São Ciríaco Elias Chavara, Presbítero de nossa Ordem
Salmo Responsorial Is 12, 2.3 e 4bcd.5-6 (R. 4a)
R: Agradecei ao
Senhor, invocai o seu nome.
Deus é o meu Salvador, tenho confiança e nada temo. O Senhor
é a minha herança e o meu louvor, Ele é a minha salvação.
Tirareis água com alegria das fontes da salvação. Agradecei
ao Senhor, invocai o seu nome;
anunciai aos povos a grandeza das suas obras, proclamai a
todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas, anunciai-as em
toda a terra. Entoai cânticos de alegria e exultai, habitantes de Sião, porque
é grande no meio de vós o Santo de Israel.
Aleluia. Bendito seja o vosso
nome glorioso e santo, digno de louvor e de glória para sempre. Aleluia.
Evangelho (Lc 2,21-24): Completados que foram os
oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como
lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno.
«Foi-lhe posto o nome de Jesus»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Depois de diversas vicissitudes litúrgicas, S. João Paulo II
restabeleceu esta celebração no missal romano. Neste dia – precisamente - os
jesuítas celebram o título da sua “Companhia de Jesus”.
É próprio das pessoas – anjos e homens, quer dizer, seres
espirituais – distinguir-se na sua singularidade única com um nome próprio.
Porém o caso de Deus é especial: propriamente, não lhe convém nenhum nome. Ele,
pela sua infinita perfeição está acima de tudo e de todos, está acima de todos
os nomes (cf. Fil 2,9), é o Inefável, é o Inominável…
Contudo, pela sua infinita Misericórdia, debruçou-se sobre o
homem e até aceitou ter um “nome próprio”. A primeira revelação do seu nome foi
feita por Ele próprio no deserto quando Moisés lhe pediu: «’Quando me
perguntarem qual é o teu nome, que lhes responderei?’ Deus respondeu a Moisés:
‘Eu sou aquele que sou’» (Ex 3, 13-14).
Enquanto nós temos de dizer que “sou homem”, “sou mulher”,
“sou arquiteto”… (temos de especificar de muitas maneiras o que somos), Deus -
pelo contrário - simplesmente “É”. Portanto, podíamos dizer que “Eu sou aquele
que sou” é o nome filosófico que de algum modo se adapta a Deus.
Porém, na sua generosa condescendência, Deus Filho encarnou
para nos salvar: Ele é perfeito Deus e perfeito homem. E, como tal, os seus
pais «puseram-lhe o nome de Jesus» (Lc 2,21). “Jeshua” significa “Deus salva”.
Aqui está um Nome - o Santíssimo Nome de Jesus - que merece toda a veneração e
total respeito. Assim o indica o segundo mandamento da Lei de Deus… E assim nos
ensinou o próprio Jesus: «Pai-Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso
Nome…».
Santíssimo Nome de Jesus
Este nome adorável, que significa salvação, foi predito
pelos profetas, que chamaram ao Messias “Emanuel” (Is. 7, 14), isto é, Deus
conosco, para assim designar “a causa da nossa salvação, que é a união da
natureza divina com a humana, na pessoa do Filho de Deus, que, como Deus, fica
conosco, participando da nossa natureza”. Chamaram-no (Is. 9, 6) “admirável,
conselheiro, Deus forte, Pai do futuro século, Príncipe da paz”, títulos estes
que designam todos o “caminho e o fim da nossa salvação, sendo nós, pelo
admirável conselho e pela virtude divina, conduzidos à herança do futuro
século, em que gozaremos da paz perfeita dos filhos de Deus, sob a própria
soberania de Deus”. Chamaram-no: (Zac. 6, 12) “o homem, o nascituro”, para
exprimir todo o mistério da Encarnação”. (São Tomás).
O nome de Jesus é o nome próprio do Verbo encarnado; é o
nome que nos relembra o maior das obras de Deus e o maior benefício que d´Ele
nos veio. O nome de Deus Redentor inclui o de Deus Criador, se bem que este não
contenha aquele, pois a Redenção supõe a criação e a criação não encerra em si
necessariamente a Redenção.
