Salmo Responsorial: 12
R. Exulto de alegria
no Senhor.
Eu confiei na vossa bondade, o meu coração alegra-se com a
vossa salvação.
E cantarei ao Senhor pelo bem que me fez.
2ª Leitura (Rom 8, 28-30): Irmãos: Nós sabemos que
Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam, dos que são chamados,
segundo o seu desígnio. Porque os que Ele de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o Primogénito
de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; àqueles que
chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou.
Palavra do Senhor.
Aleluia. Sois ditosa, ó Virgem Santa Maria, sois digníssima de todos os
louvores, porque de Vós nasceu o sol da justiça, Cristo, nosso Deus.
Evangelho (Mt 1,1-16.18-23): Livro da origem de
Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão: Abraão gerou Isaac, Isaac gerou
Jacó, Jacó gerou Judá e seus irmãos, Judá gerou Farés e Zara, de Tamar. Farés
gerou Esrom; Esrom gerou Aram; Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson;
Naasson gerou Salmon; Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute.
Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, da mulher de
Urias. Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; Asa gerou
Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Ozias; Ozias gerou Jotão; Jotão gerou
Acaz; Acaz gerou Ezequias; Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou
Josias. Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. Depois
do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel;
Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; Azor gerou
Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou
Matã; Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu
Jesus, que é chamado o Cristo. No total, pois, as gerações desde Abraão até
Davi são quatorze; de Davi até o exílio na Babilônia, quatorze; e do exílio na
Babilônia até o Cristo, quatorze. Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim:
Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a
conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu
esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em
despedi-la secretamente. Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em
sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: «José, Filho de Davi, não tenhas receio
de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela
dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu
povo dos seus pecados». Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor
tinha dito pelo profeta: «Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um
filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus-conosco».
«Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será
chamado pelo nome de Emanuel»
+ Frei Agustí ALTISENT
i Altisent Monge de Santa Mª de Poblet (Tarragona, Espanha)
O Espírito Santo, que havia de realizar em Maria a
encarnação do Filho, penetrou, pois em nossa história desde muito longe, desde
muito cedo e, traçou um rumo até chegar a Maria de Nazaré e, através dela, a
seu filho Jesus. «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será
chamado Emanuel» (Mt 1,23). Quão espiritualmente delicadas deviam ser as
entranhas de Maria, seu coração e sua vontade, ao ponto de atrair a atenção do
Pai e a convertê-la em mãe do Deus-com-os-homens! Ele que tinha que levar a luz
e a graça sobrenaturais para a salvação de todos. Tudo, nesta obra, nos leva a
contemplar, admirar e adorar, na oração, a grandeza, a generosidade e a
simplicidade da ação divina, que enaltece e resgatará nossa estirpe humana
implicando-se de una maneira pessoal.
Mais além, no Evangelho de hoje, vemos como foi notificado a
Maria que traria a Deus, o Salvador do Povo. E pensemos que esta mulher, virgem
e mãe de Jesus, tinha que ser ao mesmo tempo, nossa mãe. Esta especial escolha
de Maria —«bendita entre todas as mulheres» (Lc 1,42) — faz com que nos
admiremos da ternura de Deus, na maneira de proceder; porque não nos redimiu
—por assim dizer— à distância, e sim se vinculando pessoalmente com nossa
família e nossa história. Quem podia imaginar que Deus ia ser tão grande, e ao
mesmo tempo tão condescendente, aproximando-se intimamente a nós?
Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Hoje, 8 de setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, o evangelho traz a genealogia ou a carteira de identidade de Jesus. Por meio de uma lista de nomes dos antepassados, o evangelista conta para as comunidades quem é Jesus e como Deus agiu de modo surpreendente para cumprir nele a sua promessa. As nossas carteiras de identidade têm o nosso nome e o nome dos nossos pais. Algumas pessoas, para dizer quem são, lembram também os nomes dos avôs e avós. Outras, têm vergonha de alguns antepassados da sua família, e se escondem atrás de aparências que enganam. A carteira de identidade de Jesus tem muitos nomes. Na lista destes nomes há uma grande novidade. Naquele tempo, as genealogias traziam somente os nomes dos homens. Por isso, surpreende o fato de Mateus colocar cinco mulheres entre os antepassados de Jesus: Tamar, Raab, Rute, a mulher de Urias e Maria. Por que ele escolheu precisamente estas cinco mulheres, e não outras? Esta é a pergunta que o evangelho de Mateus deixa na nossa cabeça.
