Salmo Responsorial: 15
R. O Senhor é a minha
herança.
Defendei-me, Senhor; Vós sois o meu refúgio. Digo ao Senhor:
Vós sois o meu Deus. Senhor, porção da minha herança e do meu cálice, está nas
vossas mãos o meu destino.
Bendigo o Senhor por me ter aconselhado, até de noite me
inspira interiormente. O Senhor está sempre na minha presença, com Ele a meu
lado não vacilarei.
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida, alegria plena em
vossa presença, delícias eternas à vossa direita.
Aleluia. A vossa palavra, Senhor, é a verdade: consagrai-nos na
verdade. Aleluia.
Evangelho (Lc 6,39-42): Naquele tempo, Jesus
contou a seus discípulos uma parábola: «Pode um cego guiar outro cego? Não
cairão os dois no buraco? O discípulo não está acima do mestre; todo discípulo
bem formado será como o mestre. Por que observas o cisco que está no olho do
teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Como podes
dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando não
percebes a trave que está no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave
que está no teu olho e, então, enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu
irmão».
«Todo discípulo bem formado será como o mestre»
Rev. D. Antoni CAROL i
Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Sim, todos -queiramos ou não- com nosso comportamento, temos
a oportunidade de ser modelo estimulante para os que nos rodeiam. Pensemos, por
exemplo, na ascendência que os pais têm sobre os filhos, os professores sobre
os alunos, as autoridades sobre os cidadãos, etc. O cristão, no entanto, deve
ter uma consciência particularmente viva a respeito de tudo isto. Mas... «Pode
um cego guiar outro cego?» (Lc 6,39).
Para nós, cristãos, é uma chamada de atenção aquilo que os
judeus e as primeiras gerações de cristãos falavam de Jesus Cristo: «Ele fez
bem todas as coisas» (Mc 7,37); «O Senhor começou fazer e ensinar» (At 1,1).
Devemos tentar fazer em obras tudo aquilo que cremos e
professamos de palavra. Numa ocasião, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal
Ratzinger, afirmava que «o perigo mais grave, são os cristãos adaptados»,
portanto, é o caso das pessoas que de palavra se professam católicas, mas na
prática, com seu comportamento, não demonstram o radical próprio do Evangelho.
Ser radical, não é ser fanático (já que a caridade é
paciente e tolerante) nem exagerado (pois, no amor não é possível exagerar).
Como afirmou São João Paulo II, «o Senhor crucificado é um testemunho
insuperável de amor paciente e mansa humildade»: não se trata de um fanático
nem de um exagerado. Mas é radical até dizer como o centurião que assistiu sua
morte «Na verdade, este homem era um justo» (Lc 23,47).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 6,39: A
parábola do cego guiando outro cego. Jesus contou uma parábola aos
discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num
buraco?” Parábola de uma linha só que tem muita semelhança com as advertências
que, no evangelho de Mateus, são dirigidas aos fariseus: “Ai de vocês, guias
cegos!” (Mt 23,16.17.19.24.26) Aqui no contexto do evangelho de Lucas, esta
parábola é dirigida aos animadores das comunidades que se consideram donos da
verdade, superiores aos outros. Por isso são guias cegos.
* Lucas 6,40:
Discípulo - Mestre. “Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo
discípulo bem formado será como o seu mestre”. Jesus é Mestre. Não é professor.
Professor dá aula em várias matérias, mas não convive. Mestre não dá aula, mas
convive. A sua matéria é ele mesmo, o seu testemunho de vida, sua maneira de
viver as coisas que ensina. A convivência com o mestre tem três aspectos: (1) O mestre é o modelo ou o exemplo a ser imitado
(cf.Jo 13,13-15). (2) O
discípulo não só contempla e imita, mas também se compromete com o destino do
mestre, com a sua tentações (Lc 22,28), perseguição (Mt 10,24-25), e morte (Jo
11,16). (3) Não
só imita o modelo, não só assume o compromisso, mas chega a identificar-se:
"Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Este
terceiro aspecto é a dimensão mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do
Espírito.
* Lucas 6,41-42: O
cisco no olho do irmão. “Por que você fica olhando o cisco no olho do seu
irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão:
'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu
próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então
você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão". No Sermão da Montanha, Mateus trata do mesmo
assunto e explica um pouco melhor a parábola do cisco no olho. Jesus pede uma
atitude criativa que nos torne capazes de ir ao encontro do outro sem julgá-lo,
sem preconceitos e racionalizações, acolhendo-o como irmão (Mt 7,1-5). Esta
total abertura para o outro como irmão só nascerá em nós quando soubermos
relacionar-nos com Deus em total confiança de filhos (Mt 7,7-11).
Para um confronto
pessoal
1) Cisco e trave
no olho. Como eu me relaciono com os outros em casa na família, no trabalho com
os colegas, na comunidade com os irmãos e as irmãs?
2) Mestre e
discípulo. Como sou discípulo de Jesus?
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