Salmo Responsorial: 24
R. Todos os vossos caminhos, Senhor,
são amor e verdade para os que são fiéis à vossa aliança.
Mostrai-me,
Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa
verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador.
Lembrai-Vos,
Senhor, das vossas misericórdias e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência, por causa da vossa bondade,
Senhor.
O Senhor é
bom e recato, ensina o caminho aos pecadores. Orienta os humildes na justiça e
dá-lhes a conhecer a sua aliança.
2ª Leitura (1Pe
3:18-22): Caríssimos: Cristo morreu uma só vez
pelos pecados – o Justo pelos injustos – para vos conduzir a Deus. Morreu
segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito. Foi por este Espírito que Ele
foi pregar aos espíritos que estavam na prisão da morte e tinham sido outrora
rebeldes, quando, nos dias de Noé, Deus esperava com paciência, enquanto se
construía a arca, na qual poucas pessoas, oito apenas, se salvaram através da
água. Esta água é figura do Batismo que agora vos salva, que não é uma
purificação da imundície corporal, mas o compromisso para com Deus de uma boa
consciência; ele vos salva pela ressurreição de Jesus Cristo, que subiu ao Céu
e está à direita de Deus, tendo sob o seu domínio os Anjos, as Dominações e as
Potestades.
Nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Evangelho (Mc
1,12-15): Logo depois, o Espírito o fez sair
para o deserto. Lá durante quarenta dias, foi posto à prova por Satanás. E ele
convivia com as feras, e os anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus
veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: «Completou-se o tempo, e
o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova».
«Logo depois, o
Espírito o fez sair para o deserto. Lá, durante quarenta dias, foi posto à
prova por Satanás»
+ Rev. D. Joan MARQUÉS i Suriñach (Vilamarí, Girona,
Espanha)
Nós temos
que prepararmos para a Páscoa. Satanás é nosso grande inimigo. Há pessoas que
não acreditam nele, dizem que é um produto de nossa imaginação, ou que é o mal
em abstrato, diluído nas pessoas e no mundo. Não!
A Sagrada
Escritura fala dele muitas vezes como de um ser espiritual e concreto. É um
anjo caído. Jesus o define dizendo: «É mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44).
São Pedro compara-o com um leão urgente: «Vosso adversário, o demônio, anda ao
redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes
na fé» (1 Pe 5,8). E Paulo VI ensina: «O demônio é o inimigo número um, é o
tentador por excelência. Sabemos que este ser obscuro e perturbador existe
realmente e que continua atuando».
Como? Mentindo,
enganando. Onde há mentira ou engano, ali há ação diabólica. «A maior vitória
do Demônio é fazer crer que não existe» (Baudelaire). E, como mente?
Apresenta-nos ações perversas como se fossem boas, estimula-nos a fazer más
obras; e, em terceiro lugar, sugere-nos razões para justificar os pecados.
Depois de nos enganar, enche-nos de inquietude e de tristeza. Não tem
experiência disso?
Nossa
atitude ante a tentação? Antes: vigiar, rezar e evitar as ocasiões. Durante:
resistência direta ou indireta. Depois: se tem vencido, dar graças a Deus. Se
não tem vencido, pedir perdão e adquirir experiência. Qual tem sido a sua
atitude até agora?
A Virgem
Maria esmagou a cabeça da serpente infernal. Que Ela nos dê fortaleza para
superar as tentações de cada dia.
A Aliança que Deus fez
conosco é eterna e definitiva.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, a Aliança no Antigo Testamento. O mundo da Bíblia, como todo mundo
humano, conhece a experiência do berit, principal termo hebraico para dizer
aliança, relação de solidariedade entre dois crentes: indivíduos (Gn 21,32),
cônjuges (Ez 16,8), povos (Js 9), soberanos e súditos (2Sam 5,3); para resolver
disputas de propriedades, de vizinhança, de projetos que contrastam em si (Gn
21, 32; 31,44; 2 Sam 3, 12-19). Antes que categoria religiosa, a aliança é uma
profunda experiência humana de relação construtiva em muitíssimos níveis
privados e públicos, individuais e coletivos, não por brincadeira, mas para
reger o peso da vida. Por este motivo tão existencialmente significativo e
universal, a aliança não podia deixar de ser assumida por Deus, de acordo com o
princípio da pedagogia divina, como símbolo e paradigma da sua relação com o
homem, obviamente segundo as características especificas de tal proporção,
única em si mesma. Quais? Trata-se de uma relação entre partes infinitamente
desiguais (Deus e o homem); trata-se de uma relação totalmente não preestabelecida,
uma relação querida com livre eleição da parte de Deus, segundo a sua lógica de
amor (Dt 4,37), onde mais que contato bilateral, é um juramento de Deus de
eleger-se o povo como aliado, com o qual é fácil a passagem da aliança ao
testemunho ou testamento de Deus. Última característica: a aliança de Deus se
vale dos seus servidores ou ministros, os quais, por sua parte, apresentam-se
como aliados por excelência com Deus e, ao mesmo tempo, solidários com o povo,
testemunhas exemplares e confiáveis na primeira pessoa de quanto anunciam aos
outros.
Em segundo
lugar, a Aliança no Novo Testamento realizada em Cristo e por Cristo. Por meio
está a morte sacrifical e vitoriosa de Jesus, em cujo contexto, durante a
Última Ceia, Jesus pronunciou por primeira e última vez o termo aliança: “Tomai
e bebei... Este cálice é a Nova Aliança selada com o meu sangue, que é
derramada por vou” (Lc 22,20). A referência está claramente relacionada com o
sangue da aliança no monte Sinai (cf. Ex 24,8). Porém com o matiz fundamental
de que se trata de uma aliança verdadeiramente nova, isto é, correspondente com
o desígnio de Deus. De tal novidade, em estreita e iluminadora confrontação com
a antiga aliança, move-se, sobretudo, a Carta aos hebreus, que usa o termo 17
vezes. Jesus é a aliança personificada: Nele se exprime a fidelidade de Deus e
ao mesmo tempo a fidelidade do homem, para sempre. Graças a Ele o homem recebe
o coração de uma nova criatura e o dom do Espírito (cf. Hb 8,10). Também na
Última Ceia Jesus afirma: “Eu vos asseguro que não beberei mais deste fruto da
videira até o dia em que beba o vinho novo no reino de Deus” (Mc 14,25). Com
estas palavras revela que a nova aliança não é um acontecimento estático, mas
que vem a ser uma incessante oferta que interpela toda pessoa, inclusive
aquelas que não sabem, até o Reino chegar à sua plenitude. Então tocará o porto
esta singular relação de Deus com o homem, semeada na criação, feita visível no
povo de Israel, debilitada e quebrada pelo pecado e finalmente, em Cristo, convertida
no grande projeto realizado (cf. Ef 1,4-6).
Finalmente,
nós entramos para formar parte dessa Aliança de Cristo no dia do nosso batismo.
E toda a liturgia, todos os sacramentos, especialmente a eucaristia e o
matrimônio, os demais sinais sacramentais (o canto, os lugares de culto, o pão
e o vinho, o altar, outros símbolos...) são relacionados e contemplados dentro
do mistério da aliança selada com o sangue do Cristo. Esta aliança exige de nós
uma vida santa e uma luta contra o pecado.
Para refletir: Vivo a minha vida cristã em clave de
Aliança com Deus? O meu matrimonio, a minha consagração a Deus na vida
religiosa ou sacerdotal... Vivo isto em clave de Aliança com Deus? O que faço
para defender essa Aliança com Deus?
Para rezar: Senhor, fazei-me fiel a vossa
Aliança. Perdoai as minhas negligencias. Dai-me forças para corresponder a esta
vossa Aliança de amor.
PARA
COMPREENDER MELHOR A QUARESMO DO CICLO B
Quaresma
significa quarenta dias. Repetidamente a Bíblia apresenta a quarentena - de
dias e de anos - como período de preparação para um acontecimento importante:
os quarenta dias do dilúvio universal, os quarenta dias de Moisés no monte
antes de contrair a Aliança, os quarenta anos de Israel no deserto até chegar à
terra prometida, os quarenta de Elias na sua fuga, o prazo de quarenta dias que
Jonas deu a Nínive para a sua conversão, os quarenta dias de Cristo no deserto,
os quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão de Jesus.
As leituras dominicais
do ciclo B estão bem organizadas:
As primeiras
leituras do Antigo Testamento apresentam a História da Salvação nos seus
grandes momentos, neste ano sob a categoria da Aliança: a Aliança com Noé
(primeiro domingo), com Abraão (segundo domingo), com Moisés e o povo no Sinai
(terceiro domingo), o castigo pela infidelidade de Israel (quarto domingo), o
anuncio da nova Aliança por Jeremias (quinto domingo) e a entrega do Servo para
a reconciliação universal (Ramos).
Os
evangelhos têm uma coerência independente: os dois primeiros domingos nos
apresentam os temas clássicos da tentação e da transfiguração, mas em Marcos;
no domingo 3,4 e 5 nos apresenta uma catequese da morte vitoriosa de Cristo,
desde o evangelho de João; no domingo de Ramos leremos a Paixão de Cristo
segundo São Marcos. O tema é o mistério da Páscoa de Cristo.
As segundas
leituras não têm continuidade entre si. São as consequências morais para nós
desse mistério pascal de Cristo.
Portanto,
dois temas fundamentais durante esta quaresma segundo São Marcos: a Aliança e o
mistério da cruz de Cristo.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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