34).
Isto é assim porque o Senhor ajuda-nos a entender que se nos damos generosamente, sem esperar nada em troca, Deus nos pagará com uma grande recompensa e nos fará seus filhos prediletos. Por isto, Jesus nos diz: «Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo» (Lc 6-35).
Peçamos à Virgem a generosidade de saber fugir de qualquer tendência ao egoísmo, como seu Filho. «Egoísta! Tu, sempre tu, sempre o que é "teu".— Pareces incapaz de sentir a fraternidade de Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês degraus (...)» (São Josemaria).
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje dá continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus.
* Lucas 14,12: Convite interesseiro. Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois se sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.
* Lucas 14,13-14: Convite desinteressado. Jesus diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
* É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.
Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
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