São Boaventura, bispo e doutor da Igreja
Salmo Responsorial:
104
R. O Senhor recorda a sua aliança
para sempre.
Dai graças
ao Senhor, aclamai o seu nome, anunciai entre os povos as suas obras. Recordai
as maravilhas que Ele operou e os seus prodígios e os oráculos da sua boca.
Ele recorda
para sempre a sua aliança, a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto
que estabeleceu com Abraão, o juramento que fez a Isaac.
Deus
multiplicou o seu povo e tornou-o mais forte que seus inimigos. Mudou-lhes o
coração e odiaram o seu povo e trataram com perfídia os seus servos.
Enviou
então Moisés, seu servo, e Aarão, seu escolhido, que realizaram prodígios no
meio deles e milagres na terra de Cam.
Aleluia. Vinde a Mim,
todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.
Aleluia.
Evangelho (Mt
11,28-30): Naquele tempo, disse Jesus, «vinde a
mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei
descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e
o meu fardo é leve».
«Vinde a mim, todos
vós que estais cansados (…) e encontrareis descanso para vós»
P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
Consolo,
porque estas palavras contem a promessa do alívio que provem do amor de Deus.
Alegria, porque fazem que o coração manifeste na vida, a segurança na fé dessa
promessa. Esperanças, porque caminhando, num mundo assim de definido contra
Deus e nós os que acreditamos em Cristo sabemos que não tudo acaba com um fim,
senão que muitos “fins” foram “inícios” de coisas muito melhores, como o
mostrou sua própria ressurreição.
Nosso fim,
para começo de novidades no amor de Deus, é estar sempre com Cristo. Nossa meta
é ir indefectivelmente ao amor de Cristo, “jugo” de uma lei que não se baseia
na limitada capacidade dos voluntarismos humanos, senão na eterna vontade
salvadora de Deus.
Nesse
sentido nos dirá Bento XVI numa de suas Catequeses: «Deus tem uma vontade com e
para conosco e, esta deve se converter no que queremos e somos. A essência do
céu estriba em que se cumpra sem reservas a vontade de Deus, ou para di-lo em
outros termos, onde se cumpre a vontade de Deus há céu. Jesus mesmo é “céu” no
sentido mais profundo e verdadeiro da palavra, Nele em quem e através de quem
se cumpre totalmente a vontade de Deus. Nossa vontade nos afasta da vontade de
Deus e nos transforma em mera “terra”. Mas, Ele nos aceita, nos atrai para Si
e, em comunhão com Ele, aprendemos a vontade de Deus» Que assim seja, então.
«Vinde a mim, todos
vós que estais cansados»
Ir. Lluís SERRA i Llançana (Roma, Itália)
Hoje à luz
do Evangelho, podemos revisar qual é nossa concepção de Deus. Como vivo e sinto
a Deus no meu interior? Que sentimentos me provocam sua presença na minha vida?
Jesus oferece sua compreensão quando sentimos o cansaço e temos vontade de
repousar: «Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos
aliviarei». (Mt 11,28). Talvez temos lutado para ser perfeitos e no fundo a
única coisa que queremos é sentir-nos amados. Em suas palavras encontramos
resposta a nossa crise de sentido. Nosso ego joga-nos maus momentos e não nos
permite ser tão bons como quiséssemos. Não vemos talvez a luz em determinadas
épocas. Santa Juliana de Norwich, mística inglesa do século XIV, entendeu a
mensagem de Jesus e escreveu: «Tudo irá bem, todas as coisas irão bem».
