Salmo Responsorial: 1
R. Quem Vos segue, Senhor, terá a
luz da vida.
Feliz o
homem que não segue o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos
pecadores nem toma parte na reunião dos maldizentes; mas antes se compraz na
lei do Senhor e nela medita dia e noite.
É como
árvore plantada à beira das águas: dá fruto a seu tempo e a sua folhagem não
murcha. Tudo quanto fizer será bem sucedido.
Bem
diferente é a sorte dos ímpios: são como a palha que o vento leva. O Senhor
vela pelo caminho dos justos, mas o caminho dos pecadores leva à perdição.
Aleluia. As minhas
ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Lc 11,42-46): Naquele
tempo, o Senhor disse: «Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã,
da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de
Deus. Isto é que deveríeis praticar, sem negligenciar aquilo. Ai de vós,
fariseus, porque gostais do primeiro assento nas sinagogas e de serdes
cumprimentados nas praças. Ai de vós, porque sois como túmulos que não se veem,
sobre os quais as pessoas andam sem saber». Um doutor da Lei tomou a palavra e
disse: «Mestre, falando assim, insultas também a nós!». Jesus respondeu: «Ai de
vós igualmente, doutores da Lei, porque carregais as pessoas com fardos
insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos!».
«Isto é que deveríeis
praticar, sem negligenciar aquilo»
+ Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada, Barcelona,
Espanha)
Os dízimos
no Antigo Testamento e nossa atual colaboração com a Igreja, segundo as leis e
os costumes, vão na mesma linha. Mas dando o valor da lei obrigatória às
pequenas coisas—como o faziam os Mestres da Lei— é exagerado e fadigoso: «Ai de
vós igualmente, doutores da Lei, porque carregais as pessoas com fardos
insuportáveis, e vós mesmos, nem com um só dedo, não tocais nesses fardos!» (Lc
11,46).
É verdade
que as pessoas que afinam tem delicadezas de generosidade. Tivemos vivências
recentes de pessoas que da colheita trazem para a Igreja —para o culto e para
os pobres— 10% (o dízimo); outros que reservam a primeira flor (as primícias),
o melhor fruto do seu horto; ou também oferecem a mesma quantia que gastaram na
viagem de lazer ou de férias; outros trazem o produto preferido do seu
trabalho, tudo isso com o mesmo fim. Adivinha-se ai assimilado, o espírito do
Santo Evangelho. O amor é engenhoso; das coisas pequenas obtém alegrias e méritos
perante Deus.
O bom
pastor passa na frente do rebanho. Os bons pais são modelo: o exemplo arrasta.
Os bons educadores esforçam-se em viver as virtudes que ensinam. Isso é a
coerência. Não só com um dedo, senão com a mão toda: Vida de Sacrário, devoção
à Virgem, pequenos serviços no lar, difundir bom humor cristão... «As almas
grandes dão-se conta das pequenas coisas» (São Josemaria).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 11,42: Ai de vocês, que
deixam de lado a justiça e o amor
“Ai de
vocês, fariseus, porque vocês pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas
as outras ervas, mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam
praticar isso, sem deixar de lado aquilo”.
Esta crítica de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode
ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje.
Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a justiça e
o amor. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em
observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã
carmelita Santa Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que
marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência
pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que
deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do
amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
A
observação final de Jesus dizia: “Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de
lado aquilo”. Esta advertência faz lembrar uma outra observação de Jesus que
serve de comentário: "Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas.
Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês: antes que o
céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas
da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só desses
mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será
considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e
ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Com efeito, eu lhes garanto:
se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês
não entrarão no Reino do Céu" (Mt 5,17-20)
* Lucas 11,43: Ai de vocês, que
gostam dos lugares de honra
“Ai de
vocês, fariseus, porque gostam do lugar de honra nas sinagogas, e de serem
cumprimentados em praças públicas”.
Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento hipócrita de
alguns fariseus. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas
túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas
sinagogas e os lugares de honra nos banquetes (cf. Mt 6,5; 23,5-7). Marcos
acrescenta que eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas
preces em troca de dinheiro! Pessoas assim vão receber um julgamento mais
severo (Mc 12,38-40). Hoje acontece o mesmo na nossa igreja.
* Lucas 11,44: Ai de vocês, túmulos
escondidos
“Ai de
vocês, porque são como túmulos que não se veem, e os homens pisam sobre eles
sem saber". Lucas modificou a comparação. Em Mateus se diz: “Vocês são
como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios
de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos
diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt
23,27-28). A imagem de “sepulcros
caiados” fala por si e não precisa de comentário. Por meio dela, Jesus condena
os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a
negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora. Lucas fala em
sepulcros escondidos: “Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, e
os homens pisam sobre eles sem saber". Quem pisa ou toca num sepulcro
torna-se impuro, mesmo quando o sepulcro existe escondido debaixo do chão. A
imagem é muito forte: por fora, o fariseu de sempre parece justo e bom, mas
esse aspecto é um engano, pois dentro dele existe um sepulcro escondido que,
sem o povo se dar conta, espalha um veneno que mata, comunica uma mentalidade
que afasta de Deus, sugere uma compreensão errada da Boa Nova do Reino. Uma
ideologia que faz do Deus vivo um ídolo morto!
* Lucas 11,45-46: Crítica do doutor
da lei e a resposta de Jesus
“Um
especialista em leis tomou a palavra, e disse: "Mestre, falando assim insultas
também a nós!" Na resposta Jesus
não voltou atrás mas deixou bem claro que a mesma crítica valia também para os
escribas: "Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem
sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem
com um só dedo”. No Sermão da Montanha, Jesus expressou a mesma crítica que
serve de comentário: “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para
interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que
eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. Amarram
pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão
dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo” (Mt 23,2-4).
Para um confronto pessoal
1) A hipocrisia mantém uma aparência enganadora. Até onde
atua em mim a hipocrisia? Até onde a hipocrisia atua na nossa igreja?
2) Jesus criticava os escribas que insistiam na
observância disciplinar das coisas miúdas da lei como dízimo da hortelã, da
arruda e de todas as ervas, e esqueciam de insistir no objetivo da lei que é a
prática da justiça e do amor. Vale para mim esta crítica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO