Salmo Responsorial: 115
R. Oferecer-Vos-ei,
Senhor, um sacrifício de louvor.
Como agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu? Elevarei
o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor,
o vosso nome. Cumprirei as minhas promessas ao Senhor na presença de todo o
povo.
Aleluia. Se alguém Me
ama, guardará a minha palavra, diz o Senhor; meu Pai o amará e faremos nele a
nossa morada. Aleluia.
Evangelho (Jo 19,25-27) - Naquele tempo, Junto
à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de
Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo
que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao
discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a
sua casa.
«Uma espada traspassará tua alma»
Dom Josep Mª SOLER OSB
Abade de Montserrat (Barcelona, Espanha)
Maria, como todo discípulo de Jesus, teve de aprender a
colocar as relações familiares em outro contexto. Também Ela, por causa do Evangelho,
tem que deixar ao Filho (cf. Mt 19,29), e há de aprender a não valorizar a
Cristo segundo a carne, ainda quando tinha nascido dela segundo a carne. Também
Ela há de crucificar sua carne (cf. Gl 5,24) para poder ir se transformando a
imagem de Jesus Cristo. Mas, o momento forte do sofrimento de Maria, no que Ela
vive mais intensamente a cruz, é o momento da crucificação e a morte de Jesus.
Também na dor, Maria é modelo de perseverança na doutrina
evangélica ao participar nos sofrimentos de Cristo com paciência (cf. Regra de
São Bento, Prólogo 50). Assim tem sido perante sua vida toda e, sobretudo, no
momento do Calvário. Assim, Maria transforma-se em figura e modelo para todo
cristão. Por ter estado estreitamente unida à morte de Cristo, também está unida
a sua ressurreição (cf. Rm 6,5). A perseverança de Maria na dor, fazendo a
vontade do Pai, lhe dá uma nova irradiação no bem da Igreja e da Humanidade.
Maria nos precede no caminho da fé e do seguimento de Cristo. E o Espírito
Santo nos conduz a nós a participar com Ela nessa grande aventura.
Reflexão Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* João 19, 25: As
mulheres e o Discípulo Amado junto à Cruz. Assim diz o Evangelho: “A mãe de
Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à
cruz”. A “fotografia” mostra a mãe junto do filho, em pé. Mulher forte, que não
se deixa abater. “Stabat Mater Dolorosa!” Ela é uma presença silenciosa que
apoia o filho na sua entrega até à morte, e morte de cruz (Fl 2,8). Além disso,
os “raios-X” da fé mostra como se realiza a passagem do AT para o NT. Como em
Caná, a Mãe de Jesus representa o AT. O Discípulo Amado representa o NT, a
comunidade que cresceu ao redor de Jesus. É o filho que nasceu do AT, a nova
humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. No fim do
primeiro século, alguns cristãos achavam que o AT já não era necessário. De
fato, no começo do segundo século, Márcion recusou todo o AT e ficou só com uma
parte do NT. Por isso, muitos queriam saber qual a vontade de Jesus a este
respeito.
* João 19,26-28: O Testamento
ou a Vontade de Jesus. As palavras de Jesus são significativas. Vendo sua
mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis
aí o seu filho." Depois disse ao discípulo: "Eis aí a sua mãe."
Os Antigo e o Novo Testamento devem caminhar juntos. A pedido de Jesus, o
discípulo amado, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. É na casa do
Discípulo Amado, na comunidade cristã, que se descobre o sentido pleno do AT. O
Novo não se entende sem o Antigo, nem o Antigo é completa sem o Novo. Santo
Agostinho dizia: “Novum in vetere latet, Vetus in Novo patet”. (O Novo está
escondido no Antigo. O Antigo desabrocha no Novo). O Novo sem o Antigo seria um
prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não
chegou a dar fruto.
* Maria no Novo
Testamento. De Maria se fala pouco no NT, e ela mesma fala menos ainda.
Maria é a Mãe do silêncio. A Bíblia conservou apenas sete palavras de Maria.
Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro
da casa de Maria e descobrir como ela se relacionava com Deus. A chave para
entender tudo isso é dada por Lucas nesta frase: “Felizes são aqueles que ouvem
a palavra de Deus e a põem em prática." (Lc 11,27-28).
1ª Palavra: "Como pode ser isso se eu não conheço homem
algum!" (Lc 1,34).
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim
segundo a tua palavra!" (Lc 1,38).
3ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor, exulta meu
espírito em Deus meu Salvador!" (Lc 1,46-55).
4ª Palavra: "Meu filho porque nos fez isso? Teu pai e
eu, aflitos, te procurávamos" (Lc 2,48).
5º Palavra: "Eles não tem mais vinho!" (Jo 2,3).
6ª Palavra: "Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo
2,5).
7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloquente que mil
palavras! (Jo 19,25-27)
Para um confronto
pessoal
1) Maria ao pé da
Cruz. Mulher forte, silenciosa. Como é minha devoção a Maria, a mãe de Jesus?
2) Na Pietá de
Miguelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que o próprio filho
crucificado, quando já devia ter no mínimo em torno de 50 anos. Perguntado por
que tinha esculpido o rosto da Maria tão jovem, Miguelangelo respondeu: “As
pessoas apaixonadas por Deus não envelhecem nunca”. Apaixonada por Deus! Existe
paixão por Deus em mim?
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