São João XXIII, Papa
Salmo Responsorial -
Sl 22,1-3a.3b-4.5-6 (R. 6cd)
R. Na casa do Senhor habitarei,
eternamente.
Senhor é o
pastor que me conduz; * não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas
verdejantes* ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, *
e restaura as minhas forças. R.
Ele me guia
no caminho mais seguro, * pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale
tenebroso, * nenhum mal eu temerei; estais comigo com bastão e com cajado; * eles
me dão a segurança! R.
Preparais à
minha frente uma mesa, * bem à vista do inimigo, e com óleo vós ungis minha
cabeça; * o meu cálice transborda. R.
Felicidade
e todo bem hão de seguir-me * por toda a minha vida; e na casa do Senhor,
habitarei* pelos tempos infinitos. R.
2ª Leitura (Fl
4,12-14.19-20): Irmãos: Sei viver na miséria e sei
viver na abundância. Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquer situação,
estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou sofrendo necessidade. Tudo
posso naquele que me dá força. No entanto, fizestes bem em compartilhar as
minhas dificuldades. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza a todas
as vossas necessidades, em Cristo Jesus. Ao nosso Deus e Pai, a glória pelos
séculos dos séculos. Amém.
Aleluia. Deus, Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo, ilumine os olhos do nosso coração, para sabermos a
que esperança fomos chamados. Aleluia.
Evangelho (Mt
22,1-14): Jesus voltou a falar em parábolas
aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: «O Reino dos Céus é como
um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. Mandou seus servos
chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. Mandou então
outros servos, com esta ordem: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete,
os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a
festa!’ Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para seu campo,
outro para seus negócios, outros agarraram os servos, bateram neles e os
mataram. O rei ficou irritado e mandou suas tropas matar aqueles assassinos e
incendiar a cidade deles. Em seguida, disse aos servos: ‘A festa de casamento está
pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Portanto, ide às encruzilhadas
dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’. Os servos
saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a
sala da festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para ver os
convidados, observou um homem que não estava em traje de festa e perguntou-lhe:
‘Meu caro, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem ficou sem
responder. Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse
homem e lançai-o fora, nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes’. Pois
muitos são chamados, mas poucos são escolhidos».
«Ide às encruzilhadas
dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes»
P. Júlio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
Assim, por
outros “servos”, (apóstolos) —enviados a irem pelas «encruzilhadas dos
caminhos» (Mt 22,9). «Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações e
batizai-os...» dirá mais tarde o Senhor Jesus em Mt 28,19— é que fomos
convidados, o resto da humanidade, quer dizer, «todos os que encontraram, maus
e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados» (Mt 22,10): A Igreja.
Mesmo assim, a questão, não é somente estar na sala do casamento pelo convite,
mas tem a ver também, e muito, com a dignidade que se tem («traje de festa» cf.
v. 12). São Jerônimo comentou ao respeito: «Os trajes da festa são preceitos do
Senhor e as obras cumpridas segundo a Lei e o Evangelho que são as vestiduras
do homem novo». Ou seja, as obras da caridade devem ser acompanhadas pela fé.
Sabemos que
a Mãe Tereza, todas as noites, saía às ruas de Calcutá a recolher moribundos
para dar-lhes, com amor, uma boa morte: limpos, bem vestidos e, se era
possível, batizados. Certa vez comentou: «Não tenho medo de morrer, porque
quando esteja diante do Pai, haverá tantos pobres que lhe entreguei com os
trajes de casamento que saberão defender-me» Bem aventurada ela! —Aprendamos,
nós, a lição.
Vinde todos à boda,
mas com o traje de gala, porque quero entrar em amizade, diálogo e intimidade
convosco!
