S. João Damasceno, presbítero e doutor da
Igreja
S. Bárbara de Nicomédia, virgem e mártir
Salmo Responsorial: 146
R. Felizes os que
esperam no Senhor.
Louvai o Senhor, porque é bom cantar, é agradável e justo
celebrar o seu louvor. O Senhor edificou Jerusalém, congregou os dispersos de
Israel.
Sarou os corações dilacerados e ligou as suas feridas. Fixou
o número das estrelas e deu a cada uma o seu nome.
Grande é o nosso Deus e todo-poderoso, é sem limites a sua
sabedoria. O Senhor conforta os humildes e abate os ímpios até ao chão.
Aleluia. O Senhor é o nosso legislador, o nosso juiz, o nosso rei: Ele
próprio vem salvar-nos. Aleluia.
Evangelho (Mt 9,35-10,1.6-8): Naquele tempo, Jesus
começou a percorrer todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas,
proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade.
Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam
cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos
discípulos: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois,
ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!». Chamando os
doze discípulos, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e
curar todo tipo de doença e de enfermidade. «Ide, antes, às ovelhas perdidas da
casa de Israel! No vosso caminho, proclamai: O Reino dos Céus está próximo. Curai
doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça
recebestes, de graça deveis dar!».
«Pedi (...) ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua
colheita»
Rev. D. Xavier PAGÉS i
Castañer (Barcelona, Espanha)
Mas devemos tentar não nos conformar somente com o que
esperamos, mas — sobretudo — descobrir o que é que Deus espera de nós. Como os
doze Apóstolos, nós também estamos chamados a seguir os seus caminhos. Tomara
que hoje possamos escutar a voz do Senhor que —por meio do profeta Isaías — nos
diz: «O caminho é este: por aqui deves andar!» (Is 30,21, da primeira leitura
de hoje). Seguindo cada um o seu caminho, Deus espera de todos que com a nossa
vida anunciemos que «O Reino dos Céus está próximo» (Mt 10,7).
O Evangelho de hoje narra como, diante daquela multidão,
Jesus teve compaixão e lhes disse: «A colheita é grande, mas os trabalhadores
são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua
colheita» (Mt 9,37-38). Ele quis confiar em nós e quer que nas mais diversas
circunstâncias respondamos à vocação de nos convertermos em apóstolos de nosso
mundo. A missão para a qual Deus Pai enviou o seu Filho ao mundo requer que nós
sejamos seus continuadores. Nos nossos dias também encontramos uma multidão
desorientada e sem esperança, que tem sede da Boa Nova da Salvação que Cristo
nos trouxe, da qual somos mensageiros. É uma missão confiada a todos.
Conhecedores de nossas fraquezas e handicaps, apoiemo-nos na oração constante e
estejamos contentes por chegar a ser assim colaboradores do plano redentor que
Cristo nos revelou.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Para uma colheita abundante, há poucos trabalhadores. Ao
ouvir isso, não podemos deixar de sentir uma grande tristeza, porque devemos
reconhecer que, embora existam pessoas que desejam ouvir coisas boas, existem
poucos que se dedicam a anunciá-las. Rogai também por nós, para que a nossa voz
nunca cesse de vos exortar» (São Gregório Magno)
«O mundo não é uma coleção de tristezas e dores. Todas as
angústias que existem nele são protegidas por uma misericórdia amorosa. Quem
assim celebra o Advento, pode falar de um Natal alegre, abençoado e
misericordioso» (Bento XVI)
«Com o Credo Niceno-Constantinopolitano respondemos
confessando: 'Para nós, homens e para a nossa salvação, ele desceu do céu e,
pela força do Espírito Santo, encarnou-se de Maria, a Virgem, e tornou-se
homem'» (Catecismo da Igreja Católica, nº 456)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
(1) Um
breve resumo da atividade apostólica de Jesus (Mt 9,35-38)
(2) o
início do “Sermão da Missão” (Mt 10,1.5-8). O evangelho da liturgia de hoje
omite os nomes dos apóstolos que constam no evangelho de Mateus (Mt 10,2-4).
* Mateus 9,35: Resumo da atividade missionária de Jesus. “Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Em poucas palavras Mateus descreve os pontos centrais da atividade missionária de Jesus: (1) Percorrer todas as cidades e povoados. Jesus não espera até que o povo venha até ele, mas ele mesmo vai em busca do povo percorrendo todas as cidades e povoados. (2) Ensinar nas sinagogas, isto é, nas comunidades. Jesus vai lá onde o povo está reunido ao redor da sua fé em Deus. É lá que ele anuncia a Boa Nova do Reino, isto é, a Boa Nova de Deus. Jesus não ensina doutrinas como se a Boa Nova fosse um novo catecismo, mas em tudo que diz e faz ele deixa transparecer algo da grande Boa Nova que o anima por dentro, a saber, Deus, o Reino de Deus. (3) Curar todo tipo de doença e enfermidade. O que mais marcava a vida do povo pobre era a doença, todo tipo de doença, e o que mais marca a atividade de Jesus, é consolar o povo, aliviar sua dor.
