Sta.
Teresa de Jesus dos Andes, Virgem de nossa Ordem
Sto.
Henrique, imperador
1ª Leitura (Ex
2,1-15a): Naqueles dias, um homem da família
de Levi tomou como esposa uma jovem da mesma tribo. A mulher concebeu e deu à
luz um filho e, vendo como era belo, escondeu-o durante três meses. Como não
podia mantê-lo oculto por mais tempo, arranjou uma cesta de papiro, calafetou-a
com betume e pez, meteu nela o menino e colocou-a entre os juncos, à beira do
rio, enquanto a irmã dele ficava a certa distância, para ver o que iria
acontecer-lhe. Ora a filha do faraó desceu ao rio para se banhar, enquanto as
suas donzelas passeavam ao longo da margem. Então ela avistou a cesta no meio
dos juncos e mandou a uma serva que a fosse buscar. Abriu-a e viu a criança:
era um menino a chorar. Teve pena dele e exclamou: «É um filho de hebreus». A
irmã dele disse à filha do faraó: «Queres que eu vá procurar, entre as mulheres
hebreias, uma ama para criar este menino? ». «Vai!» – disse a filha do faraó. E
a jovem foi chamar a mãe da criança. Disse-lhe a filha do faraó: «Leva este
menino, a fim de o criares para mim, e eu própria te darei o teu salário».
Então a mulher levou a criança e amamentou-a. Quando o menino cresceu, trouxe-o
à filha do faraó, que o adoptou como filho e lhe deu o nome de Moisés, dizendo:
«Salvei-o das águas». Certo dia, quando Moisés já era homem, foi ter com os
seus irmãos e viu como eram duros os trabalhos a que os sujeitavam. Viu também
um egípcio agredir um dos hebreus, seus irmãos. Olhou para todos os lados e,
não vendo ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia. Ao voltar no dia
seguinte, estavam dois hebreus a lutar um contra o outro. Disse então ao
agressor: «Porque bates no teu companheiro? ». Mas ele respondeu-lhe: «Quem te
fez nosso chefe ou nosso juiz? Pretendes matar-me como fizeste ao egípcio?».
Moisés assustou-se, pensando consigo: «Certamente o facto é conhecido». O faraó
ouviu falar do caso e procurava dar a morte a Moisés. Então Moisés fugiu para
longe e foi refugiar-se na terra de Madiã.
Salmo Responsorial: 68
R. Humildes, procurai o Senhor.
Atolei-me
na lama do abismo e não tenho onde apoiar-me. Cheguei até ao fundo das águas e
as ondas me submergiram.
A Vós, Senhor,
elevo a minha súplica, no momento propício, meu Deus. Pela vossa grande
bondade, respondei-me, em prova da vossa salvação.
Eu sou
pobre e miserável: defendei-me, ó Deus, com a vossa proteção. Louvarei com
cânticos o nome de Deus e em ação de graças O glorificarei.
Vós,
humildes, olhai e alegrai-vos, buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres e não despreza os cativos.
Aleluia. Se hoje
ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Aleluia.
Evangelho (Mt
11,20-24): Naquele tempo, Jesus começou a
censurar as cidades nas quais tinha sido realizada a maior parte de seus
milagres, porque não se converteram. «Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Se
em Tiro e Sidônia se tivessem realizado os milagres feitos no meio de vós, há
muito tempo teriam demonstrado arrependimento, vestindo-se de saco e cobrindo-se
de cinza. Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma
sentença menos dura do que vós. E tu, Cafarnaum! Acaso serás elevada até o céu?
Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no meio de ti se
tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! Eu, porém, te digo: no
dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura do que tu!».
«Ai de ti, Corazim! Ai
de ti, Betsaida!»
Fr. Damien LIN Yuanheng (Singapore, Singapura)
Hoje,
Cristo repreende a duas cidades de Galileia, Corozain e Betsaida, por sua
incredulidade: «Ai de ti, Corozaín! ¡Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e no
Sidon, tivessem feito os milagres que se fizeram em vocês, (...) “teriam se
convertido» (Mt 11,21). Jesus mesmo dá depoimento em favor das cidades
fenícias, Tiro e Sidon: estas teriam feito penitência, com grande humildade, de
ter experimentado as maravilhas do poder divino.
