Salmo
Responsorial: 91
R. É bom louvar o Senhor.
É bom louvar o Senhor e cantar
salmos ao vosso nome, ó Altíssimo, proclamar pela manhã a vossa bondade e
durante a noite a vossa fidelidade.
O justo florescerá como a
palmeira, crescerá como o cedro do Líbano: plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.
Mesmo na velhice dará o seu
fruto, cheio de seiva e de vigor, para proclamar que o Senhor é justo: n’Ele,
que é o meu refúgio, não há iniquidade.
2ª
Leitura (1Cor 15,54-58): Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se
tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se
realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte,
onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da
morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos
dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos,
permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor,
sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.
Aleluia. Vós brilhais como
estrelas no mundo, ostentando a palavra da vida. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,39-45): Naquele tempo, Jesus contou a seus discípulos uma
parábola: «Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco? O
discípulo não está acima do mestre; todo discípulo bem formado será como o
mestre. Por que observas o cisco que está no olho do teu irmão, e não reparas
na trave que está no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão,
deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando não percebes a trave que está no
teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave que está no teu olho e,
então, enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. Não existe
árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Cada árvore
se reconhece pelo seu fruto. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de
urtigas. Quem é bom tira coisas boas do tesouro do seu coração, que é bom; mas
quem é mau tira coisas más do seu tesouro, que é mau. Pois a boca fala daquilo
de que o coração está cheio».
«Todo discípulo bem formado
será como o mestre»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Sim, todos -queiramos ou não- com
nosso comportamento, temos a oportunidade de ser modelo estimulante para os que
nos rodeiam. Pensemos, por exemplo, na ascendência que os pais têm sobre os
filhos, os professores sobre os alunos, as autoridades sobre os cidadãos, etc.
O cristão, no entanto, deve ter uma consciência particularmente viva a respeito
de tudo isto. Mas... «Pode um cego guiar outro cego?» (Lc 6,39).
Para nós, cristãos, é uma chamada
de atenção aquilo que os judeus e as primeiras gerações de cristãos falavam de
Jesus Cristo: «Ele fez bem todas as coisas» (Mc 7,37); «O Senhor começou fazer
e ensinar» (At 1,1).
Devemos tentar fazer em obras
tudo aquilo que cremos e professamos de palavra. Numa ocasião, o Papa Bento
XVI, quando ainda era Cardeal Ratzinger, afirmava que «o perigo mais grave, são
os cristãos adaptados», portanto, é o caso das pessoas que de palavra se
professam católicas, mas na prática, com seu comportamento, não demonstram o
radical próprio do Evangelho.
Ser radical, não é ser fanático
(já que a caridade é paciente e tolerante) nem exagerado (pois, no amor não é
possível exagerar). Como afirmou São João Paulo II, «o Senhor crucificado é um
testemunho insuperável de amor paciente e mansa humildade»: não se trata de um
fanático nem de um exagerado. Mas é radical até dizer como o centurião que
assistiu sua morte «Na verdade, este homem era um justo» (Lc 23,47).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Parece, de fato, que o
conhecimento de si próprio é o mais difícil de todos. Nem o olho que vê as
coisas do exterior, se vê a si próprio, e até o nosso entendimento, sempre
pronto a julgar o pecado nos outros, é lento a aperceber-se dos seus próprios
defeitos» (São Basílio, o Grande)
«A vida de Cristo converte-se na
nossa; recebemos uma nova forma de ser: podemos pensar como Ele, agir como Ele,
ver o mundo e as coisas através dos olhos de Jesus» (Francisco)
«O exercício de todas as virtudes
é animado e inspirado pela caridade. Esta é o «vínculo da perfeição» (Cl 3, 14)
é a forma das virtudes: articula-as e ordena-as entre si; é a fonte e o termo
da sua prática cristã. A caridade assegura e purifica a nossa capacidade humana
de amar e eleva-a à perfeição sobrenatural do amor divino» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 1.827)
A boca fala do que há no
coração
Do site "Domus Iesu"
A árvore conhece-se pelos frutos
«Para o cristianismo, a moral não
é autónoma, não é independente, não se justifica por si mesma (como se fosse
uma ética republicana qualquer), mas tem o seu fundamento na sua resposta às
exigências do Evangelho. As exigências morais duma vida em conformidade com o
Evangelho são expressas numa série de "ditos" (sentenças) do Senhor
que o evangelista Mateus reuniu no chamado "Discurso da Montanha" e
que Lucas resume no "discurso da planície"».
«Esses discursos devem ser lidos
sobretudo como o juízo de Deus sobre nós. E descobrimos logo que eles exigem de
nós uma mudança radical. Não exigem apenas que nos comportemos de maneira
diferente neste ou naquele pormenor ou setor particular, mas que reorientemos a
profundidade da pessoa nas próprias fontes do agir. Ou seja, cada preceito
particular põe em questão toda a vida; revela a força incondicional das
exigências divinas. Diante desses preceitos, não podemos ufanar-nos de nós
mesmos; obrigam-nos, ao contrário, a medir quanto esteja distante o que de
melhor possamos fazer do quanto Deus nos pede. Eles são a verdadeira norma
"objetiva" que serve de medida. Por isso, são um apelo a uma contínua
conversão».
* Apelo a um êxodo contínuo
«Os preceitos do Senhor
revestem-se, para além disso, de um novo aspeto: tornam-se como que as
"indicações de marcha" ou sinais no caminho que devemos percorrer.
Deste ponto de vista, os ensinamentos morais de Jesus diferem nitidamente da
maior parte do ensinamento rabínico do seu tempo, cujo objetivo era sobretudo
fornecer um quadro completo de regras e prescrições, de maneira que o indivíduo
soubesse como confirmar a sua conduta, em qualquer situação em que se
encontrasse à lei de Deus».
«Os ensinamentos de Jesus, em
linha de princípio, não são normas imediatamente aplicáveis, sem qualquer
margem de dúvida, mas revestem-se quase sempre de uma formulação paradoxal.
Ora, se apresentam um aspeto paradoxal é porque estão estritamente ligadas a
uma resposta ao anúncio na fé. Levam-nos a tomar consciência da originalidade
duma opção que não corresponde ao proceder espontâneo/instintivo do homem».
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