Bto
Francisco de Jesus, Maria e José, (Palau y Quer), Presbítero de nossa Ordem
Beata
Josefa Naval Girbés, Virgem da OTC
Salmo Responsorial:
111
R. Felizes os que esperam no Senhor.
Feliz o
homem que teme o Senhor e ama ardentemente os seus preceitos. A sua
descendência será poderosa sobre a terra, será abençoada a geração dos justos.
Ditoso o
homem que se compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça. Este
jamais será abalado, o justo deixará memória eterna.
O seu
coração é inabalável e nada teme, reparte com largueza pelos pobres; a sua
generosidade permanece para sempre e pode levantar a sua fronte com dignidade.
Aleluia. Jesus Cristo,
sendo rico, fez-Se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza. Aleluia.
Evangelho (Lc
16,9-15): Naquele tempo, diz Jesus aos
discípulos: «Eu vos digo: usai o Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos.
Quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas
coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto
também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do Dinheiro iníquo, quem
vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem
vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai
odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis
servir a Deus e ao Dinheiro». Os fariseus, amigos do dinheiro, ouviam tudo isso
e zombavam de Jesus. Então, ele lhes disse: «Vós gostais de parecer justos diante
dos outros, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que as pessoas
exaltam é detestável para Deus».
«Quem é fiel nas
pequenas coisas será fiel também nas grandes»
Rev. D. Joaquim FORTUNY i Vizcarro (Cunit, Tarragona,
Espanha)
A
fidelidade está ao nosso alcance. Em geral nossos dias transcorrem no que
chamamos de normalidade: o mesmo trabalho, as mesmas pessoas, algumas práticas
de piedade, a mesma família. Nessas realidades ordinárias devemos crescer como
pessoas e em santidade. «Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas
grandes» (Lc 16,10). É preciso fazer bem as coisas, com boa intenção, com desejo
de agradar a Deus, nosso Pai; fazer as coisas com amor, tem muito valor e
prepara nos para receber o verdadeiro. São Josemaria expressava: «Viste como
ergueram aquele edifício de grandeza imponente? - Um tijolo, e outro. Milhares.
Mas um a um. - E sacos de cimento, um a um. E blocos de pedra, que pouco
representam na mole do conjunto. - E pedaços de ferro. - E operários que
trabalham, dia a dia, as mesmas horas. . . Viste como levantaram aquele
edifício de grandeza imponente? ... À força de pequenas coisas!»
Examinar
nossa consciência cada noite, nos ajudará a viver com retitude de intenção e
não esquecer que Deus vê tudo, até os pensamentos mais ocultos, como temos
aprendido no catecismo, e que o importante é agradar em todo momento a Deus,
nosso Pai, a quem servimos com amor, sabendo que «Ninguém pode servir a dois
senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o
outro» (Lc 16,13). Nunca o esqueçamos: «Só Deus é Deus» (Bento XVI).
«Eu vos digo: usai o
Dinheiro, embora iníquo, para fazer amigos»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Somos
chamados ao mais alto (à caridade) tratando das coisas da terra em um sentido
construtivo. O Criador mandou “dominar a terra”, mas não de qualquer jeito nem
a qualquer preço, pois, também, nos pediu, “nos multiplicar” e “encher” a terra
(cf. Gen 1,28). Só o amor (o dar-se aos demais) é a verdadeira medida dessa
plenitude que Deus nos pede já nesta vida.
Com a
expressão «dinheiro injusto» (Lc 16,9) Jesus Cristo se refere as coisas da
terra que em si mesmas, sem ser más, não nos fazem justos nem nos preparam para
a felicidade eterna. O Mestre nos convida a amar aos demais («fazer amigos»)
não só através da oração, senão também no dia a dia, com um reto e serviçal
manejo dos bens terrenais.
A
eternidade é longa demais aos “entretenimentos”: quem se diverte neste mundo,
sofrerá de tédio na eternidade. Porém, o amor — que sempre aspira a crescer —
goza na eternidade. Por isso, devemos de evitar o “encolhimento do coração”
ocasionado pelo divertimento com o dinheiro “injusto”.
