Salmo Responsorial: 50
R. Não desprezeis, Senhor, o nosso
coração humilhado e contrito.
Compadecei-Vos
de mim, ó Deus, pela vossa bondade, pela vossa grande misericórdia apagai os
meus pecados. Lavai-me de toda a iniquidade e purificai-me de todas as culpas.
Criai em
mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais afastar-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso
espírito de santidade.
Não é do
sacrifício que Vos agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis.
Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido: não desprezareis, Senhor,
um espírito humilhado e contrito.
Convertei-vos a Mim de
todo o coração, diz o Senhor; porque sou benigno e misericordioso.
Evangelho (Lc
11,29-32): E, ajuntando-se a multidão, começou
a dizer: «Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro
sinal, senão o sinal do profeta Jonas; Porquanto, assim como Jonas foi sinal
para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração. A
rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os
condenará; pois até dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e
eis aqui está quem é maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no
juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de
Jonas; e eis aqui está quem é maior do que Jonas».
«Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração»
Fr. Roger J. LANDRY (Hyannis, Massachusetts, Estados
Unidos)
O sinal que Jesus dará aos “malvados” de cada geração é sua morte e ressurreição. Sua morte, aceita livremente, é o sinal do incrível amor de Deus por nós: Jesus deu sua vida para salvar a nossa. E sua ressurreição de entre os mortos é o sinal de seu divino poder. Trata-se do sinal mais poderoso e comovedor jamais dado.
Mas, Jesus
é também a sinal de Jonas em outro sentido. Jonas foi um ícone e um meio de
conversação. Quando em sua prédicas «Jonas entrou na cidade e começou a
percorrê-la, caminhando um dia inteiro. Ele dizia: «Dentro de quarenta dias,
Nínive será destruída!» (Jon 3,4) adverte aos ninivitas pagãos, estes se
convertem, pois todos eles — desde o rei até as crianças e animais— se cobrem
com serapilheira e cinzas. No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive
ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando
ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” (cf. Lc 11,32)
predicando a conversão a todos nós: Ele o próprio Jesus. Portanto, nossa
conversão deveria ser igualmente exaustiva.
«Pois Jonas
era um servente», escreve São João Crisóstomo na pessoa de Jesus Cristo, «mas
eu sou o Mestre; e ele foi jogado pela baleia, mas eu ressuscitei dos mortos; e
ele proclamava a destruição, mas vim a predicar a Boas Novas e o Reino».
Na semana
passada, na quarta-feira de Cinza, nos cobrimos com cinza, e cada um escutou as
palavras da primeira homilia de Jesus cristo, «O tempo já se cumpriu, e o Reino
de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia» (cf. Mc 1,15). A
pergunta que devemos fazer-nos é: — Respondido já com uma profunda conversão
como a dos ninivitas e abraçado aquele Evangelho?
«Eis aqui está quem é
maior do que Salomão (...) e eis aqui está quem é maior do que Jonas»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Deus — que
é Pai— não nos abandonou: «O cristianismo é graça, é a surpresa de um Deus que,
não satisfeito com criar o mundo e o homem, saiu ao encontro da sua criatura»
(João Paulo II).
Encontramo-nos
começando a Quaresma: Não deixemos passar a oportunidade que nos oferece a
Igreja: «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2)
Depois de contemplar na Paixão o rosto doloroso de Nosso Senhor Jesus Cristo,
ainda pediremos mais sinais de seu amor? «Aquele que não cometeu pecado, Deus o
fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus» (2Cor 5,21).
Mais ainda: «Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos
nós, como é que, com ele, não nos daria tudo?» (Rom 8,32). Ainda queremos mais
sinais?
No rosto
ensanguentado de Cristo « Eis aqui está quem é maior do que Salomão (...) e eis
aqui está quem é maior do que Jonas» (Lc 11,31-32). Este rosto sofrido da hora
extrema, da hora da Cruz é «Mistério no mistério, diante do qual o ser humano
pode apenas prostrar-se em adoração. De fato, «Para transmitir ao homem o rosto
do Pai, Jesus teve não apenas de assumir o rosto do homem, mas de tomar
inclusivamente o ”rosto” do pecado» (João Paulo II). Queremos mais sinais?
«Eis o
homem!» (Jo 19,5): Eis aqui o grande sinal. Contemplemo-lo desde o silêncio do
“deserto” da oração: «O que todo cristão deve fazer em qualquer tempo [rezar],
agora deve fazê-lo com mais solicitude e com mais devoção: assim cumpriremos a
instituição apostólica dos quarenta dias» (São Leão Magno, papa).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Lucas 11,29: A geração má que pede
um sinal. Jesus
chama a geração de má, porque ela não quer acreditar em Jesus e vive pedindo
sinais que possam legitimar Jesus como enviado de Deus. Mas Jesus recusa dar um
sinal, pois, no fundo, se eles pedem um sinal é porque não querem crer. O único
sinal que vai ser dado é o sinal de Jonas.
* Lucas 11,30: O Sinal de Jonas. O sinal de Jonas tem dois aspectos.
O primeiro é o que afirma o texto de Lucas no evangelho de hoje. Jonas foi um
sinal para o povo de Nínive através da sua pregação. Ouvindo Jonas, o povo se
converteu. Assim, a pregação de Jesus estava sendo um sinal para o seu próprio
povo, mas o povo não dava sinais de conversão. O outro aspecto é o que afirma o
evangelho de Mateus por ocasião do mesmo episódio: “Assim como Jonas passou
três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem
passará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,40). Quando Jonas foi
cuspido na praia, ele foi anunciar a palavra de Deus ao povo de Nínive. Da
mesma maneira, depois da morte e ressurreição no terceiro dia, A Boa Nova será
anunciada ao povo da Judéia.
* Lucas 11,31: A Rainha de Sabá. Em seguida, Jesus evoca a história
da Rainha de Sabá que veio de longe para ver Salomão e aprender da sabedoria
dele (cf. 1Rs 10,1-10). E por duas vezes Jesus afirma: “E aqui está quem é
maior do que Salomão”. “E aqui está quem
é maior do que Jonas”.
* Um aspecto muito importante que está
por detrás desta discussão entre Jesus os líderes do seu povo é a maneira
diferente como ele, Jesus, e os seus adversários se colocavam frente a Deus. O
livro de Jonas é uma parábola, que critica a mentalidade daqueles que queriam
Deus só para os Judeus. Na história de Jonas, os pagãos se converteram diante
da pregação de Jonas e Deus os acolheu na sua bondade e não destruiu a cidade.
Quando viu que Deus acolheu o povo de Nínive e não destruiu a cidade, “Jonas
ficou muito desgostoso e irado. E rezou a Javé: "Ah! Javé! Não era
justamente isso que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu
corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que tu és um Deus compassivo e
clemente, lento para a ira e cheio de amor, e que voltas atrás nas ameaças
feitas. Se é assim, Javé, tira a minha vida, pois eu acho melhor morrer do que
ficar vivo" (Jonas 4,1-3). Por isso, Jonas era um sinal para os judeus do
tempo de Jesus e continua sendo um sinal também para nós cristãos. Pois,
imperceptivelmente, como em Jonas aparece também em nós uma mentalidade de que
nós cristãos temos uma espécie de monopólio de Deus e que todos os outros devem
tornar-se cristãos. Isto seria proselitismo. Jesus não pede que todos sejam cristãos.
Ele pede que todos se tornem discípulos (Mt 28,19), isto é, sejam pessoas que
como ele, irradiem e anunciem a Boa Nova do amor de Deus para todos os povos ao
redor (Mc 16,15).
Para um confronto pessoal
1) Quaresma, tempo de conversão. O que deve mudar na
imagem que tenho de Deus? Sou como Jonas ou como Jesus?
2) Minha fé está baseada em que? Em sinais ou na palavra
do próprio Jesus?
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