Santa Águeda, Virgem e Mártir
Salmo Responsorial: 26
R. O Senhor é a minha luz e a minha
salvação.
O Senhor é
minha luz e salvação: a quem hei de temer? O Senhor é protetor da minha vida:
de quem hei de ter medo?
Se um
exército me vier cercar, o meu coração não temerá. Se contra mim travarem
batalha, mesmo assim terei confiança.
No dia da
desgraça, Ele me esconderá na sua tenda, ocultar-me-á no recôndito do seu
santuário, elevar-me-á sobre um rochedo.
A vossa
face, Senhor, eu procuro: não escondais de mim o vosso rosto, nem afasteis com
ira o vosso servo: Vós sois o meu refúgio.
Aleluia. Felizes os
que recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto
pela perseverança. Aleluia.
Evangelho (Mc
6,14-29): O rei Herodes ouviu falar de Jesus,
pois o nome dele tinha-se tornado muito conhecido. Até se dizia: «João Batista
ressuscitou dos mortos, e é por isso que atuam nele essas forças milagrosas!»
Outros diziam: «É Elias!» Ainda outros: «É um profeta como um dos antigos
profetas». Depois de ouvir isso, Herodes dizia: «Esse João, que eu mandei
decapitar, ressuscitou». De fato, Herodes tinha mandado prender João e
acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe,
com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia dizendo a Herodes: «Não te é
permitido ter a mulher do teu irmão». Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e
queria matá-lo, mas não conseguia, pois Herodes temia João, sabendo que era um
homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas
ficava desconcertado. Finalmente, chegou o dia oportuno.
Por ocasião de seu aniversário, Herodes ofereceu uma festa para os proeminentes
da corte, os chefes militares e os grandes da Galileia. A filha de Herodíades
entrou e dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à
moça: «Pede-me o que quiseres, e eu te darei». E fez até um juramento: «Eu te
darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela
saiu e perguntou à mãe: «Que devo pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João
Batista». Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: «Quero que me dês
agora, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou muito triste, mas, por
causa do juramento e dos convidados, não quis faltar com a palavra.
Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O carrasco
foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça, trouxe-a num prato e deu à moça. E
ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram
e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura.
«O rei Herodes ouviu
falar de Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado muito conhecido.»
Rev. D. Ferran BLASI i Birbe (Barcelona, Espanha)
João, o
precursor, que tinha sido enviado por Deus antes que Jesus, com o seu martírio,
precedeu-o também na Sua paixão e morte. Foi também uma morte injustamente
atribuída a um homem santo, por parte do tetrarca Herodes, seguramente
contrariado, pois ele apreciava-o e escutava-o com respeito. Mas, por fim, João
era claro e firme com o rei quando lhe critica a sua conduta merecedora de
censura, pois não lhe era lícito tomar como esposa a Herodias, a mulher do seu
irmão.
Herodes
tinha cedido ao pedido que lhe tinha feito a filha de Herodias, instigada pela
sua mãe, quando, num banquete —depois da dança que tinha agradado ao rei—
perante os convidados, jurou à bailarina dar-lhe tudo o que lhe pedisse. «Que
lhe peço?», pergunta à sua mãe que lhe responde: «A cabeça de João Batista» (Mc
6,24). E o reizinho manda executar a Batista. Era um juramento que de nenhuma
forma o obrigava, pois era coisa má, contra a justiça e contra a consciência.
Uma vez
mais, a experiência ensina que uma virtude deve estar unida a todas as outras,
e todas hão de crescer de maneira orgânica, como os dedos de uma mão. E também
que quando se incorre num vício, prosseguem-se os outros.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Marcos 6,14-16. Quem é Jesus?
O texto
começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns
associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um
Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de
denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos
pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas
mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos
critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da
Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não
cabia lá dentro. Ele era maior!
* Marcos 6,17-20. A causa do
assassinato de João.
Galileia,
terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o
Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos!
Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia!
Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia
o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle
por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de
Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar
a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro
ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por
isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela
época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes
tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do
povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra
ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A trama do
assassinato.
Aniversário
e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam
as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais
e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o
assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse
sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de
vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder
acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do
vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso
como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos
súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na
sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de
tirarmos as conclusões.
Para um confronto pessoal
1. Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da
corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há
vítimas de desmando e de autoritarismo?
2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
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