Salmo Responsorial:
105
R. Dai graças ao Senhor, porque Ele
é bom.
Dai graças
ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Quem poderá
contar as obras do Senhor e apregoar todos os seus prodígios?
Felizes os
que observam os seus preceitos e praticam sempre o que é justo. Lembrai-Vos de
nós, Senhor, por amor do vosso povo.
Visitai-nos
com a vossa salvação, para que vejamos a felicidade dos vossos eleitos,
rejubilemos com a alegria do vosso povo e exultemos com a vossa herança.
Aleluia. Vinde a Mim,
vós todos que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.
Aleluia.
Evangelho (Mt 9,9-13):
Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado
na coletoria de impostos, e disse-lhe: «Segue-me!». Ele se levantou e seguiu-o.
Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e
pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos. Alguns
fariseus viram isso e disseram aos discípulos: «Por que vosso mestre come com
os publicanos e pecadores?». Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: «Não são as
pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Ide, pois, aprender o
que significa: ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos
que vim chamar, mas a pecadores».
«Segue-me»
+ Rev. D. Pere CAMPANYÀ i Ribó (Barcelona, Espanha)
É suficiente
com o convite de Jesus: «Segue-me!» (Mt 9,9). Com uma palavra do Mestre, Mateus
deixa sua profissão e muito contente o convida a sua casa para celebrar ali um
banquete de agradecimento. Era natural que Mateus tivesse um grupo de bons
amigos, do mesmo “ramo profissional”, para que o acompanharam a participar de
aquele convite. Segundo os fariseus, todas aquelas pessoas eram pecadores
reconhecidos publicamente como tais.
Os fariseus
não podem calar e comentam com alguns discípulos de Jesus: «Depois, enquanto
estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e
sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos» (Mt 9,10). A resposta de
Jesus é imediata: «Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas
com saúde que precisam de médico, mas as doentes» (Mt 9,12). A comparação é
perfeita: «De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores» (Mt 9,13).
As palavras
deste Evangelho são de atualidade. Jesus continua convidando a segui-lo, cada
um segundo seu estado e profissão. E seguir Jesus, com frequência, supõe deixar
paixões desordenadas, mau comportamento familiar, perda de tempo, para dedicar
momentos à oração, ao banquete eucarístico, à pastoral missioneira. Enfim, que
«um cristão não é dono de si mesmo, e sim que está entregue ao serviço de Deus»
(Santo Inácio de Antioquia).
Com
certeza, Jesus me pede uma mudança de vida e, assim, me pergunto: de que grupo
formo parte, da pessoa perfeita ou da que se reconhece sinceramente defeituosa?
É verdade que posso melhorar?
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus. As primeiras pessoas chamadas para
seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus
chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades
mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama
Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As
comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como
um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade
se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim
o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus
exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de
Jesus!
* Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto
com pecadores e publicanos. Naquele
tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com
eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar
comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no
Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt
5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham
lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as
pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma
mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como
Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
* Mateus 9,11: A pergunta dos
fariseus. Para os
judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem
liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude
de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os
cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser
interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus
agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento
de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na
Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza.
Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo
tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa
das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer
com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os
preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina
como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de
quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que
Mateus escreve, este conflito era muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu quero
misericórdia e não sacrifício. Jesus
ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois
esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm
saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da
Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o
sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a
sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita
os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo
invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus
a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição
profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos
sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se
comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o
excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o
desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento
que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com
isto para nós hoje?
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