Salmo Responsorial
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R. Sois, Senhor, para mim, alegria e
refúgio.
Feliz o
homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! * Feliz o homem a quem o
Senhor não olha mais como sendo culpado e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei,
afinal, meu pecado e minha falta vos fiz conhecer. * Disse: “Eu irei confessar
meu pecado!” E perdoastes, Senhor, minha falta.
Regozijai-vos,
ó justos, em Deus, e no Senhor exultai de alegria! * Corações retos, cantai
jubilosos!
2ª Leitura (1 Cor
10,31-11,1): Portanto, quer comais quer bebais
ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos
torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a
Igreja de Deus. Fazei como eu: em todas as circunstâncias procuro agradar a
todos. Não busco os meus interesses próprios, mas os interesses dos outros,
para que todos sejam salvos.
Aleluia. Um grande
profeta surgiu, surgiu e entre nós se mostrou; é Deus que se povo visita, seu
povo, meu Deus visitou. Aleluia.
Evangelho (Mc
1,40-45): Um leproso aproximou-se de Jesus e,
de joelhos, suplicava-lhe: «Se queres, tens o poder de purificar-me! ». Jesus
encheu-se de compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o tocou, dizendo: «Eu
quero, fica purificado». Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou
purificado. Jesus, com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: «Não contes
nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta, por tua
purificação, a oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho».
Ele, porém, assim que partiu, começou a proclamar e a divulgar muito este
acontecimento, de modo que Jesus já não podia entrar, publicamente, na cidade.
Ele ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele».
«Se queres, tens o
poder de purificar-me»
Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell (Agullana, Girona, Espanha)
A sucessão
dos fatos é clara. Primeiro, o leproso pede a cura e professa a sua fé: «Se
queres, tens o poder de purificar-me!» (Mc 1,40). Em segundo lugar, Jesus —que
literalmente rende-se ante nossa fé—cura-o («Eu quero, fica purificado»), e
pede-lhe seguir o que a lei prescreve, ao mesmo tempo pede-lhe silencio. Mas,
finalmente, o leproso sente-se impulsionado a «proclamar e a divulgar muito
este acontecimento» (Mc 1,45). Em certa maneira desobedece à última indicação
de Jesus, mas o encontro com o Salvador provoca-lhe um sentimento que a boca
não pode silenciar.
Nossa vida parece-se à do leproso. Às vezes vivemos, pelo pecado, separados de Deus e da comunidade. Mas este Evangelho anima-nos oferecendo-nos um modelo: professar nossa fé íntegra em Jesus, abrir-lhe totalmente nosso coração, e uma vez curados pelo Espírito, ir a todas as partes a proclamar que temos nos encontrado com o Senhor. Este é o efeito do sacramento da Reconciliação, o sacramento da alegria.
Como bem
afirma São Anselmo: «A alma deve-se esquecer dela mesma e permanecer totalmente
em Jesus Cristo, que tem morto para fazer-nos morrer ao pecado, e tem
ressuscitado para fazer-nos ressuscitar para as obras de justiça». Jesus quer que
percorramos o caminho com Ele, quer curar-nos. Como respondemos? Temos que ir
ao seu encontro com a humildade do leproso e deixar que Ele ajude-nos a
rejeitar o pecado para viver sua Justiça.
A pior lepra na nossa
vida é a lepra do pecado que carcome a nossa alma, nos afasta de Deus, nos
marginaliza dos homens e mata as nossas mais nobres aspirações.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, no tempo bíblico a lepra-parece que chamavam assim praticamente todas as
doenças da pele-era a enfermidade mais temida e a que mais reação contrária
produzia. Causava desfigurações e mutilações repulsivas. O Levítico por higiene
e também porque atribuíam este mal aos pecados da pessoa, prescrevia uma
marginação realmente dura. No tempo de Jesus, o leproso era expulso de casa, da
casa para a rua, da cidade para o campo e da sociedade ao sepulcro. Era
obrigado por lei a andar em farrapos e cabeludo, dar alerta com gritos aos
transeuntes quando se aproximava e morar nos sepulcros vazios. E tudo porque
era um enfermo de alto risco, que contagiava o que o tocasse, e um imputo legal
sem direitos à comunidade de culto, porque tornava impuro tudo o que tocasse.
