S. Tomás de Villanova, Bispo
Salmo Responsorial: Tob 13
R. Bendito seja Deus,
que vive eternamente.
Bendito seja Deus, que vive eternamente: o seu reino
permanece por todos os séculos. Nas suas mãos está o castigo e o perdão, a vida
e a morte, nada e ninguém escapa ao seu poder.
Dai-Lhe graças, filhos de Israel, diante das nações, porque
Ele vos dispersou no meio dos gentios, mas entre eles manifestou a sua
grandeza: Exaltai-O diante de todos os seres vivos.
Por nossos pecados Ele nos castiga, mas de novo usará de
misericórdia e vos reunirá de todas as nações, entre as quais vos dispersastes.
Na terra do meu exílio louvarei o meu Senhor, darei a
conhecer o seu poder e a sua grandeza a um povo de pecadores. Vinde, pecadores,
e praticai a justiça na sua presença: talvez vos mostre a sua benevolência e a
sua misericórdia.
Aleluia. Está próximo o reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no
Evangelho. Aleluia.
Evangelho (Lc 9,1-6): Jesus convocou os Doze e
deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças. Ele
os enviou para anunciar o Reino de Deus e curar os enfermos. E disse-lhes: «Não
leveis nada pelo caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem
duas túnicas. Na casa onde entrardes, permanecei ali, até partirdes daí. Quanto
àqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos
vossos pés, para que sirva de testemunho contra eles». Os discípulos partiram e
percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas por toda parte.
«Jesus convocou os Doze e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os
demônios e para curar doenças»
Rev. D. Jordi CASTELLET
i Sala (Sant Hipòlit de Voltregà, Barcelona, Espanha)
«Reunindo Jesus os Doze apóstolos, deu-lhes poder e
autoridade sobre todos os demônios, e para curar enfermidades» (Lc 9,1). Transtornos,
esses, que podemos identificar no mesmo Evangelho como doenças mentais.
O encontro com Cristo, pessoa completa e realizada, dá um
equilíbrio e uma paz capazes de serenar os ânimos e de fazer a pessoa se
reencontrar com ela mesma, dando claridade e luz em sua vida, bom para instruir
e ensinar, educar os jovens e os idosos e, encaminhar as pessoas pelo caminho
da vida, aquela que nunca haverá de murchar-se.
Os Apóstolos «partiram, pois, e percorriam as aldeias,
pregando o Evangelho e fazendo curas por toda parte» (Lc 9,6). Essa é também
nossa missão: viver e meditar o Evangelho, a mesma palavra de Jesus, a fim de
permitir que ela penetre no nosso penetrar interior. Assim, pouco a pouco,
poderemos encontrar o caminho a seguir e a liberdade a realizar. Como escreveu
são João Paulo II, «a paz deve realizar-se na verdade (...); deve realizar-se
em liberdade».
Que seja o próprio Jesus Cristo, que nos chamou à fé e à
felicidade eterna, quem nos encha de sua esperança e amor, Ele que nos deu uma
nova vida e um futuro inesgotável.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 9,1-2. Envio
dos doze para a missão. “Jesus convocou os Doze, e lhes deu poder e
autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. E os enviou a pregar o
Reino de Deus e a curar”. Chamando os
doze, Jesus intensificou o anúncio da Boa Nova. O objetivo da missão é simples
e claro: eles recebem poder e autoridade para expulsar os demônios, para curar
as doenças e para anunciar o Reino de Deus. Assim como o povo ficava admirado
diante da autoridade de Jesus sobre os espíritos impuros e diante da sua
maneira de anunciar a Boa Nova (Lc 4,32.36), o mesmo deverá acontecer com a
pregação dos doze apóstolos.
* Lucas 9,3-5. As
instruções para a Missão. Jesus os enviou com as seguintes recomendações:
não podem levar nada “nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas
túnicas”. Não podem andar de casa em
casa mas “em qualquer casa onde entrarem, fiquem aí, até se retirarem do lugar”
Caso não forem recebidos, “sacudam a poeira dos pés, como protesto contra
eles". Como veremos, estas recomendações estranhas para nós tem um
significado muito importante.
* Lucas 9,6. A
execução da missão. E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já
não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo.
Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de
todo o grupo.
* Os quarto pontos
básicos da missão. No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de
renovação: essênios, fariseus, zelotes. Também eles procuravam uma nova maneira
de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas
estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para
cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem
sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os
discípulos e as discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que nos
ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova:
1) Devem ir sem nada
(Lc 9,3; 10,4). Isto significa que Jesus os obriga a confiar na
hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que
vai ser recebido. Com esta atitude eles criticam as leis de exclusão, ensinadas
pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros
critérios de comunidade.
2) Devem ficar
hospedados na primeira casa até se retirar do lugar (Lc 9,4; 10,7). Isto é,
devem conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Devem trabalhar
como todo mundo e viver do que recebem em troca, “pois o operário merece o seu
salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles devem participar da vida e do
trabalho do povo, e o povo os acolherá na sua comunidade e partilhará com eles
casa e comida. Isto significa que devem confiar na partilha. Isto também
explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem: sacudir a
poeira dos pés, como protesto contra eles (Lc 10,10-12), pois não recusam algo
novo, mas sim o seu próprio passado.
3) Devem tratar dos
doentes e expulsar os demônios (Lc 9,1; 10,9; Mt 10,8). Isto é, devem
exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da
comunidade, os excluídos. Com esta atitude criticam a situação de desintegração
da vida comunitária do clã e apontam saídas concretas. A expulsão de demônios é
sinal de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).
4) Devem comer o que
o povo lhes dava (Lc 10,8). Não podem viver separados com sua própria
comida mas devem aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato com
o povo, não devem ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época.
Com esta atitude criticam as leis da pureza em vigor e mostram, pela nova
prática, que possuem outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
Estes eram os quatro pontos básicos da vida comunitária que
deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a
Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, partilha, comunhão de mesa, e
acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem
preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6;
Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é
uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz
presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em
comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e
que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus
queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do
Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
Para um confronto
pessoal
1. A participação
na comunidade tem ajudado você a acolher e a confiar mais nas pessoas,
sobretudo nos mais simples e pobres?
2. Qual o ponto
da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO