Salmo
Responsorial: 125
R. Grandes maravilhas fez por
nós o Senhor.
Quando o Senhor fez regressar os
cativos de Sião, parecia-nos viver um sonho. Da nossa boca brotavam expressões
de alegria e de nossos lábios cânticos de júbilo.
Diziam então os pagãos: «O Senhor
fez por eles grandes coisas». Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor, estamos
exultantes de alegria.
Fazei regressar, Senhor, os
nossos cativos, como as torrentes do deserto. Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.
À ida, vão a chorar, levando as
sementes; à volta, vêm a cantar, trazendo os molhos de espigas.
2ª
Leitura (Flp 3,8-14): Irmãos: Considero todas as coisas como prejuízo,
comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por
Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a
Cristo e n’Ele me encontrar, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a
que se recebe pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se funda na fé.
Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos
seus sofrimentos, configurando-me à sua morte, para ver se posso chegar à
ressurreição dos mortos. Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha
atingido a perfeição. Mas continuo a correr, para ver se a alcanço, uma vez que
também fui alcançado por Cristo Jesus. Não penso, irmãos, que já o tenha
conseguido. Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me
para a frente, continuar a correr para a meta, em vista do prémio a que Deus,
lá do alto, me chama em Cristo Jesus.
Convertei-vos a Mim de todo o
coração, diz o Senhor; porque sou benigno e misericordioso.
Evangelho
(Jo 8,1-11): Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou
ao templo, e todo o povo se reuniu ao redor dele. Sentando-se, começou a
ensiná-los. Os escribas e os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em
adultério. Colocando-a no meio, disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi
flagrada cometendo adultério. Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar tais
mulheres. E tu, que dizes?». Eles perguntavam isso para experimentá-lo e ter
motivo para acusá-lo. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever no chão, com
o dedo. Como insistissem em perguntar, Jesus ergueu-se e disse: «Quem dentre
vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!». Inclinando-se de novo,
continuou a escrever no chão. Ouvindo isso, foram saindo um por um, a começar
pelos mais velhos. Jesus ficou sozinho com a mulher que estava no meio, em pé.
Ele levantou-se e disse: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela
respondeu: «Ninguém, Senhor!» Jesus, então, lhe disse: «Eu também não te
condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais».
«Eu também não te condeno»
Pe. D. Pablo ARCE Gargollo (Cidade do México, México)
É de chamar a atenção a
serenidade e inclusive o bom humor que vemos em Jesus Cristo, mesmo em momentos
que, para outros, são de grande tensão. É um ensinamento prático para cada um
de nós, nestes nossos dias de vertiginosa velocidade em que nos inquietam os
nervos em um bom número de ocasiões.
A fuga sigilosa e divertida dos
acusadores nos recorda de que quem julga é apenas Deus e que todos nós somos
pecadores. Em nossa vida diária, por ocasião do trabalho, nas relações
familiares ou de amizade, fazemos juízos de valor. Mas algumas vezes nossos
juízos são errôneos e obscurecem a boa reputação dos demais. Trata-se de uma
verdadeira injustiça que nos obriga a reparar, tarefa nem sempre fácil. Ao
contemplar Jesus em meio a essa “matilha” de acusadores, entendemos muito bem o
que assinalou Santo Tomás de Aquino: «A justiça e a misericórdia estão tão
unidas que uma sustenta a outra. A justiça sem misericórdia é crueldade; e a
misericórdia sem justiça é ruína, destruição».
Temos de nos encher de alegria ao
saber, com certeza, que Deus perdoa-nos tudo, absolutamente tudo, no sacramento
da confissão. Nestes dias de Quaresma, temos a oportunidade magnífica de
acorrer a quem é rico em misericórdia no sacramento da reconciliação.
Além disso, um propósito concreto
para o dia de hoje: ao ver os demais, direi, no interior de meu coração, as
mesmas palavras de Jesus: «Eu também não te condeno» (Jo 8,11).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Como podem os pecadores cumprir
a Lei e castigar a aquela mulher? Que cada um se olhe a si mesmo, entre no seu
interior e se apresente ao tribunal do seu coração e da sua consciência, e será
obrigado a confessar-se pecador» (Santo Agostinho)
«O Deus Redentor, o Deus terno,
sofre por causa da dureza do coração» (Francisco)
«O amor, como o Corpo de Cristo,
é indivisível: nós não podemos amar a Deus, a quem não vemos, se não amarmos o
irmão ou a irmã, que vemos. Recusando perdoar aos nossos irmãos ou irmãs, o
nosso coração fecha-se, a sua dureza torna-o impermeável ao amor misericordioso
do Pai (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.840)
Quem de entre vós estiver sem
pecado, atire a primeira pedra.
P. Américo – do site Domus Iesu
* Atirar com pedras é cómodo
- O julgar-se perfeito é a doença de quem não se olha ao espelho. Todos os
rostos têm as suas rugas e, por detrás de uma fachada restaurada, esconde-se
sempre uma mancha negra. E, no entanto, o sentido da culpa agita-se dentro de
cada um de nós. Há um sentido de culpa exasperado feito de formalismo
legalístico, de formas inconscientes, de educação frustrante. Mas há também um
sentido de culpa que põe o dedo na ferida. As chagas queimam e causam arrepios:
mesmo aquelas que dizem respeito a toda a sociedade... A prostituição, a
delinquência juvenil, a droga, as raparigas-mães... Há a responsabilidade
pessoal de quem se deixa desfrutar e a responsabilidade de quem desfruta; é uma
sociedade sem valores. Os valores faltam também em nós (não é só nos outros),
mas é mais cómodo tirarmos o peso desta crise de valores indo à procura de
bodes expiatórios. E é fácil encontrá-los. A satisfação de atirar a pedra
faz-nos esquecer quem somos, descartando a nossa responsabilidade e sentido de
culpa..., Mas não se trata apenas deste fenómeno em grande escala. A satisfação
de poder dizer que não se é como a vizinha de casa ou como o colega de
repartição, é realidade de todos os dias; como quando, de regresso da missa
dominical, olhamos com desconfiança para quem da vida só teve situações
humilhantes e que continua a pagar na solidão os erros da vida. O desprezo para
com eles é, para Cristo, uma acusação contra nós próprios e os seus sofrimentos
tornam-se sofrimentos de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO