Beata Francisca de Amboise, viúva de nossa Ordem
Salmo Responsorial: 97
R. O Senhor
manifestou a salvação a todos os povos.
Cantai ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele
operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das
nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa
de Israel.
Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai.
Aleluia. Quem observa a palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito.
Aleluia.
Evangelho (Lc 16,1-8): Naquele tempo, Jesus falou
ainda aos discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de
esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: Que ouço dizer a teu respeito?
Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus
bens. O administrador, então, começou a refletir: Meu senhor vai me tirar a
administração. Que vou fazer? Cavar, não tenho forças; mendigar, tenho
vergonha. Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando
eu for afastado da administração. Então chamou cada um dos que estavam devendo
ao seu senhor. E perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? Ele
respondeu: Cem barris de óleo! O administrador disse: Pega a tua conta,
senta-te, depressa, e escreve: cinquenta! Depois perguntou a outro: E tu,
quando deves? Ele respondeu: Cem sacas de trigo. O administrador disse: Pega
tua conta e escreve: oitenta. E o senhor elogiou o administrador desonesto,
porque agiu com esperteza. De fato, os filhos deste mundo são mais espertos em
seus negócios do que os filhos da luz».
«Os filhos deste mundo são mais espertos (...) em seus negócios do que
os filhos da luz.»
Mons. Salvador CRISTAU
i Coll Bispo Auxiliar de Terrassa (Barcelona, Espanha)
Evidentemente, não se nos propõe aqui que sejamos injustos
em nossas relações, e menos ainda com o Senhor. Não se trata, não obstante, de
um louvor à estafa que comete o administrador. O que Jesus manifesta com seu
exemplo é una queixa pela habilidade em solucionar os assuntos deste mundo e a
falta de verdadeiro engenho dos filhos da luz na construção do Reino de Deus:
«E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste
mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes»
(Lc 16,8).
Tudo isso nos mostra - mais uma vez! - que o coração do
homem continua tendo os mesmos limites e pobrezas de sempre. Na atualidade
falamos de tráfico de influências, de corrupção, de enriquecimentos indevidos,
de falsificação de documentos... Mais ou menos como na época de Jesus.
Mas a questão que tudo isto nos propõe é dupla: Por acaso
pensamos que podemos enganar a Deus com nossas aparências, com nossa
mediocridade como cristãos? E, ao falar de astúcia, teríamos também que falar
de interesses. Estamos interessados realmente no Reino de Deus e sua justiça? É
frequente a mediocridade em nossa resposta como filhos da luz? Jesus disse
também que ali onde esteja nosso tesouro estará nosso coração (cf. Mt 6,21).
Qual é nosso tesouro na vida? Devemos examinar nossos anelos para conhecer onde
está nosso tesouro... Diz-nos Santo Agostinho: «Teu anelo contínuo é tua voz
contínua. Se deixas de amar calará tua voz, calará teu desejo».
Talvez hoje, ante o Senhor, teremos que questionar qual deve
ser nossa astúcia como filhos da luz, isto é, dizer nossa sinceridade nas
relações com Deus e com nossos irmãos. «Na realidade, a vida é sempre uma
opção: entre honestidade e desonestidade, entre fidelidade e infidelidade,
entre bem e mal (...). Com efeito, diz Jesus: É preciso decidir-se» (Bento
XVI).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 16,1-2: O
administrador é ameaçado de despejo. “Um homem rico tinha um administrador
que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe
disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua
administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo,
tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que
existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador
desonesto. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas
circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando
Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a
pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e
encontrar uma saída.
* Lucas 16,3-4: O que
fazer? Qual a saída? “Então o administrador começou a refletir: 'O senhor
vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho
forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma
saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na
roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar,
sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas.
“Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração
tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O
administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
* Lucas 16,5-7:
Execução da solução encontrada. “E começou a chamar um por um os que
estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve
ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue
a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinquenta'. Depois perguntou a outro:
'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O
administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua
total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é
a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e
sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o
receba em sua casa.
* Lucas 16,8: O
Senhor elogiou o administrador desonesto. E agora vem a conclusão
desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu
com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a
sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus,
e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi
desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20
sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque
roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas
e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os
filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz
deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os
critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as
serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
Para um confronto
pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o
critério que uso na solução dos meus problemas?
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