SÃO VICENTE DE PAULO, Presbítero.
Dia Mundial do Migrante
Salmo - 24/25
R. Recordai, Senhor meu Deus, vossa
ternura e compaixão!
Mostrai-me,
ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade
me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó
Senhor, todos os dias!
Recordai,
Senhor meu Deus, vossa ternura e a vossa compaixão que são eternas! Não
recordeis os meus pecados quando jovem, nem vos lembreis de minhas faltas e
delitos! De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia e sois bondade sem
limites, ó Senhor!
O Senhor é
piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os
humildes na justiça, e aos pobres ele ensina o seu caminho.
2ª Leitura (Fil 2,1-11):
Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo,
algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão,
completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só
alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória,
mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada
qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros. Dedicai-vos
mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina,
não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo,
assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo
exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se
obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e
lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus
se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse,
para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor.
Aleluia. Minhas
ovelhas escutam a minha voz, minha voz estão elas a escutar; eu conheço, então,
minhas ovelhas, que me seguem, comigo a caminhar! Aleluia.
Evangelho (Mt
21,28-32): «Que vos parece? Um homem tinha dois
filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’
O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai
dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor,
eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?» Os sumos sacerdotes
e os anciãos responderam: «O primeiro». Então Jesus lhes disse: «Em verdade vos
digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Pois
João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os
publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos
arrependestes, para crer nele».
«Qual dos dois fez a
vontade do pai?»
+Dr. Josef ARQUER (Berlin, Alemanha)
Seguramente,
o que diz “sim” e fica em casa não pretende enganar o seu pai. Será apenas
preguiça, não apenas “preguiça para fazer”, mas também para refletir. O seu
lema é: “O que me importa o que disse ontem?”.
O do “não”,
sim que se importa com o que disse ontem. Tem remorsos pelo desaire com seu
pai. Da dor arranca a valentia de retificar. Corrige a palavra falsa com o fato
certo. “Errare, humanum est?”. Sim, mas ainda mais humano —e mais de acordo com
a verdade interior gravada em nós— retificar. Mesmo que custe, porque significa
humilhar-se, arrasar a soberba e a vaidade. Alguma que outra vez vivemos
momentos assim: corrigir uma decisão precipitada, um juízo temerário, uma
valorização injusta… Depois um suspiro de alivio: —Obrigado, Senhor!
«Em verdade
vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus» (Mt
21,31). S. João Crisóstomo realça a maestria psicológica do Senhor perante os
“sumos sacerdotes”: «Não lhes atira à cara diretamente: Porque não acreditastes
em João? Mas pelo contrário confronta-os —o que resulta muito mais pujante— com
os publicanos e as prostitutas. Assim os recrimina com a força patente dos
fatos, a malícia de um comportamento marcado pelos respeitos humanos e pela
vanglória».
Inseridos
na cena, provavelmente sentiremos a falta de um terceiro filho, dado às meias
tintas, em cujo comportamento nos seria mais fácil reconhecer e pedir desculpa,
envergonhados. Inventamo-lo com autorização de Senhor e ouvimo-lo responder ao
pai, com voz apagada: `Pode ser que sim pode ser que não…” E há quem diga ter
ouvido no final “o mais provável é que, talvez, quem sabe…”.
"As Aparências
Enganam".
Postado por ✝
icatolica.com
Se os
adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram, foi,
principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo obstáculo à
salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São Paulo à Virtude
da humildade: “Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.
Ele que era de condição divina…esvaziou-se a Si mesmo, assumindo a condição de
escravo, tornando –se igual aos homens” (Fl 2,5-7). Se o Filho de Deus Se
humilhou ao ponto de carregar sobre Si os pecados dos homens, será pedir muito
que estes sejam humildes no reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos ao
Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas as
outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam as
graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos, dando
–lhes valor e fazendo com que sejam agradáveis a Deus. Finalmente,
constitui-nos donos do coração de Deus, até fazer Dele, por assim dizer nosso
servidor, pois Deus nunca pode resistir a um coração humilde”. É uma virtude que não consiste essencialmente
em reprimir os impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade …
Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de
Deus e diante de tudo o que há de Deus nas criaturas , em reconhecer a nossa
pequenez e indigência em face da
grandeza do Senhor .As almas santas sentem uma alegria muito grande em
aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer que só Ele é grande e que , em
comparação com a dele, todas as grandezas humanas estão vazias de verdade e não
são mais do que mentira. Este
aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas
enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A humildade
nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de Deus,
tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti, Senhor, a minha
vida é como um nada” (Sl 39(38),6). Somente a fraqueza e o erro é que são
especificamente nossos.
