sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Domingo XXV do Tempo Comum

 175 anos da aparição de Nossa Senhora da Salete
S. Gennaro, bispo e mártir

1ª Leitura (Sab 2,12.17-20): Disseram os ímpios: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação. Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a sua morte. Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas, para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.

Salmo Responsorial: 53

R. O Senhor sustenta a minha vida.

Senhor, salvai-me pelo vosso nome, pelo vosso poder fazei-me justiça. Senhor, ouvi a minha oração, atendei às palavras da minha boca.

Levantaram-se contra mim os arrogantes e os violentos atentaram contra a minha vida. Não têm a Deus na sua presença.

Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida. De bom grado oferecerei sacrifícios, cantarei a glória do vosso nome, Senhor.

2ª Leitura (Tg 3,16—4,3): Caríssimos: Onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más ações. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz. De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam nos vossos membros? Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.

Aleluia. Deus chamou-nos por meio do Evangelho, para alcançarmos a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aleluia.

Evangelho (Mc 9,30-37): Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. Ele ensinava seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará». Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar. Chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis pelo caminho?». Eles, no entanto, ficaram calados, porque pelo caminho tinham discutido quem era o maior. Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: «Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos!». Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: «Quem acolher em meu nome uma destas crianças, estará acolhendo a mim mesmo. E quem me acolher, estará acolhendo, não a mim, mas Àquele que me enviou».

«O Filho do Homem vai ser entregue (...). Morto, porém, três dias depois ressuscitará»

Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz (El Montanyà, Barcelona, Espanha)

Hoje, o Evangelho conta-nos que Jesus caminhava com os seus discípulos, evitando povoados, por uma grande planície. Para se conhecerem, não há nada melhor que caminhar e viajar em companhia. Surge então com facilidade a confidência. E a confidência é confiança. E a confiança é comunicar amor. O amor deslumbra e impressiona ao descobrirmos o mistério que se alberga no mais íntimo do coração humano. Com emoção, o Maestro fala aos seus discípulos do mistério que rói o seu interior. Umas vezes é ilusão, outras, ao pensá-lo, sente medo; a maioria das vezes sabe que não o entenderão. Mas eles são seus amigos, deve comunicar-lhes tudo o que recebeu do Pai e até agora assim o vem fazendo. Não o entendem, mas estão em sintonia com a emoção com que lhes fala, que é estima, prova de que eles contam com Ele, mesmo que seja pouca coisa, para conseguir que os seus projetos tenham êxito. Será entregue, o matarão, mas ressuscitará ao terceiro dia (cf. Mc 9,31).

Morte e ressurreição. Para uns serão conceitos enigmáticos; para outros axiomas inaceitáveis. Ele veio revela-lo, a gritar que chegou a sorte gozosa para o gênero humano, apesar que para que assim seja terá Ele, o amigo, o irmão mais velho, o Filho do Pai, que passar por cruéis sofrimentos. Mas, oh triste paradoxo: enquanto vive essa tragédia interior, eles discutem sobre quem subirá mais alto no pódio dos campeões, quando chegue ao final da corrida para o seu Reino. Agimos nós de maneira diferente? Quem está livre de ambição que atire a primeira pedra.

Jesus proclama novos valores. O importante não é triunfar, mas sim servir; assim o demonstrará no dia culminante do seu quefazer evangelizador, lavando-lhes os pés. A grandeza não está na erudição do sábio mas sim na ingenuidade da criança. «Ainda que soubesses de memória toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem caridade e sem graça de Deus?» (Tomás de Kempis). Saudando o sábio satisfazemos a nossa vaidade, abraçando o menino abraçamos a Deus e dele nos contagiamos e nos divinizamos.

A humildade nos ajuda a andar em verdade!

Postado por ✝ icatolica.com

A liturgia do 25º Domingo do Comum convida os crentes a prescindir da “sabedoria do mundo” e a escolher a “sabedoria de Deus”. Só a “sabedoria de Deus” – dizem os textos bíblicos deste domingo – possibilitará ao homem o acesso à vida plena, à felicidade sem fim.

