sábado, 6 de fevereiro de 2021

Segunda-feira da 5ª semana do Tempo Comum

 Santa Josefina Bakhita, virgem

Beato Pio IX, papa

1ª Leitura (Gn 1,1-19): No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a superfície do abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: «Faça-se a luz». E a luz apareceu. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou ‘dia’ à luz e ‘noite’ às trevas. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: era o primeiro dia. Disse Deus: «Haja um firmamento no meio das águas, para as manter separadas umas das outras». Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das águas que estavam por cima dele. E ao firmamento chamou ‘céu’. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo dia. Disse Deus: «Juntem-se as águas que estão debaixo do firmamento num só lugar e apareça a terra seca». E assim sucedeu. À parte seca Deus chamou ‘terra’ e ‘mar’ ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. Disse Deus: «Cubra-se a terra de verdura: ervas que deem sementes e árvores de fruto, que produzam sobre a terra frutos com a sua semente, segundo a própria espécie». E assim sucedeu. A terra produziu verdura: erva que produz semente, segundo a sua espécie, e árvores que dão frutos com a sua semente, segundo a própria espécie. Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia. Disse Deus: «Haja luzeiros no firmamento do céu, para distinguirem o dia da noite e servirem de sinais para as festas, os dias e os anos, para que brilhem no firmamento do céu e iluminem a terra». E assim sucedeu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia e o menor para presidir à noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento do céu para iluminarem a terra, para presidirem ao dia e à noite e separarem a luz das trevas. Deus viu que isto era bom. Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.

Salmo Responsorial: 103

R. Rejubile o Senhor nas suas obras.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor. Senhor, meu Deus, como sois grande! Revestido de esplendor e majestade, envolvido em luz como num manto!

Fundastes a terra sobre alicerces firmes: não oscilará por toda a eternidade. Vós a cobristes com o manto do oceano, por sobre os montes pousavam as águas.

Transformais as fontes em rios que correm entre as montanhas. Nas suas margens habitam as aves do céu; por entre a folhagem fazem ouvir o seu canto.

Como são grandes as vossas obras! Tudo fizestes com sabedoria: a terra está cheia das vossas criaturas. Glória a Deus para sempre.

Aleluia. Jesus proclamava o Evangelho do reino e curava todas as doenças entre o povo. Aleluia.

Evangelho (Mc 6,53-56): Tendo atravessado o lago, foram para Genesaré e atracaram. Logo que desceram do barco, as pessoas reconheceram Jesus. Percorriam toda a região e começaram a levar os doentes, deitados em suas macas, para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E, em toda parte onde chegava, povoados, cidades ou sítios do campo, traziam os doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados.

«Todos os a tocavam [a franja de seu manto] ficavam salvados »

Fr. John GRIECO (Chicago, Estados Unidos)

Hoje, no Evangelho do dia, vemos o magnífico “poder do contato” com a pessoa de Nosso Senhor: «Traziam os doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados». (Mc 6,56). O menor contato físico pode obrar milagres para aqueles que se aproximam a Cristo com fé. Seu poder de curar desborda desde seu coração amoroso e estende inclusive a suas vestes. Ambos, sua capacidade e seu desejo pleno de curar, são abundantes de fácil acesso.

Esta passagem pode nos ajudar a meditar como estamos recebendo ao Nosso Senhor na Sagrada Comunhão. Comungamos com fé de que este contato com Cristo pode obrar milagres em nossas vidas? Mais que um simples tocar «a franja de seu manto», nós recebemos realmente o Corpo de Cristo em nossos corpos. Mais que uma simples cura de nossas doenças físicas, a Comunhão cura nossas almas e lhes garanta a participação na própria vida de Deus. São Inácio de Antioquia, assim, considerava à Eucaristia como a «medicina da imortalidade e o antídoto para prevenir-nos da morte, de modo que produz o que eternamente nós devemos viver em Jesus Cristo».

O aproveitamento desta «medicina da imortalidade» consiste em ser curados de todos aqueles que nos separa de Deus e dos outros. Ser curados por Cristo na Eucaristia, por tanto, implica superar nosso ensimesmamento. Tal como ensina Bento XVI, «Nutrir-se de Cristo é o caminho para não permanecer alheios ou indiferentes diante da sorte dos irmãos (...). Uma espiritualidade eucarística, então, é um autêntico antídoto diante o individualismo e o egoísmo que com frequência caracterizam a vida cotidiana, levam ao redescobrimento da gratuidade, da centralidade das relações, a partir da família, com particular atenção em aliviar as feridas de aquelas desintegradas».

Igual que aqueles que foram curados de suas doenças tocando seus vestidos, nós também podemos ser curados de nosso egoísmo e de nosso isolamento dos outros mediante a recepção de Nosso Senhor com fé.

«Logo que desceram do barco, as pessoas reconheceram Jesus»

Rev. D. Joaquim MONRÓS i Guitart (Tarragona, Espanha)

Hoje, contemplamos a fé dos habitantes daquela região onde Jesus chegou para levar a salvação das almas. O Senhor é dono da alma e do corpo; por isso, não duvidavam em levar os seus enfermos: «Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos» (Mc 6,56). Temos hoje, como sempre, enfermos da alma e do corpo. Convém que ponhamos todos os meios humanos e sobrenaturais para aproximar nossos parentes, amigos e conhecidos ao Senhor. Podemos fazer, em primeiro lugar, rezando por eles, pedindo pela sua saúde espiritual e corporal. Se há uma enfermidade do corpo, não duvidamos em procurar saber se existe um tratamento adequado, se há pessoas que possam cuidá-lo, etc.

Quando se trata de uma “enfermidade” da alma (habitualmente, palpável externamente), como pode ser que um filho, um irmão, um parente não assista à Missa aos domingos, além de rezar convém falar do remédio, talvez lhe transmitindo a palavra algum pensamento ou alguma orientação motivadora que nós mesmos possamos extrair do Magistério (por exemplo, da Carta apostólica O dia do Senhor de João Paulo II, ou de algum dos pontos do Catecismo da Igreja).

Se o irmão “enfermo” é alguém constituído em pública autoridade que justifica ou mantém uma lei injusta —como pode ser a falta de penalização do aborto—, não duvidemos —além de orar— em buscar a oportunidade para transmitir-lhe —de palavra ou por escrito— nosso testemunho sobre a verdade.

«Nós não podemos deixar de anunciar o que vimos e ouvimos» (At 4,20). Todas as pessoas têm necessidade do Salvador. Quando não atendem ao seu chamado é porque ainda não o reconheceram, talvez porque nós ainda não soubemos anunciar-lhe. O fato é que, enquanto o reconheciam, «colocavam os enfermos nas praças e lhe pediam que tocara somente um pedacinho do seu manto» (Mc 6,56). Jesus curava tanto mais quanto havia alguns que «colocavam» (punham ao alcance do Senhor) aos que mais urgentemente necessitavam remédio.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos 6,45-56 que compreende três assuntos diferentes: 1) Jesus sobe sozinho a montanha para rezar (Mc 6,45-46). 2) Em seguida, andando sobre as águas, ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas domar (Mc 6,47-52). 3) Agora, no evangelho de hoje, estando já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc 6,53-56).

* Marcos 6,53-56. A busca do povo.

 “Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades” (Is 53,4 e Mt 8,16-17)

* Ensinar e curar, curar e ensinar. Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galileia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.

* Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!

Para um confronto pessoal

1. O entusiasmo do povo em busca de Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males. Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?

2. O que chama a atenção é a atitude carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com as pessoas excluídas da sociedade?

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