quarta-feira, 22 de junho de 2022

Sábado da Semana XIII do Tempo Comum

Festa da Virgindade Perpétua de Nossa Senhora

1ª Leitura (Am 9,11-15): Eis o que diz o Senhor: «Naquele dia voltarei a erguer a tenda arruinada de David, repararei as suas brechas, restaurarei as suas ruínas e reconstrui-la-ei como nos tempos de outrora. Assim poderão conquistar o resto de Edom e de todas as nações em que o meu nome foi proclamado, – diz o Senhor, que cumprirá a sua palavra –. Dias virão – diz o Senhor – em que o homem que lavra seguirá de perto o que ceifa e o que pisa as uvas seguirá de perto aquele que planta. O vinho novo jorrará dos montes e escorrerá das colinas. Farei voltar os cativos do meu povo de Israel: eles reconstruirão as cidades devastadas e habitarão nelas, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, cultivarão pomares e comerão os seus frutos. Plantá-los-ei na sua terra e não mais serão arrancados da terra que Eu lhes dei» – diz o Senhor, teu Deus.

Salmo Responsorial: 84
R. O Senhor anuncia a paz ao seu povo.

Escutemos o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quantos de coração a Ele se convertem.

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu.

O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.

Aleluia. As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Aleluia.

Evangelho (Mt 9,14-17): Aproximaram-se de Jesus os discípulos de João e perguntaram: «Por que jejuamos, nós e os fariseus, ao passo que os teus discípulos não jejuam?». Jesus lhes respondeu: «Acaso os convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão. Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam».

«Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão»

Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona, Espanha)

Hoje notamos os novos tempos que se iniciam com Jesus, a sua nova doutrina que é ensinada com autoridade, e, como todas as coisas novas, vemos como elas chocam e questionam a realidade e os valores dominantes na sociedade. Assim, nas páginas que precedem o Evangelho que estamos contemplando, vemos a Jesus perdoando os pecados, o paralítico sendo curado e, ao mesmo tempo, acompanhamos como isso escandaliza os fariseus. Vemos também Jesus, chamado à casa de Mateus, o cobrador de impostos, comendo com eles outros publicanos e pecadores, o que fez os fariseus “subir pelas paredes”. No Evangelho de hoje são os discípulos de João que se aproximam de Jesus porque não compreendem que Ele e seus discípulos não jejuem.

Jesus que nunca deixa a ninguém sem resposta, lhes dirá: «Acaso os convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão» (Mt 9,15). O jejum era, e é, uma prática penitencial que contribui para «adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração» (Catecismo da Igreja Católica, n. 2043) e a implorar à misericórdia divina. Mas nesses momentos, a misericórdia e o amor infinito de Deus estavam no meio deles com a presença de Jesus, o Verbo Encarnado. Como podiam jejuar? Só havia uma atitude possível: a alegria, o gozo pela presença de Deus feito homem. Como poderiam jejuar se Jesus havia revelado uma maneira nova de relacionar-se com Deus, um espírito novo que rompia com todas aquelas maneiras antigas de viver?
 
Hoje Jesus está: «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,20) e também não está, porque voltou ao Pai e por isso clamamos: Vem Senhor Jesus!

Estamos vivendo tempos de expectativa. Por isso, convém renovar-nos a cada dia, com o espírito novo de Jesus, desprendendo-nos de nossas rotinas, jejuando de tudo aquilo que nos impeça de avançar a uma identificação plena com Cristo, à santidade. «Justo é nosso choro —nosso jejum— se queimamos em desejos de vê-lo» (Santo Agostinho).

À Santa Maria, supliquemos que nos outorgue as graças que necessitamos para viver a alegria de nos sabermos filhos amados de Deus.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* Mateus 9,14: A pergunta dos discípulos de João em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que Jesus não insiste no jejum: "Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?"

* Mateus 9,15: A resposta de Jesus. Jesus responde com uma comparação em forma de pergunta: “Vocês acham que os amigos do noivo podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles?” Jesus associa o jejum com luto, e ele se considera o noivo. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Não precisam nem podem jejuar. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Será um dia de luto. Aí, se quiserem, poderão jejuar. Jesus alude à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.

* Mateus 9,16-17: Vinho novo em odre novo! Nestes dois versículos, o evangelho de Mateus traz duas sentenças soltas de Jesus sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo. Estas palavras jogam uma luz sobre as discussões e conflitos de Jesus com as autoridades religiosas da época. Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Tanto os discípulos de João como os fariseus, os dois procuravam renovar a religião. Na realidade, porém, faziam apenas remendos e, por isso, corriam o perigo de comprometer e estragar tanto a novidade deles como os costumes antigos. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Mateus traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes da vinda de Jesus. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Não se pode reler o Vaticano II com mentalidade pré-conciliar, como alguns procuram fazer hoje.

Para um confronto pessoal
1. Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?

2. Como entender a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua comunidade hoje?

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