O nome de Jesus relembra-nos não só o Salvador e a salvação,
que por Ele nos veio, mas também o modo admirável por que fomos salvos. Poderia
salvar-nos por meio de uma só palavra, como por uma palavra só criou o mundo;
mas quis tomar sobre si nossa enfermidade, para curar e tirar os nossos
pecados; quis encarnar-se, nascer num estábulo, viver pobre, sofrer, ser
crucificado e morrer por nós. Levou a humildade e obediência até a morte, para
assim merecer o nome de Jesus. Aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo – diz São Paulo – “fazendo-se semelhante aos homens e sendo reconhecido
pelo exterior como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte e
morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou, e lhe deu um nome, que está
acima de todo nome. A fim de que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre no
céu, na terra e nos infernos; e toda a língua confesse que o Senhor Jesus
Cristo está na glória de Deus Padre”. (Fil. 2, 7-11).
O nome de Jesus produz admiráveis efeitos naqueles que
devotamente o invocam. Como os sacramentos não só significam a graça, mas
também a produzem, assim o nome de Jesus não só significa, mas também produz a
salvação de quem devotamente o invoca.
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo”. (Joel,
2, 22; At. 2, 21; Rom. 10, 12). “Do céu abaixo, nenhum outro nome foi dado aos
homens pelo o qual nos cumpra fazer a nossa salvação”. (Rom. 4, 12).
O nome de Jesus, devotamente invocado, salva-nos do perigo
de sermos vítima do inimigo infernal. Satanás tem um verdadeiro pavor deste
Nome. “Os demônios têm medo deste Nome, que os faz tremer. E nós podemos
afugentá-los, invocando o Nome de Jesus crucificado”. (São Jerônimo).
O nome de Jesus dá vigor aos mártires e a todos os fiéis que
lutam pela fé. Fá-los triunfar generosamente de todos os obstáculos, de todas
as perseguições e da própria morte. O mundo, à semelhança do demônio, seu
soberano, se agita ao ouvir o Nome de Jesus. Queria que não mais se
pronunciasse este Nome e cheio de ódio, com o Sinédrio de Jerusalém, até hoje
declara: “Ameacemo-los, para que daqui em diante não falem neste nome a homem
nenhum”. (At. 4, 17). Mas em virtude deste Santo Nome os eleitos, para a
confusão do mundo, operam verdadeiros milagres, segundo a profecia do próprio Salvador:
“Em meu nome expulsarão os demônios, falarão novas línguas, manusearão as
serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; porão as
mãos sobre os enfermos e serão curados”. (Mc. 16, 17).
O nome de Jesus produz sempre grande milagre de aplacar as
mais furiosas tempestades na alma daqueles que o invocam devotamente. “Há entre
vós alguém que se ache triste? Entre-lhe Jesus no coração e digam-no os lábios;
e eis que, ao pronunciar este Nome, as nuvens se dissipam e volta a serenidade.
Se entre vós houver quem tenha caído em falta grave e, deixando-se levar pelo
desespero, nutrir ideias de suicídio: não voltará ao amor da vida, se invocar
este nome da vida?” (São Bernardo)
Invoquemos, pois, o Santíssimo Nome de Jesus nas tentações,
nas perseguições, na aflição. Invoquemo-lo sempre. “Por ele ofereçamos sempre a
Deus um sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que lhe confessam o
nome”. (Hebr. 13, 15). “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, tudo
seja em nome do Senhor Jesus Cristo, rendendo raças por ele a Deus Padre”.
(Col. 3, 17). Pronunciemos muitas vezes em vida este Nome de salvação, para que
o possamos pronunciar na morte, qual penhor seguro da felicidade eterna.