Um grande cristão do nosso tempo Raul Follereau, lutou titanicamente pela sua
erradicação, e ainda hoje a Fundação Anesvad insiste incansável na
conscientização sobre ela. Herói indiscutível desta enfermidade foi o Beato
Damião, de Molokai, missionário contagiado de lepra cuidando dos leprosos. O
bacilo da lepra, conhecido pelo nome do seu descobridor, “Hansen”, não foi
descoberto até 1874. Porém, foi uma freira francesa, Sor. Maria Zuzanne, a que
achou o soro eficaz para combater a lepra, que leva o nome da descobridora,
“Microbacterium Marianum”. Hoje a lepra está mais controlada. Mas tem como
companhia outros males parecidos, como a AIDS, que invade grandes regiões do
mundo.
Em segundo
lugar, na Idade Média, o sacerdote pendurava a estola no pescoço, empunhava o
crucifixo bem alto, colocava o leproso no templo e celebrava para ele o ofício
dos defuntos. Então os arquitetos de templos e catedrais deixavam uns orifícios
nas paredes, os buraquinhos dos leprosos, para que eles pudessem assistir à
missa sem entrar na igreja. Logo, terminando a missa, isolavam-no nos
lazaretos, hospitais imundos onde pudessem tranquilamente morrer de nojo. E na
Idade Pós-moderna, que é a nossa, o que fazemos com os leprosos de ontem que
são os contagiados de AIDS hoje? A AIDS se contagia só de sangue a sangue:
pelas relações sexuais, pelas transfusões, pelas agulhas de drogados
contagiados e pela gestação da mãe ao filho. A AIDS começou as suas andanças
pelas nações em 1981. Em 1987 tínhamos 5 milhões de enfermos de aids no mundo;
no ano seguinte já eram 10 milhões. E hoje? Tenebroso e de dar arrepio. A AIDS
é a peste negra hoje em dia, a que em 1384 esvaziou os conventos de Marseille e
Caracassone, dizimou Europa, destruiu duas gerações e deixou por terminar as
torres das catedrais de Colônia e Estrasburgo. O enfermo da AIDS de hoje é o
leproso de ontem.
Finalmente,
a pior lepra é a do pecado. Necessitamos que Cristo nos toque. Jesus tocou o
leproso, que fazia muitos anos que não tinha experimentado nem um só contato,
desde que a sua mãe o acariciava quando era criança. Agora está sentindo o
cálido afeto do tato da mão todo bondade e ternura de Jesus, enquanto toda uma
oleada de vida eletrizou todo o seu corpo. E mudaram os papéis: o leproso ficou
limpo e Jesus, segundo a lei do Levítico, impuro: “quem tocar um impuro fica
contaminado, porque o impuro transmite a sua impureza” (1,5). São Paulo
relaciona a lepra com o pecado, e nos diz assim: “o que não conheceu pecado, se
fez pecado no nosso lugar, para que fossemos justiça de Deus Nele” (2 Cor
5,21). Sem, a pior lepra é a do pecado. Lepra de mente, quando pensamos coisas
indignas. Lepra de olhos, quando olhamos o que não devemos olhar. Lepra de
coração, quando odiamos e desejamos o mal, o a mulher ou o varão que não nos
corresponde. Lepra de mãos, quando brigamos ou quando não compartilhamos. Lepra
dos pés, quando transitamos pelos lugares tenebrosos. E com esta lepra do
pecado vêm todas as consequências: afastamo-nos de Deus, afastamo-nos dos
homens, matamos a nossa alma, e os demais males do mundo. E por que Deus nos
envia de novo o Dilúvio (Gen6) ou faz cair fogo sobre as novas Sodomas e
Gomorras (Gn 19)? O Pai ama tanto o mundo que faz o seu Filho leproso, para que
os homens sintam a calor e a ternura de Deus nas suas carnes.
Para refletir: Qual lepra invade a minha vida? O
que estou esperando para me aproximar de Cristo para gritar que me cure na
confissão? Por que não ajudo os outros irmãos leprosos para que eles se
aproximem de Cristo?
Para rezar: Senhor, se quiserdes, podereis
limpar-me. E se me curardes, contarei a todos os que me circundam, tende isso
por seguro, Senhor.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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