Salmo Responsorial: 30
R. Em vossas mãos, Senhor, entrego o
meu espírito.
Sede a
rocha do meu refúgio e a fortaleza da minha salvação. Porque Vós sois a minha
força e o meu refúgio, por amor do Vosso nome guiai-me e conduzi-me.
Em vossas
mãos entrego o meu espírito, Senhor, Deus fiel, salvai-me. Hei de exultar e
alegrar-me com a vossa misericórdia, porque conhecestes as angústias da minha
alma.
Livrai-me
das mãos dos meus inimigos e de quantos me perseguem. Fazei brilhar sobre mim a
vossa face, salvai-me pela vossa bondade.
Aleluia. Bendito O que
vem em nome do Senhor; o Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.
Aleluia.
Evangelho (Mt
10,17-22): Naquele tempo, Jesus disse aos
Apóstolos: «Cuidado com as pessoas, pois vos entregarão aos tribunais e vos
açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa, sereis levados diante de
governadores e reis, de modo que dareis testemunho diante deles e diante dos
pagãos. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em como ou o que falar.
Naquele momento vos será dado o que falar, pois não sereis vós que falareis,
mas o Espírito do vosso Pai falará em vós. O irmão entregará à morte o próprio
irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais e os
matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar
até o fim, esse será salvo».
«Eles vos levarão aos
seus tribunais e açoitar-vos-ão»
Fray Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Este
testemunho de palavras e de obras dá-se graças à força do Espírito Santo: «O
Espírito do vosso Pai (…) falará em vós» (Mt 10,19). Tal como lemos nos “Atos
dos Apóstolos”, capítulo 7, Estevão, levado aos tribunais, deu uma lição
magistral, percorrendo o Antigo Testamento, demonstrando que todo ele converge
no Novo, na Pessoa de Jesus. N’Ele se cumpre tudo o que tinha sido anunciado
pelos profetas e ensinado pelos patriarcas.
Na narrativa do seu martírio encontramos uma belíssima alusão trinitária: «Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus» (At 7,55). A sua experiência foi como uma antecipação da Glória do Céu. E Estevão morreu como Jesus, perdoando aos que o imolavam: «Senhor, não lhes leves em conta este pecado» (At 7,60); rezou as palavras do Mestre: «Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34).
Peçamos a
este mártir que saibamos viver como ele, cheios do Espírito Santo, a fim de
que, fixando o olhar no céu, vejamos Jesus à direita de Deus. Esta experiência
fará que gozemos já do céu, enquanto estamos na terra.
«Vos entregarão aos
tribunais e vos açoitarão »
+ Pe. Joan BUSQUETS i Masana (Sabadell, Barcelona,
Espanha)
O mesmo
Espirito que cobriu com sua sombra a Maria, a Mãe virgem, para que fosse
possível a realização do plano de Deus de salvar aos homens; o mesmo Espirito
que posou sob os Apóstolos para que saíssem do seu esconderijo e difundiram a
Boa Nova —o Evangelho— pelo mundo todo, é o que dá forças àquele menino que
discutia com os da sinagoga e perante o que «não podiam resistir à sabedoria e
ao Espirito com que falava» (Fts 6,10).
Era um
mártir na vida. Mártir significa “testemunho”. E foi também mártir por sua
morte. Em vida teve em consideração as palavras do Mestre: «Quando vos
entregarem, não vos preocupeis em como ou o que falar. Naquele momento vos será
dado o que falar» (Mt 10,19). «Cheio do Espírito Santo, Estêvão olhou para o
céu e viu a glória de Deus; e viu também Jesus, de pé, à direita de Deus». (Ats.7,55).
Estevão o viu e disse. Se o cristão hoje é um testemunho de Jesus Cristo, o que
viu com os olhos da fé o vai dizer sem medo com as palavras mais
compreensíveis, quer dizer, com fatos, com obras.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Hoje, na festa de Estevão, primeiro mártir, a liturgia
traz um trecho do evangelho de Mateus (Mt 10,17-22), tirado do assim chamado
Sermão da Missão (Mt 10,5-42). Nele Jesus adverte os seus discípulos dizendo
que a fidelidade ao evangelho traz dificuldades e perseguição: “eles entregarão
vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles”. Mas para Jesus o
que importa na perseguição não é o lado doloroso do sofrimento, mas sim o lado
positivo do testemunho: “Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por
minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações”. A
perseguição é uma oportunidade para dar testemunho da Boa Nova de Deus que
Jesus nos trouxe.
* Foi o que aconteceu com Estevão. Ele deu testemunho da sua fé em
Jesus até o último momento da sua vida. Na hora de morrer ele disse: “Vejo os
céus abertos, e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (At 7,56). E ao cair
morto debaixo das pedradas imitou Jesus gritando: “Senhor, não lhes leve em
conta este pecado!” (At 7,60; Lc 23,34).
* Jesus tinha dito: “Quando entregarem vocês, não fiquem
preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será
sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão
falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. Esta
profecia de Jesus também se realizou em Estevão. Os seus adversários “não
podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com o qual ele falava” (At 6,10). “Os
membros do sinédrio tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo”
(At 6,15). Estevão falava “repleto do Espírito Santo” (At 7,55). Por isso, a
raiva dos outros era maior e o lincharam na hora.
* Até hoje acontece o mesmo. Em muitos lugares muita gente é
arrastada diante dos tribunais e sabe dar respostas que superam em sabedoria
aos sábios e entendidos (Lc 10,21).
Para um confronto pessoal
1. Colocando-se na posição de Estevão: você já sofreu
alguma vez por causa da sua fidelidade ao Evangelho?
2. A simplicidade do presépio e a dureza do martírio vão de par em par na vida dos Santos e Santas e na vida de tantas pessoas que hoje são perseguidas até a morte por causa da sua fidelidade ao evangelho. Você conheceu de perto pessoas assim?
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