Ninguém é
feliz recebendo uma boa repreensão. No entanto, deve ser especialmente doloroso
ser repreendido por Cristo, Ele que nos ama com um coração infinitamente
misericordioso. Simplesmente, não há desculpa, não há imunidade quando se é
repreendido pela própria Verdade. Recebamos, então, com humildade e
responsabilidade cada dia o chamado de Deus à conversão.
Também
notamos que Cristo não anda com rodeios. Ele situou a sua audiência frente a
frente diante da verdade. Devemos examinar-nos sobre como falamos de Cristo aos
outros. Frequentemente, também nós temos que lutar contra nossos respeitos
humanos para pôr os nossos amigos diante das verdades eternas, tais como a
morte e o juízo. O Papa Francisco, conscientemente, descreveu são Paulo como um
“escandaloso”: «O Senhor sempre quer que vamos mais longe... Que não nos
refugiemos em uma vida tranquila nem nas estruturas caducas (…). E Paulo,
incomodava predicando o Senhor. Mas ele ia adiante, porque tinha dentro de sí
aquela atitude cristã que é o cuidado apostólico. Não era um “homem de
compromisso”». Não devemos evadir do nosso dever de caridade!
Talvez,
como eu, encontrarás iluminadoras estas palavras de são Josémaria Escrivá: «(…)
Trata-se de falar em sábio, em cristão, mas de modo acessível a todos». Não
podemos dormir no ponto —acomodar-nos— para sermos entendidos por muitos, pois
devemos pedir a graça de ser humildes instrumentos do Espírito Santo, com o fim
de situar de cheio a cada homem e a cada mulher diante da Verdade divina.
«Ai de ti, Corazim! Ai
de ti, Betsaida!»
Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz (El Montanyà,
Barcelona, Espanha)
Hoje, o
Evangelho nos fala do juízo histórico de Deus sob Corazim, Cafarnaum e outras
cidades: «Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Se em Tiro e Sidônia se
tivessem realizado os milagres feitos no meio de vós, há muito tempo teriam
demonstrado arrependimento (...)» (Mt 11,21). Tenho meditado essa passagem
entre suas escuras ruínas, que é tudo o que fica delas. Minha reflexão não me
deixou alegre pelo fracasso que sofreram. Pensava: nas nossas populações, em
nossos bairros, nas nossas casas, por elas também passou o Senhor e o levamos
em conta? Eu o levei em conta?
Com uma
pedra na mão, tenho falado comigo mesmo: algo assim ficará de minha existência
histórica, se não vivo responsavelmente a visita do Senhor. Lembrei ao poeta:
«Alma, assoma-te agora à janela: verás com quanto amor chamar porfia» e,
envergonhado reconheço que eu também tenho dito: «Amanhã lhe abriremos... Para
o mesmo responder amanhã» (Lope de Vega).
Quando
atravesso as inumanas ruas de nossas cidades dormitório, penso: o que pode-se
fazer entre esses habitantes com quem me sinto incapaz de estabelecer um
diálogo, com quem não posso compartilhar minhas ilusões, a quem me é impossível
transmitir o amor de Deus? Lembro, então, o lema que escolheu São Francisco de
Sales ao ser nomeado bispo da Genebra o máximo expoente da Reforma protestante
naquele tempo: «Precisamos aprender a florescer, onde Deus nos plantou». E, se
com uma pedra na mão meditava o juízo severo de Deus que, pode recair sob mim,
em outros momentos com uma florzinha silvestre, nascida entre as ervas e o
excremento da alta montanha, acho que não devo perder a Esperança. Devo
corresponder à bondade que Deus tem me oferecido e, assim a minha pequena
generosidade depositada no coração daquele que cumprimento, o olhar interessado
e atento daquele que me pede uma informação, o sorriso dirigido ao que me cedeu
o passo, florescerá no futuro. E, nosso entorno não perderá a Fé.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O Sermão da Missão ocupou o
capítulo 10. Os
capítulos 11 e 12 vão descrever como Jesus realizava a Missão. Ao longo destes
dois capítulos, aparecem as adesões, as dúvidas e as recusas que a ação
evangelizadora de Jesus ia provocando. João Batista, que olhava Jesus com os
olhos do passado, não conseguia entendê-lo (Mt 11,1-15). O povo, que olhava
para Jesus com finalidade interesseira, não foi capaz de entendê-lo (Mt
11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus
e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (é o texto do
evangelho de hoje) (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que apreciavam tudo a
partir da sua própria ciência, não foram capazes de entender a pregação de
Jesus (Mt 11,25). Os fariseus que confiavam só na observância da lei,
criticavam Jesus (Mt 12,1-8) e decidiram matá-lo (Mt 12,9-14). Diziam que Jesus
agia em nome de Belzebu (Mt 12,22-37). Queriam dele uma prova para poder crer
nele (Mt 12,38-45). Nem os parentes apoiavam Jesus (Mt 12,46-50). Só os
pequenos e o povo doente o entendiam e aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt
11,25-30). Iam atrás dele (Mt 12,15-16) e viam nele o Servo anunciado por
Isaías (Mt 12,17-21).
* Esta maneira de descrever a ação missionária de Jesus
era uma advertência clara para os discípulos e discípulas que andavam com Jesus
pela Galileia. Não podiam esperar muita recompensa nem elogio pelo fato de
serem missionários de Jesus. A advertência vale também para nós que hoje lemos
e meditamos este mesmo Sermão da Missão, pois os evangelhos são escritos
envolventes. Eles nos convidam a confrontar nossa atitude frente a Jesus com a
atitude das personagens que aparecem no evangelho e a nos perguntar se somos
como João Batista (Mt 11,1-15), como o povo interesseiro (Mt 11,16-19), como as
cidades incrédulas (Mt 11,20-24), como os doutores que pensavam saber tudo e
não entendiam nada (Mt 11,25), como os fariseus que só sabiam criticar (Mt
12,1-45) ou como o povo pequeno que andava à procura de Jesus (Mt 12,15) e que,
com a sua sabedoria, soube entender e aceitar a mensagem do Reino(Mt 11,25-30).
* Mateus 11,20: A palavra contra as
cidades que não o receberam. O
espaço por onde Jesus andou durante aqueles três anos da sua vida missionária
era pequeno. Abrangia uns poucos quilômetros quadrados ao longo do Mar da Galileia
em torno das cidades Cafarnaum, Betsaida e Corazain. Só! Ora, foi neste espaço
tão pequeno que Jesus realizou a maior parte dos seus discursos e milagres. Ele
veio salvar a humanidade inteira, e quase não saiu do limitado espaço da sua
terra. Tragicamente, Jesus teve que constatar que o povo daquelas cidades não
quis aceitar a mensagem do Reino e não se converteu. As cidades se fixaram na
rigidez das suas crenças, tradições e costumes e não aceitaram o convite de
Jesus mudar de vida.
* Mateus 11,21-24: Corazain,
Betsaida e Cafarnaum são piores que Tiro, Sidônia e Sodoma. No passado, Tiro e Sidônia, inimigos
ferrenhos de Israel, maltrataram o povo de Deus. Por isso, foram amaldiçoadas
pelos profetas (Is 23,1; Jr 25,22; 47,4; Ez 26,3; 27,2; 28,2; Jl 4,4; Am 1,10).
E agora, Jesus diz que estas cidades, símbolos de toda a malvadeza, já teriam
feito conversão se nelas tivessem acontecido tantos milagres como em Corazain e
Betsaida. A cidade de Sodoma, símbolo da pior perversão, foi destruída pela ira
de Deus (Gn 18,16 a 19,29). E agora, Jesus diz que Sodoma existiria até hoje,
pois teria feito a conversão se tivesse visto os milagres que Jesus fez em
Cafarnaum. Hoje continua o mesmo paradoxo. Muitos de nós, que somos católicos
desde criança, temos tantas convicções consolidadas, que ninguém é capaz de nos
converter. E em alguns lugares, o cristianismo, em vez de ser fonte de mudança
e de conversão, tornou-se o reduto das forças mais reacionárias da política do
país.
Para um confronto pessoal
1) Como me coloco diante da Boa Nova de Jesus: como João
Batista, como o povo interesseiro, como os doutores, como os fariseus ou como o
povo pequeno e pobre?
2) Minha cidade e meu país merecem a advertência de Jesus
contra Cafarnaum, Corazaim e Betsaida?
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