REFLEXÕES
Inácio respondeu: “Não é espírito mau aquele que tem Deus no coração”. O imperador: “É a Jesus de Nazaré que te referes?” O bispo respondeu afirmativamente e disse mais umas palavras de desaprovação do culto pagão. Trajano enfureceu-se e condenou Inácio “ad leones”, a ser atirado aos leões no circo. Inácio foi levado para Roma, onde sofreu o martírio. Dois leões esfomeados esperavam impacientes a presa. Antes de ser triturado pelos dentes das feras, Inácio disse em voz alta uma oração e terminou com estas palavras: “O Nome de Jesus não desaparecerá dos meus lábios; se isto fosse possível, continuaria inextinguível em meu coração”. Os leões mataram-no e comeram-no, deixando apenas ossos e o coração. O coração apresentava nitidamente os traços do nome de Jesus, formados por veias azuis. As preciosas relíquias foram levadas para Antioquia, onde os discípulos do mártir as depositaram sobre o altar. Isto aconteceu em 107. Deus honrou aquele Santo, devido à grande devoção que tinha ao SS. Nome de Jesus.
A Invocação ao Nome de Jesus
A Igreja celebra hoje, 3 de janeiro, o Santíssimo Nome de
Jesus, que, obviamente, foi honrado e venerado na Igreja desde os primeiros
tempos (cf. Fp 2,10), mas em cuja honra só se formalizou um culto litúrgico a
partir do século XIV.
O grande propagador desta devoção foi o franciscano São
Bernardino de Siena (1380-1444), que costumava divulgar uma imagem da
Eucaristia emitindo raios de luz, sob o monograma “IHS“, abreviação do Nome de
Jesus em grego. Mais adiante, a piedade popular daria a esta mesma sigla uma
nova interpretação: “Iésus Hóminum Salvátor“, que, em latim, quer dizer “Jesus
Salvador dos Homens“. Santo Inácio de Loyola, aliás, faria deste monograma o
emblema dos padres jesuítas.
O nome Jesus vem do hebraico “Jeshua“, “Joshua” ou
“Jehoshua”, que significa “Javé é Salvação“.
O Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu. São Lucas nos
diz em seu Evangelho:
“Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o
menino, foi-lhe posto o Nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de
ser concebido no seio materno” (Lc 2, 21).
E o Novo Testamento afirma: “Por isso Deus o exaltou
soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que
ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda
língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fil 2,
9-11).
A “Oração a Jesus“ ou “Invocação ao Nome de Jesus“ é uma
prece antiquíssima, cuja popularização contou com grande influência dos Padres
do Deserto. Uma primeira forma desta oração foi mencionada por São Diádoco de
Foticeia, monge asceta da Grécia no início do século V. A prece foi depois
inserida na coletânea de textos espirituais conhecida como Filocalia (ou
Philokalia), que veio a se tornar um livro básico da tradição cristã oriental,
tornando-se muito popular nas igrejas ortodoxas, particularmente na Rússia,
onde foi ainda mais difundida por outro clássico da literatura espiritual:
Relatos de um Peregrino Russo, do século XIX.
É uma simples e riquíssima tradição, focada em Jesus e na
Sua misericórdia. Estas são algumas das várias formas diferentes de fazer a
mesma prece:
Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim!
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim,
pecador!
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de nós,
pecadores!
Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós,
pecadores!
Senhor Jesus, misericórdia!
Alguns frutos da
confiante invocação do Nome de Jesus:
– Oferece ajuda nas necessidades corporais, segundo a
promessa de Cristo: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os
demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem
algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles
ficarão curados” (Mc 16,17-18).
– No Nome de Jesus, os Apóstolos deram força aos aleijados
(At 3,6; 9,34) e vida aos mortos (At 9,40).
– Dá confiança nas provações espirituais. O Nome de Jesus
recorda ao pecador o “pai do filho pródigo” e o bom samaritano; ao justo,
recorda o sofrimento e a morte do inocente Cordeiro de Deus.
– Protege-nos de Satanás e de suas artimanhas, pois o diabo
teme ao Nome de Jesus, quem o venceu na Cruz.
– No Nome de Jesus, obtemos toda bênção e graça no tempo e
na eternidade, pois Cristo disse: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
dará” (Jo 16,23). A Igreja costuma terminar as suas orações com as palavras
“Por Jesus Cristo, nosso Senhor”, cumprindo assim o que escreveu São Paulo:
“Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos
infernos” (Fl 2,10).
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