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, Jesus ficava encantado quando comia com as pessoas. Por isso, ia aos
banquetes. Por isso não é estranho para nós que Ele compara o Reino a um Rei
que preparou um banquete ao que convida todos. Os insistentes convites do rei
no evangelho de hoje através dos seus emissários, que não são outros que os
profetas, encontram os seus destinatários indiferentes, desprezando a honra que
Ele lhes tinha feito, preocupados só pelos assuntos materiais: negócios e mais
negócios. Por terem sido cuidadosamente eleitos pelo rei como comensais da
festa de bodas, se percebe que eram de um certo grau, que aos olhos do rei
tinham um certo privilégio, o que também agrava notavelmente o seu comportamento,
que chega ao ultraje e à mesma morte dos porta-vozes reais que levam os
convites. Que ofensa e que humilhação infligidas ao rei! Desculpas sem peso que
podiam ser feitas noutro dia: “o meu campo me espera…o meu negócio”. Até
pegaram e mataram os que levavam os convites do Rei. Assim se explica o motivo
de porquê na parábola não se considera exagerada a reação do monarca, o qual
ordena que as suas tropas façam justiça aos assassinos e incendeiem a sua
cidade, quase como para apagar da face da terra toda a lembrança de tão
horrível episódio.
Em segundo
lugar, apliquemos a nós esta parábola a Deus. Como se pode considerar
diversamente o desprezo dos bens divinos por parte de alguns de nós, a rejeição
de um Deus que oferece a sua própria vida ao homem? Por que alguns não
participam da missa, por que não se confessam, por que não leem a Bíblia? Veem
à minha memória aquelas severas palavras de são Paulo: “Não façais ilusões, com
Deus não se brinca” (Gal 6, 7). Não se pode desdenhar impunemente os dons de
Deus, e ainda menos pretender que Deus renuncie o seu plano de salvação
universal, opondo-lhe um muro de incompreensão e superficialidade. Excluir-se
deste plano indica só o fracasso do homem e não de Deus. É isso o que quer
dizer a parábola quando mostra o rei que envia os seus servos às ruas para
juntar quantos encontrar, “bons e maus”, e assim encher a sala do banquete,
substituindo os “indignos”. Ninguém pode impedir a festa de Deus. O nosso
esquecimento ou a nossa indiferença não podem fazer que Deus não exista, nem
impedir que realize, inclusive sem nós, o seu plano de salvação.
Finalmente,
agora bem, nesse banquete devemos entrar com traje de gala, isto é, com a graça
santificante, que no Apocalipse se descreve como “vestido de linho das obras
justas dos santos” (19, 8). É preciso ter a túnica branca da pureza, a coroa de
palmeira ou a oliva da caridade, e as sandálias e os pés limpos após a fadiga e
a luta. Segundo o protocolo oriental, o rei não participava no banquete, porém
num certo momento entrava na sala para receber o obséquio e o agradecimento dos
convidados. No Oriente, desde os tempos remotos do rei Hamurabi (s. XVIII
a.C.), os reis acostumavam presentear aos seus hóspedes vestidos idôneos para a
solenidade das suas audiências ou para o privilégio do comparecimento diante
deles. O homem da parábola que não tinha vestido de festa foi porque não quis
prover-se do traje – estava na entrada do palácio-, o que indica uma falta
de respeito não menos grave que a daqueles que rejeitaram o convite do Rei.
Também foi expulso à Geena eterna, o inferno. Nenhuma interpretação poderá
negar que Cristo ameaçou com este castigo irreparável quem faz vãos os dons de
Deus, rejeitando a sua graça. Porém, não nos esqueçamos de que também esta
terrível parábola precede às três parábolas da misericórdia, já que Deus ameaça
com a intenção de perdoar e nos corrigir.
Para refletir: Levamos a sério os convites de Deus
ou fazemos ouvidos surdos e preferimos os nossos negócios? Temos sempre o traje
de gala da graça de Deus na nossa alma cada vez que nos relacionamos com Deus
na oração ou comungamos na Eucaristia? Somos agradecidos com Deus por tanto
amor e por nos convidar ao Banquete da missa cada domingo? Se participamos do
banquete do Rei, depois levamos algo e convidamos os nossos irmãos ou comemos
tudo sozinhos no cantinho de nosso egoísmo?
Para rezar: Obrigado, Senhor, por tantos
banquetes que a diário me servis. Perdoai-me que algumas vezes despreciei esses
banquetes, por preferir meus negócios. Ajudai-me a não sujar nunca meu vestido
de gala, ou seja, a graça santificante que tenho desde o batismo. Que saiba
compartilhar com meus irmãos esses presentes que vos me dais gratuitamente.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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