Bto Ãngelo Paoli, Presbítero de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 55
R. Em Deus confio e
nada temo.
Compadecei-Vos de mim, Senhor, porque os homens me calcam
aos pés e lutam sem descanso para me oprimir. Os meus inimigos esmagam-me sem
tréguas são tantos, ó Altíssimo, os que me fazem guerra.
Vós contastes os passos da minha vida errante e recolhestes
as minhas lágrimas. Recuarão os meus inimigos, no dia em que eu Vos invocar.
Bem sei que Deus está por mim; e eu enalteço a palavra de
Deus, enalteço a promessa do Senhor.
Em Deus confio e nada temo: que poderão fazer-me os homens?
Meu Deus, hei de cumprir as minhas promessas, oferecer-Vos-ei sacrifícios de ação
de graças.
Aleluia. Jesus Cristo, nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a
vida por meio do Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Mc 3,7-12): Jesus, então, com seus
discípulos, retirou-se em direção ao lago, e uma grande multidão da Galileia o
seguia. Também veio a ele muita gente da Judéia e de Jerusalém, da Iduméia e de
além do Jordão, e até da região de Tiro e Sidônia, porque ouviram dizer quanta
coisa ele fazia. Ele disse aos discípulos que providenciassem um barquinho para
ele, a fim de que a multidão não o apertasse. Pois, como tivesse curado a
muitos, aqueles que tinham doenças se atiravam sobre ele para tocá-lo. E os
espíritos impuros, ao vê-lo, caíam a seus pés, gritando: «Tu és o Filho de
Deus». Mas ele os repreendeu, proibindo que manifestassem quem ele era.
«Uma grande multidão da Galileia o seguia. Também veio a ele muita
gente da Judéia e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e até da região
de Tiro e Sidônia»
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes de Freser, Girona, Espanha)
No Evangelho de hoje vemos como «uma grande multidão da Galileia»
e também muita gente procedente de outros lugares (cf. Mc 3,7-8) se aproximam
do Senhor. E Ele acolhe e procura o bem para todos, sem exceção. Devemos ter isso
muito presente durante o oitavário de oração pela unidade dos cristãos.
Apercebamo-nos como, no decorrer dos séculos, os cristãos
nos dividimos em católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, e um largo etecetera
de confissões cristãs. Pecado histórico contra uma das notas essenciais da
Igreja: a unidade.
Mas aterremos na nossa realidade eclesial de hoje. A da
nossa diocese, a da nossa paroquia. A do nosso grupo cristão. Somos realmente
uma só coisa? Realmente a nossa relação de unidade é motivo de conversão para
os afastados da Igreja? «Que todos sejam um, para que o mundo acredite» (Jo
17,21), pede Jesus ao Pai. Este é o reto. Que os pagãos vejam como se relaciona
um grupo de crentes que, congregados pelo Espirito Santo na Igreja de Cristo,
têm um só coração e uma só alma (cf. At 4,32-34).
Recordemos que, como fruto da Eucaristia —em simultâneo com
a união de cada um com Jesus— deve manifestar-se a unidade da Assembleia pois,
alimentamo-nos do mesmo Pão para sermos um só corpo. Portanto, o que significam
os sacramentos, e a graça que contêm, exige de nós gestos de comunhão para com
os outros. A nossa conversão é à unidade trinitária (o qual é um dom que vem do
alto) e a nossa tarefa santificadora não pode obviar os gestos de comunhão, de
compreensão, de acolhimento e de perdão para com os demais.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Este é o caminho pelo que chegamos à salvação: Jesus
Cristo. Por Ele, podemos elevar nossa mirada até o alto dos céus; por Ele,
vemos como num espelho a face imaculado e excelso de Deus» (São Clemente
Romano)
«Sua pessoa [Jesus] não é outra coisa que amor. Os signos
que realiza, sobretudo para os pecadores, para as pessoas pobres, excluídas,
doentes e sofredores levam consigo o distintivo da misericórdia» (Francisco)
«Ao liberar algumas pessoas de males terrestres -fome,
injustiça, doença, morte-, Jesus operou sinais messiânicos. Ele, no entanto,
não veio para abolir todos os males da terra, mas para liberar os homens da
mais grave das escravidões, a do pecado (Catecismo da Igreja Católica, n°549)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* Um resumo da ação
evangelizadora de Jesus. Os versículos do evangelho de hoje (Mc 3,7-12) são
um resumo da atividade de Jesus e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes,
em Mc 2,1 a 3,6, só se falou em conflitos, inclusive em conflito de vida e
morte entre Jesus e as autoridades civis e religiosas da Galileia (Mc 3,1-6). E
aqui no resumo, aparece o contrário: um movimento popular imenso, maior que o
movimento de João Batista, pois veio gente não só da Galileia, mas também da
Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, da Transjordânia e até da região pagã de Tiro
e Sidônia para encontrar-se com Jesus! (Mc 3,7-12). Todos querem vê-lo e tocar
nele. É tanta gente, que o próprio Jesus fica preocupado. Ele corre o perigo de
ser esmagado pelo povo. Por isso, pediu aos discípulos para manter um barco à
disposição a fim de que o povo não o apertasse. E do barco falava à multidão.
Eram sobretudo os excluídos e os marginalizados que vinham a ele com seus
males: os doentes e os possessos. Estes, que não eram acolhidos na convivência
social da sociedade da época, são acolhidos por Jesus. Eis o contraste: de um
lado, a liderança religiosa e civil que decide matar Jesus (Mc 3,6); do outro
lado, um movimento popular imenso que busca a salvação em Jesus. Quem vai
ganhar?
* Os espíritos
impuros e Jesus. A insistência de Marcos na expulsão dos demônios é muito
grande. O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um demônio (Mc 1,25). O
primeiro impacto que Jesus causa no povo é por causa da expulsão dos demônios
(Mc 1,27). Uma das principais causas da briga de Jesus com os escribas é a
expulsão dos demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os apóstolos vão receber
quando são enviados em missão é o poder de expulsar os demônios (Mc 6,7). O primeiro
sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios (Mc
16,17). O que significa expulsar os demônios no evangelho de Marcos?
* No tempo de Marcos,
o medo dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, em vez de
libertar o povo, alimentavam nele o medo e a angústia. Um dos objetivos da Boa
Nova de Jesus era ajudar o povo a se libertar deste medo. A chegada do Reino de
Deus significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte”
que chegou para amarrar o Satanás, o poder do mal, e roubar dele a humanidade
prisioneira do medo (Mc 3,27). Por isso, Marcos insiste tanto, na vitória de
Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e
sobre a morte. Do começo ao fim, com palavras quase iguais, ele repete a mesma
mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30;
5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,9.17). Parece até um refrão! Hoje, em
vez de usar sempre as mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes.
Diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o
venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou,
aniquilou, abateu, destruiu e matou!” O que Marcos nos quer dizer é isto: “Ao
cristão é proibido ter medo de Satanás!” Depois que Jesus ressuscitou, já é
mania e falta de fé apelar, a toda hora, para Satanás, como se ele ainda
tivesse algum poder sobre nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar o
povo de volta para as igrejas é desconhecer a Boa Nova do Reino. É falta de fé
na ressurreição de Jesus!
Para um confronto
pessoal
1) Como você vive
a sua fé na ressurreição de Jesus? Contribui para vencer o medo?
2) Expulsão dos
demônios. Como você faz para neutralizar esse poder em sua vida?
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