sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

II Domingo Tempo Comum

 Sto. Antônio (Antão) do Egito, o Grande - Abade

1ª Leitura (1Sam 3,3b-10.19): A lâmpada de Deus ainda não se apagara. Samuel repousava no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel, o qual respondeu: “Eis-me aqui”. Samuel correu para junto de Heli e disse: “Eis-me aqui: chamaste-me”. “Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te”. Ele foi e deitou-se. O Senhor chamou de novo Samuel. Este levantou-se e veio dizer a Heli: “Eis-me aqui, tu me chamaste”. “Eu não te chamei, meu filho, torna a deitar-te”. Samuel ainda não conhecia o Senhor; a palavra do Senhor não lhe tinha sido ainda manifestada. Pela terceira vez o Senhor chamou Samuel, que se levantou e foi ter com Heli: “Eis-me aqui, tu me chamaste”. Compreendeu então Heli que era o Senhor quem chamava o menino. “Vai e torna a deitar-te”, disse-lhe ele, “e se ouvires que te chamam de novo, responde: ‘Falai, Senhor; vosso servo escuta!’” Voltou Samuel e deitou-se. Veio o Senhor pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel! Samuel! Falai”, respondeu o menino; “vosso servo escuta!” Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. Ele não negligenciava nenhuma de suas palavras.

Salmo Responsorial: 39

R. Eu disse: “Eis que venho, Senhor!” * Com prazer faço a vossa vontade.

Esperando, esperei no Senhor e, inclinando-se, ouviu meu clamor. * Canto novo ele pôs em meus lábios, um poema em louvor ao Senhor.

Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; * não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados.

E então eu vos disse: “Eis que venho!” Sobre mim está escrito no livro: * “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!”

Boas novas de vossa justiça anunciei numa grande assembleia; * vós sabeis: não fechei os meus lábios!

2a Leitura (1 Cor 6,13-15.17-20): Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos: Deus destruirá tanto aqueles como este. O corpo, porém, não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o corpo: Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum! Pelo contrário, quem se une ao Senhor torna-se com ele um só espírito. Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.

Aleluia. Encontramos o Messias, Jesus Cristo, de graça e verdade ele é pleno; de sua imensa riqueza graças, sem fim, recebemos. Aleluia.

Evangelho (Jo 1,35-42): No dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus discípulos. Vendo Jesus caminhando, disse: «Eis o Cordeiro de Deus»! Os dois discípulos ouviram esta declaração de João e passaram a seguir Jesus. Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que procurais?» Eles responderam: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?». Ele respondeu: «Vinde e vede»! Foram, viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido a declaração de João e seguido Jesus. Ele encontrou primeiro o próprio irmão, Simão, e lhe falou: «Encontramos o Cristo!» (que quer dizer Messias). Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: «Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!» — que quer dizer Pedro».

«Rabi "Mestre", onde moras?»

Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona, Espanha)

Hoje vemos a Jesus que vinha pela ribeira do Jordão: é Cristo que passa! Deveriam ser quatro horas da tarde quando, apercebendo-se que dois rapazes o seguiam, se virou para lhes perguntar: «Que procurais?» (Jo 1,38). E eles, surpreendidos com a pergunta, responderam: «Rabi, que quer dizer “Maestro”, onde vives?». «”Vinde e vede”» (Jo 1,39).

Também eu sigo a Jesus, mas… o que quero? O que procuro? É ele quem o pergunta: «De verdade, o que queres?» Oh! Se eu fosse suficientemente audaz para lhe dizer: «Procuro-te a ti, Jesus», com certeza já o teria encontrado, «pois todo aquele que busca, encontra». Mas, sou demasiado cobarde e respondo-lhe com palavras que não me comprometem demasiado: «Onde vives?». Jesus não se conforma com a minha resposta, sabe muito bem que não é de um monte de palavras que necessito, mas de um amigo, o Amigo: Ele. Por isso diz-me: «Vem e verás», «Vinde e vereis».

João e André, os dois moços pescadores, foram com Ele, «viram onde vivia e ficaram com Ele aquele dia» (Jo 1,39). Entusiasmado pelo encontro, João escreverá: «A graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo» (Jo 1,17b). E André? Correrá a procurar o seu irmão para lhe dar a conhecer: «Encontramos o Messias» (Jo 1,41). «Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: «Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas, que quer dizer “Pedra”» (Jo 1,42).

Pedro, Simão, uma pedra? Nenhum deles está preparado para compreender estas palavras. Não sabem que Jesus veio para levantar a sua Igreja com pedras vivas. Ele tem já escolhidos os primeiros silhares, João e André, e dispôs que Simão fosse a rocha em que todo o edifício se apoiará.

