sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Domingo XXXIII do Tempo Comum

 TODOS OS SANTOS DA ORDEM CARMELITA

1ª Leitura (Dan 12,1-3): Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande chefe dos Anjos, que protege os filhos do teu povo. Será um tempo de angústia, como não terá havido até então, desde que existem nações. Mas nesse tempo, virá a salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no livro de Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a vida eterna, outros para a vergonha e o horror eterno. Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade.

Salmo Responsorial: 15

R. Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.

Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, está nas vossas mãos o meu destino. O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta e até o meu corpo descansa tranquilo. Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos, nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, alegria plena em vossa presença, delícias eternas à vossa direita.

2ª Leitura (Heb 10,11-14.18): Todo o sacerdote da antiga aliança se apresenta cada dia para exercer o seu ministério e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca poderão perdoar os pecados. Cristo, ao contrário, tendo oferecido pelos pecados um único sacrifício, sentou-Se para sempre à direita de Deus, esperando desde então que os seus inimigos sejam postos como escabelo dos seus pés. Porque, com uma única oblação, tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica. Onde há remissão dos pecados, já não há necessidade de oblação pelo pecado.

Aleluia. Vigiai e orai em todo o tempo, para poderdes comparecer diante do Filho do homem. Aleluia.

Evangelho (Mc 13,24-32): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos:«Mas, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua claridade, as estrelas estarão caindo do céu e as potências celestes serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai».

«Está próximo»

Rev. D. Pedro IGLESIAS Martínez (Rubí, Barcelona, Espanha)

Hoje, recordamos como a Igreja nos preparava, ao começar o ano litúrgico, para a primeira vinda de Cristo, que nos traz a salvação. A duas semanas do final do ano, prepara-nos para a segunda vinda, aquela em que se pronunciará a última e definitiva palavra sobre cada um de nós.

Perante o Evangelho de hoje podemos pensar que ainda vem longe, mas «Ele está próximo» (Mc 13,29). E, contudo, na nossa sociedade é incômodo -até incorreto!- aludir à morte. Porém, não podemos falar de ressurreição sem pensar que temos de morrer. O fim do mundo, para cada um de nós, ocorre no dia em que falecermos, momento em que terminará o tempo que nos foi dado para optar. O Evangelho é sempre uma Boa Nova e o Deus de Cristo é Deus de Vida: porquê esse medo?; talvez pela nossa falta de esperança?

Diante da rapidez com que esse juízo chegará, temos de saber converter-nos em juizes severos, não dos outros, mas de nós próprios. Não cair no engano da auto-justificação, do relativismo ou do -eu não acho que seja assim-... Jesus Cristo se nos dá através da Igreja e, com Ele, os meios e recursos para que esse juízo universal não seja o dia da nossa condenação, mas um espetáculo muito interessante, em que finalmente, se tornarão públicas as verdades mais ocultas dos conflitos que tanto atormentaram os homens.

A Igreja anuncia que temos um salvador, Cristo, o Senhor. Menos medos e mais coerência na nossa atuação, de acordo com aquilo em que cremos! «Quando chegarmos à presença de Deus, nos perguntarão duas coisas: se estávamos na Igreja e se trabalhávamos na Igreja; Tudo o resto não tem valor» (Beato J.H. Newman). A Igreja não só nos ensina uma forma de morrer, mas também uma de forma de viver para poder ressuscitar. Porque o que prega não é a sua mensagem, mas a Daquele cuja palavra é fonte de vida. Só partindo desta esperança enfrentaremos com serenidade o juízo de Deus.

Sou realista, construindo a minha vida precisamente neste fundamento da Palavra, que permanece?

Bento XVI

Detenhamo-nos um momento a refletir sobre esta profecia de Cristo. A expressão "o céu e a terra" é frequente na Bíblia para indicar todo o universo, a criação inteira. Jesus declara que tudo isto está destinado a "passar". Não só a terra, mas também o céu, que aqui é entendido precisamente em sentido cósmico, não como sinónimo de Deus. A Sagrada Escritura não conhece ambiguidades: toda a criação está marcada pela finitude, incluídos os elementos divinizados pelas antigas mitologias: não há confusão alguma entre a criação e o Criador, mas uma diferença evidente. Com esta clara distinção, Jesus afirma que as suas palavras "não passarão", ou seja, estão da parte de Deus e por isso são eternas. Mesmo se pronunciadas na sua existência terrena concreta, elas são palavras proféticas por excelência, como afirma noutro lugar Jesus dirigindo-se ao Pai celeste: "porque lhes dei as palavras que Tu Me destes e eles receberam-nas; reconheceram verdadeiramente que saí de Ti e creram que Me enviaste" (Jo 17, 8). Numa célebre parábola, Cristo compara-se com o semeador e explica que a semente é Palavra (cf. Mc 4, 14): quantos a ouvem, a acolhem e dão fruto (cf. Mc 4, 20) fazem parte do Reino de Deus, isto é, vivem sob o seu senhorio; permanecem no mundo, mas já não são do mundo; levam em si o germe de eternidade, um princípio de transformação que se manifesta já agora numa vida boa, animada pela caridade, e no final produzirá a ressurreição da carne. Eis o poder da Palavra de Cristo”.

· Quando tudo se torna água em minha vida... Jesus diz-me a cada dia:

Minha Palavra permanece para sempre...

· Quando as “catástrofes” pessoais me debilitam... Jesus diz-me a cada dia:

Minha Palavra permanece para sempre...

· Quando sinto que se caem os astros do céu… Jesus diz-me a cada dia:

Minha Palavra permanece para sempre...

Para um confronto pessoal

· Examinar a própria vida e descobrir os principais sinais que Deus tem me dado ao longo de minha vida: a proximidade de um amigo, um retiro ou jornada de oração, um problema que posso solucionar... que sinais da sua presença me presenteia hoje?

· Ser como estrelas que guiam, como luz que ilumina… “Os sábios resplandecerão como a luz do firmamento e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade” (cf. 1ª leitura).


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