Hoje como
antanho, não faltam pessoas que ouvindo essas coisas seguem se burlando de
Jesus (cf. Lc 16,14). Assim, ao Vicário de Cristo o tacham de intransigente, ao
mesmo tempo em que se riem dos católicos vendo-nos como ingênuos manipulados
por um “ditador”. O serviço do Sucessor de Pedro é uma caricia a nossa
consciência para nos defender da ditadura do "führer" de plantão:
Chame-se "relativismo”, ou “politicamente correto” ... «De Newman
aprendemos a compreender o primado do Papa: 'A defesa da lei moral e da
consciência é sua ração de ser'» (Bento XVI).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 16,9: Usar bem o dinheiro
injusto
"E eu
lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o
dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas”. Outros
traduzem “riqueza iníqua”. Para Lucas, dinheiro não é neutro, é injusto,
iníquo. No Antigo Testamento, a palavra mais antiga para indicar o pobre (ani)
significa empobrecido. Vem do verbo ana, oprimir, rebaixar. Esta afirmação
evoca a parábola do administrador desonesto, cuja riqueza era iníqua, injusta.
Aqui transparece o contexto das comunidades do tempo de Lucas, isto é, dos anos
80 depois de Cristo. Inicialmente, as comunidades cristãs surgiram entre os
pobres (cf. 1Cor 1,26; Gal 2,10). Aos poucos, pessoas mais ricas foram
entrando. A entrada dos ricos trouxe consigo problemas que estão registrados
nos conselhos dados na carta de Tiago (Tg 2,1-6;5,1-6), na carta de Paulo aos
Coríntios (1Cor 11,20-21) e no próprio evangelho de Lucas (Lc 6,24). Estes
problemas foram se agravando no fim do primeiro século, como atesta o
Apocalipse na sua carta à comunidade de Laodicéia (Ap 3,17-18). As frases de
Jesus que Lucas conservou são uma ajuda para clarear e resolver este problema.
* Lucas 16,10-12: Ser fiel no
pequeno e no grande
“Quem é
fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas
pequenas, também é injusto nas grandes. Por isso, se vocês não são fiéis no uso
do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? E se não são fiéis no
que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês?” Esta frase clareia a
parábola do administrador desonesto. Ele não foi fiel. Por isso, ele foi tirado
da administração. Esta palavra de Jesus também traz uma sugestão de como
realizar o conselho de fazer amigos com o dinheiro injusto. Hoje acontece algo
semelhante. Há pessoas que falam bonito sobre a libertação, mas em casa oprimem
a mulher e os filhos. São infiéis nas coisas pequenas. A libertação no macro
começa é no micro do pequeno mundo da família, do relacionamento diário entre
as pessoas.
* Lucas 16,13: Vocês não podem
servir a Deus e ao dinheiro
Jesus é
muito claro na sua afirmação: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou
odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não
podem servir a Deus e ao dinheiro". Cada um, cada uma, terá que fazer uma
escolha. Terá que se perguntar: “Quem eu coloco em primeiro lugar na minha
vida: Deus ou o dinheiro?” No lugar da palavra dinheiro cada um pode colocar
uma outra palavra: carro, emprego, prestígio, bens, casa, imagem, etc. Desta
escolha dependerá a compreensão dos conselhos que seguem sobre a Providência
Divina (Mt 6,25-34). Não se trata de uma escolha feita só com a cabeça, mas de
uma escolha bem concreta de vida que envolve as atitudes.
* Lucas 16,14-15: Crítica aos
fariseus que gostam de dinheiro
“Os
fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus.
Então Jesus disse para eles: Vocês gostam de parecer justos diante dos homens,
mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os
homens, é detestável para Deus”. Em outra ocasião Jesus mencionou o amor de
alguns fariseus ao dinheiro: “Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e,
para disfarçar, fazem longas orações” (Mt 23,14: Lc 20,47; Mc 12,40). Eles se
deixavam levar pela sabedoria do mundo, da qual Paulo diz: “Irmãos, vocês que
receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês. Entre vocês não há
muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas,
Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu
o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo
despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o
que o mundo pensa que é importante” (1Cor 1,26-28). Alguns fariseus gostavam de
dinheiro, como hoje alguns sacerdotes gostam de dinheiro. Vale para eles a
advertência de Jesus e de Paulo.
Para um confronto pessoal
1) Você e o dinheiro? Qual a escolha?
2) Fiel no pequeno? Como você fala sobre o evangelho e
como vive o Evangelho?
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