Jesus, sabendo que os discípulos “haviam discutido entre si qual deles seria o maior” (Mc 9,34), lhes dá uma lição de humildade: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).

A humildade encontra-se nos fundamentos da vida interior, ou seja, ela está na raiz de outras virtudes. A humildade remove os obstáculos para que a pessoa receba as graças de Deus, já que “Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6). A humildade e a fé formam um par maravilhoso: a primeira remove os obstáculos à graça, entre os quais o orgulho; a segunda estabelece o primeiro contato com Deus.

A humildade se funda na verdade e na justiça. Santa Teresa dizia que a humildade é andar em verdade. A humildade nos dá o conhecimento, cada vez mais profundo, sobre nós mesmos. Também se funda na justiça porque exige que o ser humano dê a Deus toda a honra e toda a glória.

Na prática, humildade não é dizer que não se tem qualidades, quando na verdade se tem (isso seria hipocrisia); tampouco se trata de inventar qualidades que não possuímos (isso seria mentira e soberba). Não podemos buscar uma espécie de “humildade de jogadores de futebol” em entrevistas, mais ou menos assim e com os clássicos erros de português: “É, nós estamos de parabéns, apesar de nós não ter feito todos os gol que queria, agente seguimos as orientações do técnico e joguemos com humildade, e, provamos que com nós ninguém pode…”. Além de evitar este tipo de humildade, o cristão não pode ser uma pessoa encolhida: sem ideias próprias, meio covarde, com cara de coitado, um “Jeca Tatu”.

A humildade autoriza o filho de Deus a admirar todos os dons, naturais e sobrenaturais, que recebeu, mas sem atribuir-se a si mesmo o magnífico lenço pintado que vê em si, pois sabe que o divino Artista é Deus, para quem deve ir encaminhada toda a glória. Esta virtude também nos ajuda a ver a nossa pequenez e o quanto somos fracos. Em suma, a humildade é uma disposição da alma que nos inclina a moderar o apetite da própria excelência, levando-nos a evitar tanto a hipocrisia quanto a soberba.

A hipocrisia é ridícula! Andar cabisbaixo, com a cabeça meio torta e negar virtudes que se tem são, no fundo, características de uma falsa humildade. O curioso é que tais pessoas poderiam dizer de si mesmas: “eu sou um pobre pecador, não valho nada, sou um orgulhoso. Que Deus tenha pena de mim!”. Mas, se alguém lhe diz: “você é um orgulhoso e um pobre pecador”, então elas se irritam ao extremo. Ou seja: outros não podem dizer aquilo que elas dizem sem acreditar. É preciso lutar também contra a sensibilidade doentia: “o que pensarão de mim?”, “o que dirão de mim?”, “será que eles gostaram?”, “magoaram-me!” Nós não precisamos desprezar-nos diante dos outros para mostrar que somos humildes, mas também não precisamos supervalorizar-nos internamente. É suficiente mostrar-nos como somos, isto é, com autenticidade e moderando a própria desordem interior. Quando se é inteligente, por exemplo, e alguém elogia isso em nós, podemos dizer simplesmente um “obrigado”. Também é importante que, aceitado o elogio, dirijamos, no silêncio do nosso coração, esse louvor ao Senhor: “para Deus toda a glória!”

Por outro lado, não vamos andar por aí divulgando as nossas virtudes, os nossos cargos e as nossas responsabilidades; poderiam ser manifestações de soberba. Outra coisa seria a necessidade de utilizar alguma vez uma coisa meritória que tenhamos feito para reclamar um direito que por justiça nos pertence. Um exemplo: o aluno que estudou muito e fez uma boa prova tem o direito de que lhe deem uma boa nota; se fez uma ótima prova, a nota também deverá ser ótima. Não é soberba ir reclamar com o professor no caso de que a nota tenha sido baixa ou menor do que aquela que ele julgava justa. Em nome da verdade e sem falsa humildade, o tal aluno pode – e até deveria – reclamar e lutar pelos seus direitos.

Jesus nos convida hoje a reconquista da infância espiritual.

