S. João de Brito, Presbítero e Mártir
Sta Joana de Valois, viúva e religiosa
Bto Maria-Eugênio do Menino Jesus, Presbítero
de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 17
R. Bendito seja Deus,
meu salvador.
O caminho de Deus é perfeito, a palavra do Senhor é provada.
Deus é um escudo protetor para todos os que n’Ele confiam.
Viva o Senhor, bendito seja o meu protetor; exaltado seja
Deus, meu salvador, que me libertou da ira dos meus inimigos e me salvou dos
homens violentos.
Senhor, eu Vos louvarei entre os povos e cantarei salmos ao
vosso nome. O Senhor dá ao seu Rei grandes vitórias e usa de bondade para com o
seu Ungido.
Aleluia. Felizes os que recebem a palavra de Deus de coração sincero e
generoso e produzem fruto pela perseverança. Aleluia.
Evangelho (Mc 6,14-29): O rei Herodes ouviu falar
de Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado muito conhecido. Até se dizia:
«João Batista ressuscitou dos mortos, e é por isso que atuam nele essas forças
milagrosas!» Outros diziam: «É Elias!» Ainda outros: «É um profeta como um dos
antigos profetas». Depois de ouvir isso, Herodes dizia: «Esse João, que eu
mandei decapitar, ressuscitou». De fato, Herodes tinha mandado prender João e
acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe,
com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é
permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e
queria matá-lo, mas não conseguia, pois Herodes temia João, sabendo que era um
homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas
ficava desconcertado. Finalmente, chegou o dia oportuno. Por ocasião de seu
aniversário, Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes da corte, os
chefes militares e os grandes da Galileia. A filha de Herodíades entrou e
dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à moça:
«Pede-me o que quiseres, e eu te darei». E fez até um juramento: «Eu te darei
qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu
e perguntou à mãe: «Que devo pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João
Batista». Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: «Quero que me dês
agora, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou muito triste, mas, por
causa do juramento e dos convidados, não quis faltar com a palavra.
Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco
foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça, trouxe-a num prato e deu à moça. E
ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram
e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura.
«O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado
muito conhecido.»
+ Rev. D. Ferran BLASI
i Birbe (Barcelona, Espanha)
João, o precursor, que tinha sido enviado por Deus antes que
Jesus, com o seu martírio, precedeu-o também na Sua paixão e morte. Foi também
uma morte injustamente atribuída a um homem santo, por parte do tetrarca
Herodes, seguramente contrariado, pois ele apreciava-o e escutava-o com
respeito. Mas, por fim, João era claro e firme com o rei quando lhe critica a
sua conduta merecedora de censura, pois não lhe era lícito tomar como esposa a
Herodias, a mulher do seu irmão.
Herodes tinha cedido ao pedido que lhe tinha feito a filha
de Herodias, instigada pela sua mãe, quando, num banquete —depois da dança que
tinha agradado ao rei— perante os convidados, jurou à bailarina dar-lhe tudo o
que lhe pedisse. «Que lhe peço?», pergunta à sua mãe que lhe responde: «A
cabeça de João Batista» (Mc 6,24). E o reizinho manda executar a Batista. Era
um juramento que de nenhuma forma o obrigava, pois era coisa má, contra a
justiça e contra a consciência.
Uma vez mais, a experiência ensina que uma virtude deve
estar unida a todas as outras, e todas hão de crescer de maneira orgânica, como
os dedos de uma mão. E também que quando se incorre num vício, prosseguem-se os
outros.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«São João morreu por Cristo, quem é a Verdade. Justamente,
por amor a verdade, não reduz seu compromisso e não tem temor a dirigir
palavras fortes para aqueles que tinham perdido o caminho de Deus» (São
Venerável Beda)
«João não tem medo dos juízos humanos, as persecuções, as
calúnias nem da morte, pois, tem uma consciência clara de sua missão. A vida do
Batista se resume na necessidade de obedecer a Deus antes que aos homens»
(Bento XVI)
«Na linha dos profetas e de João Batista, Jesus anunciou, em
sua pregação, o juízo do último dia. Serão então revelados a conduta de cada um
e o segredo dos corações. Será também condenada a incredulidade culpada que fez
pouco da graça oferecida por Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n° 678)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Marcos 6,14-16.
Quem é Jesus? - O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de
Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o
identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus,
que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar
a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das
coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo
dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e
esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes.
Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
* Marcos 6,17-20. A
causa do assassinato de João. - Galileia, terra de Jesus, era governada por
Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39
depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não
houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de
tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência,
falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem
mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano.
Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia
sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A
preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia
qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que
o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante
popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade
era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a
gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A
trama do assassinato. - Aniversário e banquete de festa, com danças e
orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a
presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”.
É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta,
era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob
pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral
de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No
entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem
dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento.
Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha
da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às
comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
Para um confronto
pessoal
1. Você conhece
casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos
poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de
autoritarismo?
2. Herodes, o
poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso
com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um
bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o
exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e
civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
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