Salmo Responsorial: 71
R. Virão adorar-Vos, Senhor, todos
os povos da terra.
Deus,
concedei ao rei o poder de julgar e a vossa justiça ao filho do rei. Ele
governará o vosso povo com justiça e os vossos pobres com equidade.
Os montes trarão
a paz ao povo e as colinas a justiça. Ele fará justiça aos humildes e salvará
os indigentes.
Florescerá
a justiça nos seus dias e uma grande paz até ao fim dos tempos. Ele dominará de
um ao outro mar, do grande rio até aos confins da terra.
Aleluia. O Senhor
enviou-me a anunciar aos pobres a boa nova, a proclamar aos cativos a redenção.
Aleluia.
Evangelho (Mc 6,
34-44): Ao sair do barco, Jesus viu uma
grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que
não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas. Já estava
ficando tarde, quando os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram: «Este
lugar é deserto e já é tarde. Despede-os, para que possam ir aos sítios e
povoados vizinhos e comprar algo para comer» Mas ele respondeu: «Vós mesmos,
dai-lhes de comer»! Os discípulos perguntaram: «Queres que gastemos duzentos
denários para comprar pão e dar de comer a toda essa gente?» Jesus perguntou:
«Quantos pães tendes? Ide ver». Eles foram ver e disseram: «Cinco pães e dois
peixes». Então, Jesus mandou que todos se sentassem, na relva verde, em grupos
para a refeição. Todos se sentaram, em grupos de cem e de cinquenta. Em
seguida, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu,
pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando-os aos discípulos, para que os
distribuíssem. Dividiu, também, entre todos, os dois peixes. Todos comeram e
ficaram saciados, e ainda encheram doze cestos de pedaços dos pães e dos
peixes. Os que comeram dos pães foram cinco mil homens».
«Depois de os
despedir, subiu a montanha para orar»
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes de Freser, Girona,
Espanha)
Achar tempo
e espaço para a oração pede um requisito prévio: o desejo de encontro com Deus
com a consciência clara de que nada nem ninguém o pode substituir. Se não há
sede de comunicação com Deus, facilmente transformaremos a oração num monólogo,
porque a utilizamos para tentar solucionar os problemas que nos incomodam.
Também é fácil que, nos momentos de oração, nos distraiamos porque nosso
coração e nossa mente estão invadidos constantemente por pensamentos e
sentimentos de todo tipo. A oração não é charlatanice, senão um simples e
sublime encontro com o Amor; é relação com Deus: comunicação silenciosa do “Eu
necessitado” com o “Você rico e transcendente”. O prazer da oração é se saber
criatura amada diante do Criador.
Oração e
vida cristã vão unidas, são inseparáveis. Nesse sentido, Orígenes diz que «reza
sem parar aquele que une a oração às obras e as obras à oração. Somente assim
podemos considerar realizável o princípio de rezar sem parar». Sim, é
necessário rezar sem parar porque as obras que realizamos são fruto da
contemplação e, feitas para sua glória. Devemos agir sempre desde o diálogo
contínuo que Jesus oferece-nos, no sossego do espírito. A partir dessa certa
passividade contemplativa veremos que a oração é o respirar do amor. Se não
respiramos morremos, se não rezamos expiramos espiritualmente.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Sempre é bom olhar o contexto em que se encontra o texto do evangelho, pois ele traz luz para descobrir melhor o sentido. Pouco antes, em Mc 6,17-29, Marcos narrou o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes da Galileia, no palácio da Capital, durante o qual foi morto João Batista. Aqui, em Mc 6,30-44, descreve o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galileia lá no deserto. O contraste deste contexto é grande e ilumina o texto.
* No evangelho de Marcos a
multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui em Mc 6,35-44 e em Mc
8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o discípulos a respeito da
multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a pena você pesquisar e
refletir até descobrir em que consiste exatamente esta importância da
multiplicação dos pães.
* Jesus tinha convidado os
discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O povo percebeu que Jesus tinha ido
para o outro lado do lago, foi atrás dele e chegou antes (Mc 6,33). Quando
Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão esperando por ele, ficou com dó,
“pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Esta frase evoca o salmo do bom
pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus esquece o descanso e começa a
ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras ele orienta e guia o povo no
deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta!”
(Sl 23,1).
* O tempo foi passando e começava a
escurecer. Os
discípulos estavam preocupados e pedem a Jesus para despedir o povo. Acham que
lá no deserto não é possível conseguir comida para tanta gente. Jesus diz: “Deem
vocês de comer ao povo!” Eles levam susto: “Então quer que vamos comprar pão
por 200 denários?” (i.é, salário de 200 dias!) Os discípulos procuram a solução
fora do povo e para o povo. Jesus não busca solução fora, mas dentro do povo e
a partir do povo, pois pergunta: “Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A
resposta é: “Cinco pães e dois peixes!” É pouco para tanta gente! Jesus manda o
povo se acomodar em grupos e pede aos discípulos para distribuir os pães e os
peixes. Todos comeram à vontade!
* É importante notar como Marcos
descreve o fato.
Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu,
abençoou os pães e os partiu e deu aos seus discípulos, para que os
distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as comunidades pensar em que? Sem
dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois estas mesmas palavras eram
usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor. Assim, Marcos sugere que a
eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da vida que dá coragem e leva a
enfrentar os problemas do povo de maneira diferente, não a partir de fora, mas
a partir de dentro do povo.
* Na maneira de descrever os fatos,
Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos. Dar de comer ao povo faminto no
deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro (cf. Ex 16,1-36). E pedir para o
povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra o recenseamento do povo no
deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a 4). Marcos sugere assim que
Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades conhecia o Antigo Testamento, e
para o bom entendedor meia palavra já bastava. Assim, eles iam descobrindo, aos
poucos, o mistério que envolvia a pessoa de Jesus.
Para um confronto pessoal
1. Jesus esqueceu o descanso para poder servir ao povo.
Que mensagem eu encontro aqui para mim?
2. Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo.
Que posso fazer eu?
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