São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja
Salmo Responsorial: 18
R. Os preceitos do
Senhor são retos e alegram o coração.
A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma; as ordens
do Senhor são firmes, dão sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; Os
mandamentos do Senhor são claros e iluminam os olhos.
O temor do Senhor é puro e permanece eternamente; os juízos
do Senhor são verdadeiros, todos eles são retos.
Aceitai as palavras da minha boca e os pensamentos do meu
coração estejam na vossa presença: Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor.
Aleluia. Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no
Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Lc 10,1-12): Naquele tempo, O Senhor
escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade
e lugar para onde ele mesmo devia ir. E dizia-lhes: «A colheita é grande, mas
os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande
trabalhadores para sua colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio
de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para
saudar ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro:
A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará
sobre ele; senão, ela retornará a vós. Permanecei naquela mesma casa; comei e
bebei do que tiverem, porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não
passeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos,
comei do que vos servirem, curai os doentes que nela houver e dizei: O Reino de
Deus está próximo de vós. Mas quando entrardes numa cidade e não fordes bem
recebidos, saindo pelas ruas, dizei: Até a poeira de vossa cidade que se grudou
aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus
está próximo! Eu vos digo: naquele dia, Sodoma receberá sentença menos dura do
que aquela cidade».
«Pedi (...) ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua
colheita»
Rev. D. Ignasi NAVARRI
i Benet (La Seu d'Urgell, Lleida, Espanha)
«A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos» (Lc
10,2): É interessante esse sentido positivo da missão, pois o texto não diz:
«Há muito para semear e poucos trabalhadores». Tal vez, hoje teríamos que falar
desse jeito, pelo grande desconhecimento de Jesus Cristo e sua Igreja em nossa
sociedade. Um olhar esperançado da missão gera otimismo e ilusão. Não nos
deixemos abater pela desilusão e a desesperança.
No início, a missão que nos espera é, ao mesmo tempo,
apaixonante e difícil. O anúncio da Verdade e da Vida, nossa missão, não pode
nem deve pretender forçar a adesão, pelo contrário, deve suscitar uma livre
adesão. As ideias, devem se propor e não impor, nos lembra o Papa.
«Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias...» (Lc 10,4):
a única força do missionário deve ser Cristo. E para que ele encha sua vida, é
preciso que o evangelizador se esvazie de tudo aquilo que não é Cristo. A
pobreza evangélica é um requisito importante e, ao mesmo tempo, o testemunho
mais crível que o apóstolo pode dar, além de que só esse desprendimento nos
fará livres.
O missionário anuncia a paz. É portador de paz, porque leva
a Cristo, o Príncipe da Paz. Por isso, «Em qualquer casa em que entrardes,
dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali morar um amigo da paz, a vossa
paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a vós» (Lc 10,5-6). Nosso mundo,
nossas famílias, nosso Eu pessoal, têm necessidade de Paz. Nossa missão é
urgente e apaixonante.
Reflexão
Na verdade, acontece que, por vezes, o mensageiro não é
aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a ser "entregue", sem se
deixar desanimar pela recusa dos homens (9,54-55).
Três cenas curtas fazem o leitor a compreender o que
significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para ser retirado do mundo. Na
primeira cena é apresentado a um homem que quer seguir Jesus onde quer que vá;
Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona bem-estar e segurança.
Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu destino de nômade.
Na segunda cena é Jesus quem toma a iniciativa e chama um
homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede um tempo para cumprir com o seu
dever de enterrar o pai. A urgência de proclamar o reino supera esse dever: a
preocupação de enterrar os mortos é inútil, porque Jesus vai além das portas da
morte e o exige inclusive para aqueles que o seguem.
Finalmente na terceira cena é apresentado a um homem que se
oferece para seguir Jesus, mas apresenta uma condição: despedir-se antes de
seus pais. Entrar no reino não admite atrasos. Após esta tríplice renúncia, a
expressão de Lc 9,62: "Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve
para o Reino de Deus." Introduz o
tema do capítulo 10.
• A dinâmica do
relato. O trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões
bastante densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e
à sua firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo
"designar": "designou setenta e dois outros discípulos e
mandou-os ..." (10,1), onde se especifica que os mandou adiante de si, ou
seja, com a mesma resolução que ele se encaminha para Jerusalém.
As recomendações, que Jesus lhes dá antes do envio, são um
convite para estar cientes da realidade em que eles são enviados: colheita
abundante em contraste com o pequeno número de operários. O Senhor da colheita
chega com toda a sua força, mas a alegria desta chegada é dificultada pelo
pequeno número de operários. Daí o convite categórico à oração: "Rogai ao
Senhor da messe que mande operários para a sua messe" (v. 2). A iniciativa
de enviar em missão é de responsabilidade do Pai, mas Jesus transmite a ordem:
"Ide", e, em seguida, indica como seguir (vv. 4-11). Ela começa com o
equipamento: sem bolsa, nem alforje, nem sandálias. Estes elementos denotam a fragilidade
daquele que é enviado e a sua dependência da ajuda que recebe do Senhor e dos
habitantes da cidade.
As prescrições positivas são sintetizadas em primeiro lugar
na chegada à casa (vv. 5-7) e, em seguida, no êxito na cidade (vv. 8-11). Em
ambos os casos não se exclui a rejeição. A casa é o primeiro lugar onde os
missionários tem os primeiros intercâmbios, os primeiros relacionamentos,
valorizando os gestos humanos de comer, beber e descansar, como mediações
simples e comuns para comunicar o evangelho. A “paz" é o dom que precede a
missão deles, ou seja, a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria
verdadeira e real é o sinal que marca a chegada do Reino. Não é necessário
buscar conforto, é essencial ser acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o
maior campo de missão: ali se desenvolve a vida, a atividade política, a
possibilidade de conversão, de aceitação ou rejeição.
A este último aspecto se une o ato de sacudir a poeira (vv.
10-11), como que se os discípulos, ao abandonar a cidade que os rejeitou,
dissessem aos moradores que estes não aprenderam nada ou ainda poderia
expressar o corte de relações. Finalmente, Jesus lembra a culpa daquela cidade
que se fecha para a proclamação do evangelho (v. 12).
Para um confronto
pessoal
1) Todos os dias,
você é enviado pelo Senhor para anunciar o Evangelho aos seus íntimos (a casa)
e aos homens (da cidade). Você está assumindo um estilo pobre, essencial, no
testemunho de sua identidade como um cristão?
2) Você está
ciente de que o sucesso de seu testemunho não depende de sua capacidade
individual, mas somente do Senhor que envia e da sua disponibilidade?
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