E antes de subir para o Pai, dá-nos a resposta à pergunta: «Rabi, onde vives?». Bendizendo a sua Igreja dirá: «Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos» (Mt 28,20).

“Quem buscais?”

Pe. Antonio Rivero, L.C.

É a pergunta fundamental da nossa vida que Cristo nos faz. E até não respondermos, não seremos plenamente felizes nem convenceremos os outros.

“Quem buscais?” São as primeiras palavras de Cristo no evangelho de são João; quer averiguar a reta intenção destes primeiros seguidores. O jovem Samuel na primeira leitura também buscava Deus, por isso o servia feliz no templo dia e noite às ordens do sacerdote Eli. São Paulo nos lembra na segunda leitura de que quem busca e encontra o Senhor tem que levar uma vida digna, porque somos do Senhor e o nosso corpo se converte em templo do Espírito.

Em primeiro lugar, três vezes na sua vida Jesus fez a mesma pergunta: “Quem buscais?”. A de hoje, no início do seu ministério apostólico, a estes dois que seriam os seus primeiros discípulos. Na última noite da sua vida mortal fez a mesma pergunta ao policial que o deteve no horto de Getsemani (Jo 18, 4-5). E a Maria Madalena, na manhã da Páscoa (Jo 20, 15-16). E quando Jesus faz essa pergunta é porque nos vê famintos de felicidade, de sentido, de orientação, de harmonia interior. E quando Jesus faz essa pergunta é para nos dizer que a iniciativa sempre vem Dele e que espera uma resposta livre, consciente, amorosa e sincera. E Jesus faz essa pergunta quando e onde Ele quiser: no nosso trabalho, na faculdade, no namoro, no meio da tormenta de uma crise ou da calma, num momento de oração ou de retiro, na infância, na adolescência, na juventude ou na idade adulta ou na velhice. E Jesus faz essa pergunta com grande esperança, sim, mas também com sumo respeito, sem forçar ninguém, sem obrigar ninguém.

Em segundo lugar, esta pergunta “Quem buscais?”, pede e exige uma resposta como a dos primeiros apóstolos. Resposta que é seguimento de Jesus: já seja para uma vida cristã comprometida no matrimonio e na educação dos filhos; já seja também numa vida totalmente entregue com alegria no corpo e na alma a Cristo na Igreja como consagrada, missionário ou sacerdote. Estes primeiros seguidores de Cristo buscavam primeiro um Jesus mestre (Rabi) para que lhes ensinasse o caminho reto; e depois descobriram também o Jesus Senhor e Salvador. É o momento de nos perguntar: já escutamos também nós esta pergunta “Quem buscais?” … Nos momentos de oração, de silencio contemplativo, de deserto da alma, de fracassos aparentes, de êxitos retumbantes, de doença incurável? Se ainda não escutamos é porque talvez estamos muito absortos e atarefados nas nossas redes e na nossa pesca, ou estamos atordoados pelo barulho das moedas nas nossas bolsas de valores e no nosso talão de cheque, ou cochilando preguiçosamente debaixo da figueira, com os olhos fechados pela soberba e pelos ouvidos obstruídos pela sensualidade, ou talvez, construindo castelos no ar com sonhos de grandeza, ambição, fazer carreira.

Finalmente, e depois de termos nos encontrado com Cristo, temos que transmitir essa experiência aos demais, como fizeram os primeiros discípulos: “encontramos o Messias”. Não esqueçamos, o cristianismo cresce não por proselitismo, mas por atração e pelo testemunho da própria vida. Que todos nos vejam alegres, felizes, contentes, porque seguimos Cristo. Se o papa Francisco nos disse aos religiosos na carta apostólica com a que inaugurava o ano da vida consagrada- primeiro domingo do Advento 2014-: “Onde estão os religiosos há alegria”, eu me atrevo a parafraseá-lo dizendo: “onde há um cristão que se encontrou com Cristo, há alegria e contagio”. 

Para refletir: Sigo Cristo por Ele mesmo ou por vantagens temporais? O que espero de Jesus: felicidade terrena ou vida eterna? A minha vida como seguidor de Cristo é coerente e alegre, e por isso atraio outras pessoas para Cristo?

Para rezar: Que todos os dias na nossa oração, Senhor, possamos escutar a vossa pergunta: “Quem buscais?”. E que a nossa resposta seja: Senhor e Mestre, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. Senhor, o que realmente buscamos é contemplar o vosso rosto cara a cara no céu, pois enquanto estivermos neste mundo vos vemos de costas, pela fé, na escuridão.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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