* Mateus 9,36:
Compaixão de Jesus frente à situação do povo. “Vendo as multidões, Jesus teve compaixão,
porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor”. Jesus acolhe as
pessoas do jeito que elas se encontram diante dele: doentes, abatidas,
cansadas. Ele se comporta como o Servo de Isaías, cuja mensagem central
consistia em “consolar o povo” (cf. Is 40,1). A atitude de Jesus para com o
povo era como a atitude do Servo, cuja missão era definida assim: “Ele não
grita, nem levanta a voz, não solta berros pelas ruas, não quebra a planta
machucada, nem apaga o pavio de vela que ainda solta um pouco de fumaça” (Is
42,2-3). Como o Servo, Jesus se comove diante da situação sofrida do seu povo
“cansado e abatido, como ovelhas sem pastor”. Ele começa a ser Pastor
identificando-se com o Servo que dizia: “O Senhor me concedeu o dom de falar
como seu discípulo, para eu saber dizer uma palavra de conforto a quem está
desanimado” (Is 49,4ª). Como o Servo, Jesus se faz discípulo do Pai e do povo e
diz: “Cada manhã, ele me desperta, para que eu o escute, de ouvidos abertos,
como o fazem os discípulos” (Is 49,4b). É do contato com o Pai que Jesus colhe
a palavra de consolação a ser comunicada aos pobres.
* Mateus 9,37-38:
Jesus envolve os discípulos na missão. Diante da imensidão da tarefa
missionária, a primeira coisa que Jesus pede aos discípulos é rezar: “A
colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da
colheita que mande trabalhadores para a colheita". A oração é a primeira
forma de compromisso dos discípulos com a missão. Pois se você acredita na
importância da missão que você tem, você fará todo o possível para que ela não
morra com você, mas que continue nos outros através de você e depois de você.
* Mateus 10,1: Jesus
confere aos discípulos o poder de curar e de expulsar os demônios. “Então
Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus,
e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade". A segunda coisa que
Jesus pede aos discípulos não é que eles comecem a ensinar doutrinas e leis,
mas sim que ajudem o povo a vencer o medo dos maus espíritos e que o ajudem na
luta contra as enfermidades. Hoje, os que mais metem medo nos pobres são certos
missionários que ameaçam o povo com o castigo de Deus e com o perigo do demônio.
Jesus faz o contrário. O que ele mais faz é ajudar o povo a vencer o medo do
demônio: “Se eu expulso os demônios, é sinal de que chegou para vocês o Reino
de Deus” (Lc 11,20). É triste dize-lo, mas hoje existem pessoas que precisam do
demônio para poder expulsa-lo e assim ganhar dinheiro. Para estes vale a pena
ler o que Jesus falou contra os fariseus e doutores da lei que roubavam as
casas das viúvas (Mt 23,14).
* Mateus 10,5-6: Vão
primeiro para as ovelhas perdidas de Israel. “Jesus enviou os Doze com estas
recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades
dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
Inicialmente, a missão de Jesus era dirigida para “as ovelhas perdidas de
Israel”. Quem eram estas ovelhas perdidas de Israel? Eram as pessoas excluídas,
como as prostitutas, os publicanos, os impuros, considerados perdidos e
condenados pelas autoridades religiosas da época? Eram os dirigentes como os
fariseus, saduceus, anciãos e sacerdotes que se consideravam o povo fiel de
Israel? Ou eram as multidões que estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que
não têm pastor? Provavelmente, aqui no contexto do evangelho de Mateus,
trata-se deste povo pobre e abandonado que é acolhido por Jesus (Mt 9,36-37).
Jesus queria que os discípulos participassem com ele na missão junto a esse
povo. Mas na medida em que ele ia atendendo a este povo, o próprio Jesus ia
alargando o horizonte. No contato com a mulher Cananéia, ovelha perdida de
outra raça e de outra religião, que pedia para ser atendida, Jesus repetiu aos
discípulos: "Eu fui enviado somente para as ovelhas perdidas do povo de
Israel" (Mt 15,24). E diante da insistência da mãe que desistia de
interceder pela filha, Jesus se defendeu dizendo: "Não está certo tirar o
pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos" (Mt 15,26). Mas a reação da
mãe derrubou a defesa de Jesus: "Sim, Senhor, é verdade; mas também os
cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos" (Mt 15,27).
E de fato, havia muitas migalhas! Doze cestos cheios de pedaços que sobraram da
multiplicação do pão para as ovelhas perdidas de Israel (Mt14,20). A resposta
da mulher desfez os argumentos de Jesus. Ele atendeu a mulher: Jesus atende a
mulher: "Mulher, é grande a sua fé! Seja feito como você quer." E
desde esse momento a filha dela ficou curada”. (Mt 15,28). Foi através da
atenção contínua dada às ovelhas perdidas de Israel que Jesus descobriu que no
mundo inteiro existem ovelhas perdidas que querem comer das migalhas.
* Mateus 10,7-8:
Resumo da atividade de Jesus. “Vão e anunciem: O Reino do Céu está próximo.
Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os
demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça!”. Como revelar a
proximidade do Reino? A resposta é simples e concreta: curando doentes,
ressuscitando os mortos, purificando os leprosos, expulsando os demônios e
servindo de graça, sem se enriquecer pelo serviço ao povo. Onde isto acontece o
Reino se revela.
Faça um confronto
pessoal da leitura com a vida
1) Todos nós
recebemos a mesma missão que Jesus deu aos discípulos e discípulas. Você tem
consciência de ter esta missão? Como você vive sua missão?
2) Na sua vida
você já teve algum contato com as ovelhas perdidas, com o povo cansado e abatido?
Qual a lição que você tirou?
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