A proposta
de Jesus —«aprendei de mim» (Mt 11,29) — implica seguir seu estilo de
benevolência (querer o bem para todos) e de humildade de coração (virtude que
faz referência a tocar de pés a terra e, a que só a Graça Divina nos pode fazer
levantar o voo). Ser discípulo exige aceitar o jugo de Jesus, lembrando que seu
jugo é «suave» e seu peso é «leve». Mas eu não sei se estamos convencidos que
isso é assim. Viver como pessoa cristã em nosso contexto não é fácil, pois
optamos por valores contra a corrente. Não se deixar levar pelo dinheiro, pelo
prestígio ou pelo poder exige um esforço. Se o queremos fazer sozinhos, se
transformará em uma empresa impossível. Com Jesus tudo é possível e suave.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 11,25-26: Só os pequenos
entendem e aceitam a Boa Nova do Reino. Jesus faz uma prece: "Eu te louvo, Pai, Senhor do
céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as
revelaste aos pequenos”. Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado um
sistema de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus (Mt 23,3-4). Eles
achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida
por Jesus, dizia o contrário. O que importa para salvar-nos, não é o que nós
fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! Deus
quer misericórdia e não sacrifício (Mt 9,13). O povo pequeno e pobre entendia
esta fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios diziam que Jesus estava errado. Eles
não podiam entender tal ensinamento. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! É do agrado do Pai que os pequenos entendam a
mensagem do Reino e que os sábios e entendidos não o entendam! Se eles quiserem
entendê-lo deverão fazer-se alunos dos pequenos! Este modo de pensar e ensinar
subverte a convivência e incomoda.
* Mateus 11,27: A origem da nova
Lei: o Filho conhece o Pai. Aquilo
que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revela aos
pequenos, porque estes se abrem para a sua mensagem. Jesus, o Filho, conhece o
Pai. Ele sabe o que o Pai nos queria comunicar quando, séculos atrás, entregou
sua Lei a Moisés. Hoje também, Jesus está ensinando muita coisa aos pobres e
pequenos e, através deles, à toda a sua Igreja.
* Mateus 11,28-30: O convite de
Jesus que vale até hoje. Jesus
convida a todos que estão cansados para vir até ele, e lhes promete descanso.
Nós, das comunidades de hoje, deveríamos ser a continuação deste mesmo convite
que Jesus dirigia ao povo cansado e oprimido debaixo do peso das observâncias
exigidas pelas leis de pureza. Ele dizia: “Aprendam de mim que sou manso e
humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo
submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele
pede que o povo deixe de lado “os sábios e entendidos”, os professores de
religião da época, e comece a aprender dele, de Jesus, um camponês do interior
da Galileia, sem instrução superior, que se diz "manso e humilde de
coração". Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência,
mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabia
por experiência o que se passava no coração do povo e o que o povo sofria. Ele
o viveu e conheceu de perto durante os trinta anos em Nazaré.
* O jeito de Jesus praticar o que
ensinou no Sermão da Missão. Uma
paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino. Paixão pelo
Pai e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Onde encontrava gente para
escutá-lo, Jesus transmitia a Boa Nova. Em qualquer lugar. Nas sinagogas
durante a celebração da Palavra (Mt 4,23). Nas casas de amigos (Mt 13,36).
Andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8). Ao longo do mar, à beira da
praia, sentado num barco (Mt 13,1-3). Na montanha, de onde proclamou as
bem-aventuranças (Mt 5,1). Nas praças das aldeias e cidades, onde o povo
carregava seus doentes (Mt 14,34-36). Mesmo no Templo de Jerusalém, durante as
romarias (Mt 26,55)! Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o animava por
dentro! Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era e continua
sendo uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser
humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida. O evangelho de hoje revela
a ternura com que Jesus acolhia os pequenos. Ele queria que eles encontrassem
descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pequenos e excluídos, Jesus foi
criticado e perseguido. Sofreu muito! O mesmo acontece hoje. Quando uma
comunidade se abre e procura ser um lugar de acolhida e consolo, de descanso e
paz também para os pequenos e excluídos de hoje que os estrangeiros e
imigrantes, muitas pessoas reclamam e criticam.
Para um confronto pessoal
1) Você já experimentou alguma vez o descanse que Jesus
prometeu?
2) Como as palavras de Jesus podem ajudar a nossa
comunidade a ser um lugar de descanso para as nossas vidas?
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