Protagonistas à primeira vista no evangelho de hoje: as crianças. Os japoneses tem a criança na vitrina, os alemães no colégio, os espanhóis nos altares. Os judeus, pelo contrário, aguentavam-na porque algum dia seria um adulto. A sua presencia não significava nada nas sinagogas, nem em nenhuma parte. Parecia que chegar a ser velho era o topo dos méritos. Conversar com uma criança era jogar fora as próprias palavras. Quando vemos os apóstolos afastando do seu Mestre os pequeninos, entendemos que não faziam senão o que teriam feito qualquer judeu da época. Mas Jesus quebraria com a sua época. Onde prevalecia a astúcia, entronizaria a simplicidade; onde mandava a força, levantaria a debilidade; num mundo de velhos, pediria aos seus apóstolos que se tornassem a ser como crianças.

A criança ordinariamente não tende a fazer trapaça, não é maliciosa (1 leitura). A criança nem se deixa levar da cobiça até o ponto de ambicionar o indesejável (2 leitura). A criança é transparente, sincera. Quem melhor entendeu esta infância espiritual que Santa Teresinha do Menino Jesus. Eis aqui as suas palavras: “posso, pois, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Engrandecer-me, é impossível! Tenho que me suportar assim como sou, com as minhas inumeráveis imperfeições; mas quero buscar o jeito de ir para o céu, por um caminhozinho muito reto, muito curto, por um caminhozinho inteiramente novo... Quero também encontrar um elevador para chegar até Jesus, já que sou pequena demais para subir pela rude escada da perfeição... Pedi, então, aos Livros Santos que me indiquem o elevador desejado, e encontrei estas palavras pronunciadas pela boca da mesma Sabedoria eterna: Se alguém for pequeno que venha a mim. Aproximei-me, pois, a Deus, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e, ao querer saber o que fará Deus com o pequeninho, continuei buscando, e eis aqui o que encontrei: Como uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu os consolarei; sereis levados ao meu peito, e eu os acariciarei sobre o meu colo... Ah, nunca tinham vindo para alegrar a minha alma umas palavras tão ternas e tão melodiosas. O elevador, que vai me levar para o céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isto, não tenho nenhuma necessidade de crescer, antes, pelo contrário, convém que continue sendo pequena e, cada dia, seja mais e mais”.

Jesus nos convida hoje a reconquista da infância espiritual. Deixo-lhes aqui uns parágrafos do meu livro sobre Jesus Cristo: “a infância que Jesus propõe não é o infantilismo, que é sinônimo de imaturidade, egoísmo, capricho. É, pelo contrário, a reconquista da inocência, da limpeza interior, do olhar limpo das coisas e das pessoas, desse sorriso sincero e cristalino, desse compartilhar generosamente as minhas coisas e o meu tempo. Infância significa simplicidade espiritual, esse não me complicar, não ser retorcido, não buscar segundas intenções. Infância espiritual significa confiança ilimitada em Deus, o meu Pai, fé serena e amor sem limites. Infância espiritual é não deixar envelhecer o coração, conservá-lo sempre jovem, terno, doce e amável. Infância espiritual é não pedir contar nem garantias a Deus. Agora bem, a infância espiritual não significa ignorância das coisas, mas o saber essas coisas, olhá-las, pensá-las, julgá-las como Deus faria. A tergiversação das coisas, a manipulação das coisas, os preconceitos e as reservas, já traz consigo a malícia de quem se acha inteligente e esperto. E esta malícia dá morte à infância espiritual. A infância espiritual não significa viver sem cruz, de costas para a cruz; não significa escolher o lado doce da vida, nem sequer nos esconder e vendar os nossos próprios olhos para não vermos o mal que pulula no nosso mundo. Não. A infância espiritual, compreendida muito bem por Santa Teresinha do Menino Jesus, supõe ver muito mais profundo os males e tratar de solucioná-los com a oração e o sacrifício. E diante da cruz, colocar um rosto sereno, confiante e inclusive sorridente. Quase ninguém das suas irmãs do Carmelo se dava conta do muito que sofria Santa Teresinha. Ela vivia abandonada nas mãos do seu Pai Deus. E isso era suficiente”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO