Salmo Responsorial:
110
R. O Senhor jamais esquecerá a sua
aliança.
Louvarei o
Senhor de todo o coração, no conselho dos justos e na assembleia. Grandes são
as obras do Senhor, admiráveis para os que nelas meditam.
Instituiu
um memorial das suas maravilhas: o Senhor é misericordioso e compassivo. Deu
sustento àqueles que O temem e jamais esquecerá a sua aliança.
Enviou a
redenção ao seu povo, firmou com ele uma aliança eterna. Santo e venerável é o
seu nome; o louvor do Senhor permanece eternamente.
Aleluia. Deus, Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo, ilumine os olhos do nosso coração, para conhecermos
a esperança a que fomos chamados. Aleluia.
Evangelho (Mc
2,23-28): Certo sábado, Jesus estava passando
pelas plantações de trigo, e os discípulos começaram a abrir caminho,
arrancando espigas. Os fariseus disseram então a Jesus: «Olha! Por que eles
fazem no dia de sábado o que não é permitido?». Ele respondeu: «Nunca lestes o
que fez Davi quando passou necessidade e teve fome, e seus companheiros também?
Ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu
os pães da oferenda, que só os sacerdotes podem comer, e ainda os deu aos seus
companheiros!». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem, e não o homem
para o sábado. Deste modo, o Filho do Homem é Senhor também do sábado».
«O sábado foi feito
para o homem, e não o homem para o sábado.»
Rev. D. Ignasi FABREGAT i Torrents (Terrassa, Barcelona, Espanha)
A atitude
de Abiatar é a mesma que hoje ensina-nos Jesus: os preceitos da Lei que tem
menos importância cedem diante dos maiores; um preceito cerimonial deve ceder
diante um preceito de lei natural; o preceito do repouso de sábado não está,
então, em cima das elementares necessidades de subsistência. O Concílio Vaticano
II, inspirando-se na perícope que comentamos e, para recalcar que a pessoa que
está por cima das questões econômicas e sociais, diz: «A ordem social e seu
progressivo desenvolvimento devem subordinar-se em todo momento ao bem da
pessoa, porque a ordem das coisas deve submeter-se à ordem das pessoas e, não
ao contrário. O mesmo Senhor o advertiu quando disse que o sábado tinha sido
feito para o homem e, não o homem para o sábado (cf. Mc 2,24)».
Santo
Agostinho disse: «Ama e faz o que queres». O entendemos bem, o ainda a obsessão
por aquilo que é secundário afoga o amor que há de pôr em tudo o que fazemos?
Trabalhar, perdoar, corrigir, ir à missa os domingos, cuidar os doentes,
cumprir os mandamentos..., O fazemos porque devemos ou por amor de Deus? Tomara
que essas considerações ajudem-nos a vivificar todas nossas obras com o amor
que o Senhor pôs nos nossos corações, precisamente para que possamos lhe amar.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* O sábado é para o ser humano, e
não o ser humano para o sábado. Durante
mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até a época
de Jesus, os judeus tinham observado a lei do sábado. Esta observância secular
tornou-se para eles um forte sinal identidade. O sábado era rigorosamente
observado. Na época dos Macabeus, meados do século II antes de Cristo, esta
observância rígida chegou a um ponto crítico. Atacados pelos gregos em dia de
sábado, os rebeldes macabeus preferiram deixar-se matar a transgredir o sábado
usando as armas para defender sua vida. Por isso, morreram mil pessoas (1Mac
2,32-38). Refletindo sobre este massacre, os líderes macabeus concluíram que
deviam resistir e defender sua vida, mesmo em dia de sábado (1Mac 2,39-41).
Jesus teve a mesma atitude de relativizar a lei do sábado em favor da vida,
pois a lei existe para o bem da vida humana, e não vice-versa!
* O Filho do Homem é dono até do
sábado! A nova
experiência de Deus como Pai/Mãe fez com que Jesus, o Filho do Homem, dava a
Jesus uma chave para descobrir a intenção de Deus que está na origem das leis
do Antigo Testamento. Por isso, o Filho do Homem é dono até do Sábado.
Convivendo com o povo da Galileia durante trinta anos e sentindo na pele a
opressão e a exclusão a que tantos irmãos e irmãs eram condenados em nome da
Lei de Deus, Jesus percebeu que isto não podia ser o sentido daquelas leis. Se
Deus é Pai, então ele acolhe a todos como filhos e filhas. Se Deus é Pai, então
nós temos que ser irmão e irmã uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e pregou,
desde o começo até o fim. A Lei do Sábado deve estar a serviço da vida e da
fraternidade. Foi por causa da sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi
preso e condenado à morte. Ele incomodou o sistema, e o sistema se defendeu,
usando a força contra Jesus, pois ele queria a Lei a serviço da vida, e não
vice-versa.
* Jesus e a Bíblia. Os fariseus criticavam Jesus em
nome de Bíblia. Jesus responde e critica os fariseus usando a Bíblia. Ele
conhecia a Bíblia de memória. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como
temos hoje em dia. Em cada comunidade só havia uma única Bíblia, escrita à mão,
que ficava na sinagoga. Se Jesus conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele,
durante aqueles 30 anos da sua vida em Nazaré, deve ter participado
intensamente da vida da comunidade, onde todo sábado se liam as Escrituras.
Ainda falta muito para nós termos a mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma
participação na comunidade!
Para um confronto pessoal
1) O Sábado é para o ser humano, e não vice versa. Quais
os pontos em minha vida que devem mudar?
2) Mesmo sem ter Bíblia em casa, Jesus conhecia a Bíblia
de memória. E eu?
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