Santa Isabel da Trindade, Virgem de nossa
Ordem
Beato João Duns Scotus, Presbítero
Salmo Responsorial: 138
R. Conduzi-me,
Senhor, pelo caminho da eternidade.
Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser: sabeis quando me
sento e quando me levanto. De longe penetrais o meu pensamento: Vós me vedes
quando caminho e quando descanso, Vós observais todos os meus passos.
Ainda a palavra me não chegou à língua e já, Senhor, a
conheceis perfeitamente. Por todos os lados me envolveis e sobre mim pondes a
vossa mão.
Prodigiosa ciência, que não posso compreender, tão sublime
que a não posso alcançar! Refrão Onde poderei ocultar-me ao vosso espírito?
Onde evitarei a vossa presença? Se subir ao céu, Vós lá estais; se descer aos
abismos, ali Vos encontrais.
Se voar nas asas da aurora, se habitar nos confins do
oceano, mesmo ali a vossa mão me guiará e a vossa direita me sustentará.
Aleluia. Vós brilhais como estrelas no mundo, anunciando a palavra da
vida. Aleluia.
Evangelho (Lc 17,1-6): Jesus disse a seus
discípulos: «É inevitável que surjam ocasiões de pecado, mas ai daquele que as
provoca! Seria melhor para ele ser atirado ao mar com uma pedra de moinho
amarrada ao pescoço, do que fazer cair um só desses pequenos. Cuidado,
portanto! Se teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se
pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou
arrependido’, perdoa-lhe». Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa
fé!» O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de
mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no
mar’, e ela vos obedeceria».
«Se pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti (...)
perdoa-lhe »
Rev. D. Pedro-José
YNARAJA i Díaz (El Montanyà, Barcelona, Espanha)
Escandalizar não é alvoroçar ou estranhar, como às vezes se
entende; a palavra grega usada pelo evangelista foi “skandalon”, que significa
objeto que faz tropeçar ou escorregar, uma pedra no caminho ou uma casca de
banana, para ficar mais claro. Devemos respeitar as crianças e, «É inevitável
que surjam ocasiões de pecado, mas ai daquele que as provoca!» (cf. Lc 17,1).
Jesus lhe anuncia um castigo tremendo e o faz com uma imagem muito eloquente.
Ainda se encontram na Terra Santa pedras de moinhos antigas; é uma espécie de
grandes diabolôs (são parecidas também, em tamanho maior, aos colares que se
colocam no pescoço aos traumatizados). Introduzir a pedra no escandalizador e
tira-la na água expressa um terrível castigo. Jesus utiliza uma linguajem quase
de humor negro. Pobres de nós se danamos as crianças! Pobres de nós se os
iniciamos no pecado! E há muitas formas de prejudicá-los: mentir, ambicionar,
triunfar injustamente, se dedicar a necessidades que satisfarão sua vaidade...
Em segundo lugar, o perdão. Jesus nos pede que perdoemos
tantas vezes como seja necessário e, ainda no mesmo dia, se o outro está
arrependido, apesar de que nos magoe a alma: «Se teu irmão pecar, repreende-o.
Se ele se arrepender, perdoa-lhe» (Lc 17,3). O termômetro da caridade é a
capacidade de perdoar.
Em terceiro lugar, a fé: Mais que uma riqueza do
entendimento (no sentido meramente humano), é um “estado de ânimo”, fruto da
experiência de Deus, de poder obrar contando com sua confiança. «A fé é o
início da verdadeira vida», diz São Inácio de Antioquia. Quem age com fé consegue
coisas assombrosas, assim a expressa o Senhor ao dizer: «Se tivésseis fé, mesmo
pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te
daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria» (Lc 17,6).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 17,1-2: Primeira
palavra: evitar o escândalo. “Jesus disse a seus discípulos: "É
inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos!
Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o
jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo
que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a
pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os
pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte
sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no
fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os
pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros
destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao
longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé
fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras
religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos,
citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado
entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa?
Será que merecemos a corda no pescoço?
* Lucas 17,3-4: Segunda
palavra: Perdoar o irmão. “Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra
você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra
você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou
arrependido', você deve perdoá-lo”. Sete
vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz
que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a
reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder
perdoar as pessoas e reconciliá-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt
16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a
necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos
irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26).
Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos
oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez
mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém
fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não
passam de 30 gramas de ouro.
* Lucas 17,5-6:
Terceira palavra: Aumentar em nós a fé. “Os apóstolos disseram ao Senhor:
"Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé
do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira:
'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste
contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de
Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra
nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos
para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter
um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia
ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar
assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria
divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo
crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23).
Para um confronto
pessoal
1) Na minha vida,
alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os
outros foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou
capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes
por dia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO