Sta. Maria Goretti, virgem e mártir
Salmo Responsorial: 16
R. Pela vossa bondade, Senhor, espero
contemplar o vosso rosto.
Ouvi,
Senhor, uma causa justa, atendei a minha súplica. Escutai a minha oração, feita
com sinceridade.
Sede Vós a
fazer o meu julgamento, pois vossos olhos veem o que é certo. Se perscrutais o
meu coração e o provais com o fogo, não encontrareis em mim iniquidade.
Eu Vos
invoco, meu Deus, respondei-me, ouvi-me e escutai as minhas palavras. Mostrai a
vossa admirável misericórdia, Vós que salvais quem se acolhe à vossa direita.
Protegei-me
à sombra das vossas asas, longe dos ímpios que me fazem violência. Por minha
parte, mereça eu contemplar a vossa face e, ao despertar, saciar-me com a vossa
imagem.
Aleluia. Eu sou o bom
pastor, diz o Senhor; conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. Aleluia.
Evangelho (Mt
9,32-38): Naquele tempo as pessoas trouxeram a
Jesus um possesso mudo. Expulso o demônio, o mudo começou a falar. As multidões
ficaram admiradas e diziam: «Nunca se viu coisa igual em Israel». Os fariseus,
porém, diziam: «É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios». Jesus
começou a percorrer todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas,
proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade.
Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam
cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos
discípulos: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois,
ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!».
«Pedi, pois, ao Senhor
da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!»
Rev. D. Joan SOLÀ i Triadú (Girona, Espanha)
Jesus não
se abala ante a aversão dos fariseus, Ele continua fiel à sua missão. Na
verdade, Jesus, ante a evidência de que os guias de Israel, ao invés de guiar e
instruir o rebanho, o estavam afastando do bom caminho, apiedou-se daquela
multidão cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Que as multidões desejam e
agradeçam uma boa orientação ficou comprovado nas visitas pastorais do São João
Paulo II a tantos países do mundo. Quantas multidões reunidas em volta dele!
Como escutavam sua palavra, sobretudo os jovens! E o Papa não rebaixava o
Evangelho, mas o pregava com todas as suas exigências.
Todos nós,
«se fôssemos consequentes com a nossa fé - nos diz São Josémaria Escrivá - se
olhássemos à nossa volta e contemplássemos o espetáculo da História e do Mundo,
não poderíamos senão deixar crescer nos nossos corações os mesmos sentimentos
que animaram os de Jesus Cristo», o que nos conduziria a uma generosa tarefa
apostólica. Mas é evidente a desproporção que existe entre o grande número de
pessoas que esperam a pregação da Boa Nova e a escassez de operários. A solução
Jesus nos dá ao final do Evangelho: Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie
trabalhadores para sua colheita! (cf. Mt 9,38).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 9,32-33a: A cura de um
mudo. Num único
versículo, Mateus descreve como trouxeram um endemoninhado mudo até Jesus, como
Jesus expulsou o demônio e como o mudo começou a falar de novo. O que
impressiona na atitude de Jesus, aqui e em todos os quatro evangelhos, é o
cuidado e o carinho com as pessoas doentes. As doenças eram muitas, e a
previdência social, inexistente. As doenças não eram só as deficiências
corporais: mudez, surdez, paralisia, lepra, cegueira e tantos outros males. No
fundo, estas doenças eram apenas a manifestação de um mal muito mais amplo e
mais profundo que arruinava a saúde do povo, a saber, o total abandono e o
estado deprimente e desumano em que ele era obrigado a viver. As atividades e
as curas de Jesus se dirigiam não só contra as deficiências corporais, mas
também e sobretudo contra esse mal maior do abandono material e espiritual em
que o povo era condenado a passar os poucos anos da sua vida. Pois, além da
exploração econômica que roubava a metade do orçamento familiar, a religião
oficial da época, em vez de ajudar o povo a encontrar em Deus uma força para
resistir e ter esperança, ensinava que as doenças eram castigo de Deus pelo
pecado. Aumentava nele o sentimento de exclusão e de condenação. Jesus fazia o
contrário. O acolhimento cheio de ternura e a cura dos enfermos faziam parte do
esforço mais amplo para refazer o relacionamento humano entre as pessoas e
restabelecer a convivência comunitária e fraterna nos povoados e aldeias da Galileia,
sua terra.
* Mateus 9,33b-34: A dupla
interpretação da cura do mudo. Diante
da cura do endemoninhado mudo, a reação do povo é de admiração e de gratidão:
“Nunca se viu coisa semelhante em Israel!” A reação dos fariseus é de
desconfiança e de malícia: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulse os
demônios!” Não podendo negar os fatos que provocam a admiração do povo, a única
maneira que os fariseus encontravam para neutralizar a influência de Jesus
junto ao povo era atribuir a expulsão ao poder maligno. Marcos traz uma longa
argumentação de Jesus para mostrar a malícia e a falta de coerência da
interpretação dos fariseus (Mc 3,22-27). Mateus não traz nenhuma resposta de
Jesus à interpretação dos fariseus, pois quando a malícia é evidente, a verdade
brilha por si mesma.
* Mateus 9,35: Incansável, Jesus percorre os povoados. É bonita a descrição da atividade
incansável de Jesus, na qual transparece a dupla preocupação a que aludimos: o
acolhimento cheio de ternura e a cura dos enfermos: “Jesus percorria todas as
cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do
Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Nos capítulos anteriores, Mateus
já tinha aludido várias vezes a esta atividade ambulante de Jesus pelos
povoados Galileia (Mt 4,23-24; 8,16).
* Mateus 9,36: A compaixão de Jesus. “Vendo as multidões, Jesus teve
compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm
pastor”. Os que deviam ser os pastores não eram pastores, não cuidavam do
rebanho. Jesus procura ser o pastor (Jo 10,11-14). Mateus vê aqui a realização
da profecia do Servo de Javé que “levou nossas enfermidades e carregou nossas
doenças” (Mt 8,17 e Is 53,4). Como Jesus, a grande preocupação do Servo era
“encontrar uma palavra de conforto para quem estava desanimado” (Is 50,4). A
mesma compaixão para com o povo abandonado, Jesus a mostrou por ocasião da
multiplicação dos pães: são como ovelhas sem pastor (Mt 15,32). O evangelho de
Mateus tem uma preocupação constante em revelar aos judeus convertidas das
comunidades da Galileia e da Síria que Jesus é o Messias anunciado pelos
profetas. Por isso, frequentemente, ele mostra como nas atividades de Jesus se
realizam as profecias (cf. Mt 1,23; 2,5.15.17.23; 3,3; 4,14-16; etc).
* Mateus 9,37-38: A messe é grande e os operários são poucos. Jesus transmite aos discípulos a
preocupação e a compaixão que o animam por dentro: "A colheita é grande,
mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande
trabalhadores para a colheita".
Para um confronto pessoal
1) Compaixão diante das multidões cansadas e famintas. Na
história da humanidade, nunca houve tanta gente cansada e faminta como hoje. A
TV divulga os fatos, mas não oferece resposta. Será que nós cristãos
conseguimos ter em nós a mesma compaixão de Jesus e irradiá-la aos outros?
2) A bondade de Jesus para com os pobres incomodava os
fariseus. Estes recorrem à malícia para desfazer e neutralizar o incômodo que
Jesus causava. Existem muitas atitudes boas nas pessoas que me incomodam? Como
eu as interpreto: com admiração agradecida como o povo ou com malícia como os
fariseus?
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