Santa Inês, Virgem e Mártir
Salmo Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor, para fazer a
vossa vontade.
Não Vos
agradaram sacrifícios nem oblações, mas abristes-me os ouvidos; não pedistes
holocaustos nem expiações, então clamei: «Aqui estou».
«De mim
está escrito no livro da Lei que faça a vossa vontade. Assim o quero, ó meu
Deus, a vossa lei está no meu coração».
Proclamarei
a justiça na grande assembleia, não fechei os meus lábios, Senhor, bem o
sabeis.
Alegrem-se
e exultem em Vós todos os que Vos procuram. Digam sempre: «Grande é o Senhor»
os que desejam a vossa salvação.
Aleluia. Jesus Cristo,
nosso Salvador, destruiu a morte e fez brilhar a vida por meio do Evangelho.
Aleluia.
Evangelho (Mc 3,7-12):
Jesus, então, com seus discípulos, retirou-se em
direção ao lago, e uma grande multidão da Galileia o seguia. Também veio a ele
muita gente da Judéia e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e até da
região de Tiro e Sidônia, porque ouviram dizer quanta coisa ele fazia. Ele
disse aos discípulos que providenciassem um barquinho para ele, a fim de que a
multidão não o apertasse. Pois, como tivesse curado a muitos, aqueles que
tinham doenças se atiravam sobre ele para tocá-lo. E os espíritos impuros, ao
vê-lo, caíam a seus pés, gritando: «Tu és o Filho de Deus». Mas ele os
repreendeu, proibindo que manifestassem quem ele era.
«Uma grande multidão
da Galileia o seguia. Também veio a ele muita gente da Judéia e de Jerusalém,
da Iduméia e de além do Jordão, e até da região de Tiro e Sidônia»
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes de Freser, Girona,
Espanha)
No
Evangelho de hoje vemos como «uma grande multidão da Galileia» e também muita
gente procedente de outros lugares (cf. Mc 3,7-8) se aproximam do Senhor. E Ele
acolhe e procura o bem para todos, sem exceção. Devemos ter isso muito presente
durante o oitavário de oração pela unidade dos cristãos.
Apercebamo-nos
como, no decorrer dos séculos, os cristãos nos dividimos em católicos,
ortodoxos, anglicanos, luteranos, e um largo etecetera de confissões cristãs.
Pecado histórico contra uma das notas essenciais da Igreja: a unidade.
Mas
aterremos na nossa realidade eclesial de hoje. A da nossa diocese, a da nossa
paroquia. A do nosso grupo cristão. Somos realmente uma só coisa? Realmente a
nossa relação de unidade é motivo de conversão para os afastados da Igreja?
«Que todos sejam um, para que o mundo acredite» (Jo 17,21), pede Jesus ao Pai.
Este é o reto. Que os pagãos vejam como se relaciona um grupo de crentes que,
congregados pelo Espirito Santo na Igreja de Cristo, têm um só coração e uma só
alma (cf. At 4,32-34).
Recordemos
que, como fruto da Eucaristia —em simultâneo com a união de cada um com Jesus—
deve manifestar-se a unidade da Assembleia pois, alimentamo-nos do mesmo Pão
para sermos um só corpo. Portanto, o que significam os sacramentos, e a graça
que contêm, exige de nós gestos de comunhão para com os outros. A nossa
conversão é à unidade trinitária (o qual é um dom que vem do alto) e a nossa
tarefa santificadora não pode obviar os gestos de comunhão, de compreensão, de
acolhimento e de perdão para com os demais.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Um resumo da ação evangelizadora
de Jesus. Os
versículos do evangelho de hoje (Mc 3,7-12) são um resumo da atividade de Jesus
e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes, em Mc 2,1 a 3,6, só se falou em
conflitos, inclusive em conflito de vida e morte entre Jesus e as autoridades
civis e religiosas da Galileia (Mc 3,1-6). E aqui no resumo, aparece o
contrário: um movimento popular imenso, maior que o movimento de João Batista,
pois veio gente não só da Galileia, mas também da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia,
da Transjordânia e até da região pagã de Tiro e Sidônia para encontrar-se com
Jesus! (Mc 3,7-12). Todos querem vê-lo e tocar nele. É tanta gente, que o
próprio Jesus fica preocupado. Ele corre o perigo de ser esmagado pelo povo.
Por isso, pediu aos discípulos para manter um barco à disposição a fim de que o
povo não o apertasse. E do barco falava à multidão. Eram sobretudo os excluídos
e os marginalizados que vinham a ele com seus males: os doentes e os possessos.
Estes, que não eram acolhidos na convivência social da sociedade da época, são
acolhidos por Jesus. Eis o contraste: de um lado, a liderança religiosa e civil
que decide matar Jesus (Mc 3,6); do outro lado, um movimento popular imenso que
busca a salvação em Jesus. Quem vai ganhar?
* Os espíritos impuros e Jesus. A insistência de Marcos na
expulsão dos demônios é muito grande. O primeiro milagre de Jesus é a expulsão
de um demônio (Mc 1,25). O primeiro impacto que Jesus causa no povo é por causa
da expulsão dos demônios (Mc 1,27). Uma das principais causas da briga de Jesus
com os escribas é a expulsão dos demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os
apóstolos vão receber quando são enviados em missão é o poder de expulsar os
demônios (Mc 6,7). O primeiro sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a
expulsão dos demônios (Mc 16,17). O que significa expulsar os demônios no
evangelho de Marcos?
* No tempo de Marcos, o medo dos
demônios estava aumentando.
Algumas religiões, em vez de libertar o povo, alimentavam nele o medo e a
angústia. Um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar o povo a se libertar
deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder mais
forte. Jesus é “o homem mais forte” que chegou para amarrar o Satanás, o poder
do mal, e roubar dele a humanidade prisioneira do medo (Mc 3,27). Por isso,
Marcos insiste tanto, na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o
demônio, sobre o Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Do começo ao fim, com
palavras quase iguais, ele repete a mesma mensagem: “E Jesus expulsava os
demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29;
9,25-27.38; 16,9.17). Parece até um refrão! Hoje, em vez de usar sempre as
mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes. Diríamos: “O poder do mal,
o Satanás, que mete tanto medo no povo, Jesus o venceu, dominou, amarrou,
destronou, derrotou, expulsou, eliminou, exterminou, aniquilou, abateu,
destruiu e matou!” O que Marcos nos quer dizer é isto: “Ao cristão é proibido
ter medo de Satanás!” Depois que Jesus ressuscitou, já é mania e falta de fé
apelar, a toda hora, para Satanás, como se ele ainda tivesse algum poder sobre
nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar o povo de volta para as
igrejas é desconhecer a Boa Nova do Reino. É falta de fé na ressurreição de
Jesus!
Para um confronto pessoal
1) Como você vive a sua fé na ressurreição de Jesus?
Contribui para vencer o medo?
2) Expulsão dos demônios. Como você faz para neutralizar esse poder em sua vida?
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