Salmo Responsorial: 95
R. O Senhor vem julgar a terra.
Proclamai
entre os povos: «O Senhor é Rei». Sustenta o mundo e ele não vacila, governa os
povos com equidade.
Alegrem-se
os céus, exulte a terra, ressoe o mar e tudo o que ele contém, exultem os
campos e quanto neles existe, alegrem-se as árvores das florestas.
Diante do
Senhor que vem, que vem para julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e os
povos com fidelidade.
Aleluia. Sê fiel até à
morte, diz o Senhor, e dar-te-ei a coroa da vida. Aleluia.
Evangelho (Lc 21,5-11):
Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do
templo, que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse:
«Admirais essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo
será destruído». Mas eles perguntaram: «Mestre, quando será, e qual o sinal de
que isso está para acontecer?». Ele respondeu: «Cuidado para não serdes
enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E ainda: O tempo
está próximo. Não andeis atrás dessa gente! Quando ouvirdes falar em guerras e
revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam
primeiro, mas não será logo o fim? E Jesus continuou: «Há de se levantar povo
contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em
vários lugares; acontecerão coisas pavorosas, e haverá grandes sinais no céu».
«Não ficará pedra
sobre pedra»
+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona,
Espanha)
Desde onde?
Até onde? Ninguém sabe, nem pode saber, com exceção, em última análise, de uma
suposta matéria eterna que nega Deus, usurpando-o dos Seus atributos. Como
tentam fazer-nos comungar com rodas de moinho aqueles que recusam comungar com
a finitude e precariedade próprias da condição humana!
Nós, os
discípulos do Filho de Deus feito homem, de Jesus, escutamos as Suas palavras
e, fazendo-as muito nossas, meditamos nelas. Eis que nos diz: «Cuidado para não
serdes enganados» (Lc 21,8). Quem no-lo diz é Aquele que veio para dar
testemunho da verdade, afirmando que aqueles que são da verdade escutam a Sua
voz.
E também
nos garante: «Não será logo o fim» (Lc 21,9). O que, por um lado, quer dizer
que dispomos de um tempo de salvação e que nos convém aproveitá-lo; e, por
outro lado, que, de qualquer modo, o fim virá. Sim, Jesus virá «julgar os vivos
e os mortos», como professamos no Credo.
Leitores de Meditando o Evangelho de hoje, queridos irmãos e amigos: em uns versículos mais adiante, do fragmento que agora comento, Jesus anima-nos e consola-nos com estas palavras que, em Seu nome, vos repito: «É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!» (Lc 21,19).
Respondendo
com a energia de um hino cristão, exortamo-nos uns aos outros: «Perseveremos,
pois já tocamos o Céu com a mão!»
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 21,5-7: Introdução ao
Discurso Apocalíptico.
Nos dias
anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus tinha rompido com o Templo (Lc
19,45-48), com os sacerdotes e os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc
20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no fim,
como vimos no evangelho de ontem, terminou elogiando a viúva que deu em esmola
tudo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ouvindo como
“algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com
coisas dadas em promessa”, Jesus responde anunciando a destruição total do
Templo: "Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará
pedra sobre pedra. Tudo será destruído."
Ouvindo este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: "Mestre,
quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para
acontecer?" Eles querem mais
informação. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta
pergunta dos discípulos sobre o quando e o como da destruição do Templo. O
evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou
este discurso. Ele diz que Jesus tinha saído da cidade e estava sentado no
Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Lá do alto do Monte ele tinha uma visão
majestosa sobre o Templo. Marcos informa ainda que havia só quatro discípulos para
escutar o último discurso. No início da sua pregação, três anos antes, lá na Galileia,
as multidões iam atrás de Jesus para escutar suas palavras. Agora, no último
discurso, há apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3).
Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
* Lucas 21,8: Objetivo do discurso:
"Não se deixem enganar!"
Os
discípulos tinham perguntado: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual
será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” Jesus começa a sua
resposta com uma advertência: "Cuidado para que vocês não sejam enganados,
porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu!' E ainda: 'O tempo já
chegou'. Não sigam essa gente”. Em época de mudanças e de confusão sempre
aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando os outros.
Isto acontece hoje e estava acontecendo nos anos 80, época em que Lucas escreve
o seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da
destruição de Jerusalém do ano 70 e diante da perseguição dos cristãos pelo
império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. Havia
até gente que dizia: “Deus já não controla mais os fatos! Estamos perdidos!”
Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma:
ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não serem
enganadas pelas conversas do povo sobre o fim do mundo: "Cuidado para que
vocês não sejam enganados!". Em seguida, vem o discurso que oferece sinais
para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança.
3. Lucas 21,9-11: Sinais para ajudar
a ler os fatos.
Depois
desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando vocês
ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro, essas
coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." E Jesus continuou:
"Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. Haverá
grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas
pavorosas e grandes sinais vindos do céu.". Para entender bem estas
palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores
de Lucas viviam e escutavam no ano 85. Ora, nos cinquenta anos entre o ano 33 e
o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já tinham acontecido e
eram do conhecimento de todos. Por exemplo, em várias partes do mundo havia
guerras, apareciam falsos messias, surgiam doenças e pestes e, na Ásia Menor,
os terremotos eram frequentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera
todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do
projeto de Deus em andamento na história do Povo de Deus, desde a época de
Jesus até o fim dos tempos:
1º sinal:
os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal:
guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação
lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal:
terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal:
fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11);
Até aqui
vai o evangelho de hoje. O evangelho de amanhã traz mais um sinal: a perseguição
das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã traz mais
dois sinais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação.
Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos
oitenta, época em que Lucas escreve o seu evangelho, podiam calcular a que
altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história
não tinha escapado da mão de Deus. Tudo estava conforme tinha sido previsto e
anunciado por Jesus no Discurso Apocalíptico.
Para um confronto pessoal
1. Qual o sentimento que você teve durante a leitura
deste evangelho de hoje? De medo ou de paz?
2. Você acha que o fim do mundo está próximo? O que
responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? O que, hoje, anima o
povo a resistir e ter esperança?
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