Bta Victoria Diez y Bustos de Molina, virgem e mártir, do Instituto Teresiano
Salmo Responsorial:
113
R. Aleluia.
Quando
Israel saiu do Egito, quando a casa de Jacob se afastou do povo estrangeiro,
Judá tornou-se o santuário do Senhor e Israel o seu domínio. Refrão
O mar viu e
recuou, o Jordão voltou atrás, os montes saltaram como carneiros, como
cordeiros as colinas.
Que tens, ó
mar, para fugires assim, e tu, Jordão, para voltares atrás? Montes, porque
saltais como carneiros, e vós, colinas, como cordeiros?
Treme, ó
terra, diante do Senhor, diante do Deus de Jacob, que transformou o rochedo em
lago e a pedra em fonte de água.
Aleluia. Fazei brilhar
sobre mim a vossa face e dai-me a conhecer os vossos decretos. Aleluia.
Evangelho (Mt
18,21—19,1): Naquele tempo, Pedro dirigiu-se a
Jesus perguntando: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar
contra mim? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Digo-te, não até sete vezes, mas
até setenta vezes sete vezes. O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que
resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe
um que lhe devia uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que
pagar, o senhor mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher, os
filhos e tudo o que possuía, para pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se
diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante
disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ao sair
dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia
irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’.
O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência comigo, e eu te
pagarei’. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que
pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros
servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o
senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei
toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do
teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor se irritou e mandou
entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim
que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de
coração ao seu irmão». Quando terminou essas palavras, Jesus deixou a Galileia
e foi para a região da Judéia, pelo outro lado do Jordão.
«Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?»
Rev. D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona, Espanha)
Jesus
responde com a lição de paciência. Na realidade, os dois devedores coincidem
quando dizem: «Tem paciência comigo» (Mt 18,26.29). Mas, enquanto o descontrole
do malvado, que já ia sufocando o outro por pouca coisa, lhe ocasionaria a
ruína moral e econômica, a paciência do rei, não só salva o devedor, sua
família e os bens, como engrandece a personalidade do monarca e gera confiança
na corte. A reação do rei, nos lábios de Jesus, nos recorda o livro dos Salmos:
«Mas em ti se encontra o perdão, para seres venerado com respeito» (Sal 130,4).
Está claro
que precisamos nos opor à injustiça, e, se necessário, energicamente (suportar
o mal seria um indício de apatia ou covardia). Mas, a indignação é saudável
quando nela não há egoísmo, nem ira, nem sandice, senão o desejo reto de
defender a verdade. A autêntica paciência é a que nos leva a suportar
misericordiosamente a contradição, a debilidade, as doenças, as faltas de
oportunidade das pessoas, dos acontecimentos ou das coisas. Ser paciente
equivale a dominar-se a si mesmo. As pessoas susceptíveis ou violentas não
podem ser pacientes porque nem pensam nem são donos de si mesmos.
A paciência
é uma virtude cristã porque faz parte da mensagem do Reino dos Céus, e se forja
na experiência de que todos nós temos defeitos. Se Paulo nos exorta a nos
suportarmos uns aos outros (cf. Col 3,12-13), Pedro nos recorda que a paciência
do Senhor nos dá a oportunidade de nos salvarmos (cf. 2 Pe 3,15).
Certamente,
quantas vezes a paciência do bom Deus nos perdoou no confessionário! Sete
vezes? Setenta vezes sete? Quiçá mais!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 18,21-22: Perdoar setenta
vezes sete! Diante
das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro
pergunta: “Quantas vezes devo perdoar? Sete vezes?” Sete é um número que indica
uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas
Jesus vai mais longe. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o
perdão: "Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” É como se
dissesse: “Sempre, não! Pedro, mas setenta vezes sempre!” Pois não há proporção
entre o amor de Deus para conosco e o nosso amor para com o irmão. Aqui se
evoca o episódio de Lamec do AT. “Lamec disse para as suas mulheres: Ada e
Sela, ouçam minha voz; mulheres de Lamec, escutem minha palavra: Por uma
ferida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança
de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete" (Gn
4,23-24). A tarefa das comunidades é a de reverter o processo da espiral da
violência. Para esclarecer a sua resposta a Pedro Jesus conta a parábola do
perdão sem limite.
* Mateus 18,23-27: A atitude do
patrão. Esta
parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um patrão, mas pensa em Deus.
Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de se
tratar de coisas normais diárias, existe algo nesta história que não acontece
nunca na vida diária. Na história que Jesus conta, o patrão segue as normas do
direito da época. Era um direito dele de prender o empregado com toda a sua
família e mantê-lo na prisão até que tivesse pago pelo trabalho escravo a sua
dívida. Mas diante do pedido do empregado endividado, o patrão perdoa a dívida.
O que chama a atenção é o tamanho da dívida: dez mil talentos. Um talento
equivale a 35 kg de ouro. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem
a 350 toneladas de ouro. Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem
trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 350 toneladas de
ouro. O cálculo extremo é proposital. Nossa dívida frente a Deus é incalculável
e impagável.
* Mateus 18,28-31: A atitude do
empregado. Ao sair
daí, esse empregado perdoado encontrou um de seus companheiros que lhe devia
cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague logo
o que me deve'. Dívida de cem denários é o salário de cem dias de trabalho.
Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação
entre os dois! Nem dá para entender a atitude do empregado: o patrão lhe
perdoou 350 toneladas de outro e ele não quer perdoar 30 gramas de ouro. Em vez
de perdoar, ele faz com o companheiro aquilo que o patrão ia fazer, mas não
fez. Mandou prender o companheiro de acordo com as normas da lei, até que fosse
paga a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Chocou os outros
companheiros. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito
tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. Qualquer um de nós teria
tido a mesma atitude de desaprovação.
* Mateus 18,32-35: A atitude de
Deus. “O patrão
mandou chamar o empregado, e lhe disse: 'Empregado miserável! Eu lhe perdoei
toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter
compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?' O patrão indignou-se, e
mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua
dívida”. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350
toneladas de ouro, é nada mais que justo que nós perdoemos ao irmão a pequena
dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites. O único limite
para a gratuidade da misericórdia de Deus vem de nós mesmos, da nossa
incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai
Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido” (Mt 6,12-15).
A comunidade como espaço alternativo
de solidariedade e fraternidade. A
sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os
pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As
sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas
comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro
da convivência os mesmos critérios da sociedade e da sinagoga. Assim, nas
comunidades começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e
na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e
religião. Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, tornava-se um
lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a
caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades
sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma
Boa Notícia para os pobres.
Para um confronto pessoal
1) Perdoar. Tem gente que diz: “Perdoo, mas não esqueço!”
E eu? Sou capaz de imitar a Deus?
2) Jesus deu o exemplo. Na hora de ser morto pediu perdão
para os seus assassinos (Lc 23,34). Será que sou capaz de imitar Jesus?
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