* Mateus 1,1-17: A
longa lista dos nomes – o começo e o fim da genealogia. No começo e no
final da genealogia, Mateus deixa claro qual é a identidade de Jesus: ele é o
Messias, filho de Davi e filho de Abraão. Como descendente de Davi, Jesus é a
resposta de Deus às expectativas do povo judeu (2 Sm 7,12-16). Como descendente
de Abraão, ele é uma fonte de bênção e de esperança para todas as nações da
terra (Gn 12,13). Assim, tanto os judeus como os pagãos que faziam parte das
comunidades da Síria e da Palestina na época de Mateus, ambos podiam ver suas
esperanças realizadas em Jesus.
Ao elaborar a lista dos antepassados de Jesus, Mateus adotou
um esquema de 3 x 14 gerações (Mt 1,17). O número 3 é o número da divindade. O
número 14 é duas vezes 7, que é o número da perfeição. Naquele tempo, era comum
interpretar ou calcular a ação de Deus através de números e datas. Por meio
destes cálculos simbólicos, Mateus revela a presença de Deus ao longo das
gerações e exprime a convicção das comunidades de que Jesus apareceu no tempo
estabelecido por Deus. Com a sua chegada a história alcançou o seu pleno
cumprimento.
* A mensagem das
cinco mulheres citadas na genealogia. Jesus é a resposta de Deus às
expectativas tanto de judeus como de pagãos, sim, mas o é de uma forma
totalmente surpreendente. Nas histórias das quatro mulheres do AT, citadas na
genealogia, existe algo de anormal. As quatro eram estrangeiras, conceberam
seus filhos fora dos padrões normais do comportamento da época e não
satisfaziam às exigências das leis da pureza do tempo de Jesus. Tamar, uma cananeia,
viúva, se vestiu de prostituta para obrigar Judá a ser fiel à lei e dar-lhe um
filho (Gn 38,1-30). Raab, uma cananeia,
prostituta de Jericó, fez aliança com os israelitas. Ajudou-os a entrar na
Terra Prometida e professou a fé no Deus libertador do Êxodo (Js 2,1-21). Betsabea, uma hitita, mulher de Urias, foi
seduzida, violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar
o marido dela (2 Sm 11,1-27). Rute, uma
moabita, viúva pobre, optou para ficar com Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt
1,16-18). Aconselhada pela sogra Noemi, Rute imitou Tamar e passou a noite na
eira, junto com Booz, forçando-o a observar a lei e dar-lhe um filho. Da
relação entre os dois nasceu Obed, o avô do rei Davi (Rt 3,1-15;4,13-17). Estas
quatro mulheres questionam os padrões de comportamento impostos pela sociedade
patriarcal. Mesmo assim, suas iniciativas pouco convencionais deram
continuidade à linhagem de Jesus e trouxeram a salvação de Deus para todo o
povo. Foi através delas que Deus realizou seu plano e enviou o Messias
prometido. Realmente, o jeito de agir de Deus surpreende e faz pensar! No fim,
o leitor ou a leitora fica com a pergunta: “E Maria? Existe nela também alguma
irregularidade nela? Qual?” A resposta é dada na história de São José que segue
no texto (Mt 1,18-23).
* Mateus 1,18-23: São
José era justo. A irregularidade em Maria é que ela ficou grávida antes de
conviver com José, seu prometido esposo, que era justo. Jesus disse: “Se a
justiça de vocês não for maior que a justiça dos fariseus e escribas, não vão
poder entrar no Reino dos céus”. Se José tivesse sido justo conforme a justiça
dos fariseus, ele deveria ter denunciado Maria e ela teria sido apedrejada.
Jesus teria morrido. Graças à verdadeira justiça de José, Jesus pôde nascer.
Para um confronto
pessoal
1. Quando me
apresento aos outros, o que digo de mim mesmo e da minha família?
2. Se o
evangelista coloca apenas estas cinco mulheres ao lado de mais de quarenta
homens, ele, sem dúvida, quer comunicar uma mensagem. Qual é esta mensagem? O
que tudo isto nos diz sobre a identidade de Jesus? E o que diz sobre nós
mesmos?
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