Salmo
Responsorial: Dn 3
R. Digno é o Senhor de louvor
e de glória para sempre.
Bendito sejais, Senhor, Deus dos
nossos pais: digno de louvor e de glória para sempre. Bendito o vosso nome
glorioso e santo: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no templo santo da
vossa glória: digno de louvor e de glória para sempre. Bendito sejais no trono
da vossa realeza: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais, Vós que sondais
os abismos e estais sentado sobre os Querubins: digno de louvor e de glória
para sempre. Bendito sejais no firmamento do céu: digno de louvor e de glória
para sempre.
Felizes os que recebem a
palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela
perseverança.
Evangelho
(Jo 8,31-42): Jesus, então, disse aos judeus que acreditaram nele: «Se
permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis
a verdade, e a verdade vos tornará livres». Eles responderam: «Nós somos
descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer:
‘Vós vos tornareis livres’?» Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos
digo: todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado. O escravo não
permanece para sempre na casa, o filho nela permanece para sempre. Se, pois, o
Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. Bem sei que sois
descendentes de Abraão. No entanto, procurais matar-me, porque minha palavra
não encontra espaço em vós. Eu falo do que vi junto do Pai; e vós fazeis o que
ouvistes do vosso pai». Eles responderam: «Nosso pai é Abraão». Jesus, então,
lhes disse: «Se fôsseis filhos de Abraão, praticaríeis as obras de Abraão!
Agora, no entanto, procurais matar-me, porque vos falei a verdade que ouvi de
Deus. Isto Abraão não fez. Vós fazeis as obras do vosso pai». Eles disseram
então a Jesus: «Nós não nascemos da prostituição. Só temos um pai: Deus». Jesus
respondeu: «Se Deus fosse vosso pai, certamente me amaríeis, pois é da parte de
Deus que eu saí e vim. Eu não vim por conta própria; foi ele quem me enviou».
«Se Deus fosse vosso Pai,
certamente me amaríeis»
Pe. Givanildo dos SANTOS Ferreira
(Brasília, Brasil)
Como descendiam de Abraão segundo
a carne, esses tais discípulos de Jesus consideravam-se acima não somente dos
gentios que viviam longe da fé, mas também acima de qualquer discípulo não
judeu partícipe da mesma fé. Diziam eles: «Nós somos descendentes de Abraão» (Jo
8,33); «nosso pai é Abraão» (v. 39); «só temos um pai, Deus» (v. 41). Apesar de
serem discípulos de Jesus, temos a impressão de que Jesus nada representava
para eles, nada acrescentava ao que já possuíam. Mas é aí mesmo que se encontra
o grande erro de todos eles. Os verdadeiros filhos não são os descendentes
segundo a carne, mas os herdeiros da promessa, isto é, aqueles que creem (cf.
Rom 9,6-8). Sem a fé em Jesus não é possível que alguém alcance a promessa de
Abraão. Assim sendo, entre os discípulos, "não há judeu ou grego; não há
escravo ou livre; não há homem ou mulher", porque todos são irmãos pelo
batismo (cf. Gal 3,27-28).
Não nos deixemos seduzir pelo
orgulho espiritual. Os judaizantes se consideravam superiores aos outros
cristãos. Não é necessário falar, aqui, dos irmãos separados. Mas pensemos em
nós mesmos. Quantas vezes alguns católicos se consideram melhores do que os
outros católicos porque seguem este ou aquele movimento, porque observam esta
ou aquela disciplina, porque obedecem a este ou àquele uso litúrgico. Uns,
porque são ricos; outros, porque estudaram mais. Uns, porque ocupam cargos
importantes; outros, porque vêm de famílias nobres. «Gostaria que cada um
sentisse a alegria de ser cristão... Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e
sobretudo nos momentos difíceis» (Bento XVI).
«Conhecereis a verdade, e a
verdade vos tornará livres»
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa,
Barcelona, Espanha)
O Senhor assegura-nos que se
perseveramos na sua palavra, conheceremos a verdade e, a verdade nos fará
livres (cf. Jo 8,32). Dizer a verdade não sempre é fácil. Quantas vezes se nos
escapam pequenas mentiras, dissimulamos, fazemos como se não ouvíssemos? Não
podemos enganar a Deus. Ele vê-nos, nos contempla, nos ama e nos acompanha no
nosso dia a dia. No oitavo mandamento ensina-nos que não podemos fazer falsos
testemunhos, nem dizer mentiras, por pequenos que sejam, ainda que podem
parecer insignificantes. Tampouco tem cabimento as mentiras “de piedade”. «Seja
o vosso sim, sim, e o vosso não, não» (Mt 5,37), nos diz Jesus em outro
momento. A liberdade, esta tendência ao bem, está muito relacionada com a
verdade. Algumas vezes não somos suficientes livres porque na nossa vida há
como um duplo fundo, não somos claros. Temos de ser contundentes. O pecado da
mentira nos escraviza.
«Se Deus fosse vosso Pai,
certamente me amaríeis» (Jo 8,42), diz o Senhor. Como se concreta nosso
interesse diário por conhecer o Mestre? Com que devoção lemos o Evangelho, por
pouco que seja o tempo de que dispomos? Que posso deixar na minha vida, no meu
dia? Os que me veem poderiam dizer que leio a vida de Cristo?
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que morte mais fatal para a alma
do que a liberdade de errar?» (Santo Agostinho)
«“Libertação” significa
transformação interior do homem, como consequência do conhecimento da verdade.
A transformação é, então, um processo espiritual no qual o homem amadurece na
verdadeira justiça e santidade» (São João Paulo II)
«Quanto mais o homem fizer o bem,
mais livre se torna. Não há verdadeira liberdade senão no serviço do bem e da
justiça. A opção pela desobediência e pelo mal é um abuso da liberdade e conduz
à escravidão do pecado (31)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.733)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* João 8,31-32: A liberdade
que nasce da fidelidade à palavra de Jesus. Jesus afirma aos judeus:
"Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos;
conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês". Ser discípulo de Jesus
é o mesmo que abrir-se para Deus. As palavras de Jesus são na realidade
palavras de Deus. Elas comunicam a verdade, pois fazem conhecer as coisas do
jeito que elas são aos olhos de Deus e não aos olhos dos fariseus. Mais tarde,
durante a última Ceia, Jesus ensinará a mesma coisa aos discípulos.
* João 8,33-38: O que é ser
filho e filha de Abraão? A reação dos judeus é imediata: "Nós somos
descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer:
'vocês ficarão livres'?” Jesus rebate fazendo uma distinção entre filho e
escravo e diz: "Quem comete o pecado, é escravo do pecado. O escravo não
fica para sempre na casa, mas o filho fica aí para sempre. Por isso, se o Filho
os libertar, vocês realmente ficarão livres”. Jesus é o filho e vive na casa do
Pai. O escravo não vive na casa. Viver fora de casa, fora de Deus, é viver em
pecado. Se eles aceitarem a palavra de Jesus poderão tornar-se filhos e terão a
liberdade. Deixarão de ser escravos. E Jesus continua: “Eu sei que vocês são
descendentes de Abraão; no entanto, estão procurando me matar, porque minha
palavra não entra na cabeça de vocês”. Em seguida aparece bem clara a
distinção: “Eu falo das coisas que vi junto do Pai; vocês também devem fazer
aquilo que ouvem do pai de vocês”. Jesus lhes nega o direito de dizer que são
filhos de Abraão, pois as obras deles dizem o contrário.
* João 8,39-41a: Um filho de
Abraão pratica as obras de Abraão. Eles insistem em afirmar: “Nosso Pai è
Abraão!” como se quisessem apresentar a Jesus o documento de sua identidade.
Jesus rebate: "Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão.
Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz, foi dizer a verdade que
ouvi junto de Deus. Isso Abraão nunca fez. Vocês fazem a obra do pai de vocês”.
Nas entrelinhas, ele sugere que o pai deles é satanás (Jo 8,44). Sugere que são
filhos da prostituição.
* João 8,41b-42: Se Deus fosse
pai de vocês, vocês me amariam, porque eu saí de Deus. Usando palavras
diferentes, Jesus repete a mesma verdade: “Quem é de Deus escuta as palavras de
Deus”. A origem desta afirmação vem de Jeremias que disse: “Colocarei minha lei
em seu peito e a escreverei em seu coração; eu serei o Deus deles, e eles serão
o meu povo. Ninguém mais precisará ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: "Procure
conhecer a Javé". Porque todos, grandes e pequenos, me conhecerão -
oráculo de Javé. Pois eu perdôo suas culpas e esqueço seus erros” (Jr
31,33-34). Mas eles não se abriram para esta nova experiência de Deus, e por
isso não reconhecem Jesus como o enviado do Pai.
Para um confronto pessoal
1) Liberdade que se
submete totalmente ao Pai. Existe algo assim em você? Conhece pessoas assim?
2) Qual a experiência mais
profunda em mim que me leva a reconhecer Jesus como o enviado de Deus?
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