A humildade
nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade. Os santos foram homens
magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória de Deus. O humilde
é audaz porque conta com a graça do Senhor, que tudo pode, porque recorre com
frequência à oração, convencido da absoluta necessidade da ajuda divina. E por
ser simples e nada arrogante ou autossuficiente, atrai as amizades, que são
veículo para uma ação apostólica eficaz e de longo alcance.
A soberba e
a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio
da alma humilde.
Hoje o
Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que
diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o
terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O que
importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de
Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus”
(Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!
Pontos da ideia
principal
Em segundo
lugar, fatos, não palavras. O segundo filho, quem é? “Disse não, mas depois
foi”. Quantos estamos refletidos nesse segundo filho! Temos momentos de
rebeldia: rebeldia contra a autoridade paterna ou contra os superiores ou
contra a Igreja ou contra Deus mesmo. Momentos de desânimo ou de birras.
Momentos de inconstância e de cansaço. Momentos de irreflexão ou de egoísmo.
Causas dessa mudança de humor? Influências externas que são autenticas rajadas
ideológicas e éticas; talvez este filho do “não, mas sim” não recebeu a semente
da fé na família ou na escola. Certamente não seria o modelo para seguir este
filho; Jesus não nos convida a imitar este filho ou as prostitutas ou os
publicanos, mas imitar a capacidade que tiveram de se converter e mudar. Se
essas pessoas estão adiante no Reino, não é pelo que tinham sido, mas pela
mudança que deram, como o bom ladrão, na última hora, na cruz.
Finalmente,
fatos, não palavras. O ideal é dizer “sim” com convicção e logo ser consequente
e perseverar no bem. Jesus já disse em outros momentos: “Não entrará no Reino
dos Céus aquele que diz Senhor, Senhor, mas o que cumpre a vontade do meu Pai
do céu…o que cumpre a vontade do meu Pai do céu, esse é o meu irmão, a minha
irmã e a minha mãe…o que edifica sobre rocha é o que ouve estas palavras e as
coloca em prática…que o nosso sim seja sim, e o nosso não, não”. As
declarações, as promessas e as manifestações duram pouco. O que custa é agir
com coerência. Dizer “sim” é simples. Mas agir conforme a esse “sim”, é outra
história. Portanto: Sim, à vontade de Deus. Sim, à verdade, à castidade, à
obediência, ao respeito, à caridade. Sim, para ajudar o pobre, o emigrante, o
doente. Sim, à oração e ao sacrifício. Sim, aos momentos de luz e de escuridão;
de alegria e de tristeza, de êxito e de fracasso. E por consequência: Não, ao
pecado, e às manifestações do mesmo.
Para refletir
O que o
Senhor falou pela boca de Ezequiel, Jesus confirma na parábola do Evangelho
deste hoje. Quem são os dois filhos? O primeiro, que não queria obedecer ao
pai, mas depois se arrependeu, são os pecadores que, arrependidos e humilhados,
de coração acolheram Jesus e o Reino que ele veio anunciar; o segundo filho,
que prometeu fazer a vontade do pai e, depois, fez como bem quis e entendeu,
são aqueles escribas e fariseus, justos aos seus próprios olhos, caprichosos e
autossuficientes, que terminaram perdendo o Reino de Deus por recusarem acolher
Jesus e sua palavra. Eis, caríssimos: o que estamos sendo diante de Deus? Estamos
sendo generosos para com ele? Temos acolhido sua vontade na nossa vida? Temos
sido atentos aos seus apelos? Deveríamos sempre progredir no caminho do Senhor…
Progredimos quando o amamos, quando fazemos sua vontade, quando a ele nos
dedicamos; progredimos quando crescemos na virtude, progredimos quando somos
fiéis aos nossos compromissos para com ele… Mas, entre nós, há aqueles que
regridem, que esmorecem, que esfriam e se afastam… aqueles que pensam que podem
ser cristãos numa atitude de comodismo burguês…
Que fazer
para não parar? Que fazer para crescer no caminho do Senhor? São Paulo nos
indica um caminho de grande beleza, simplicidade e eficácia, um caminho
indispensável a todos nós! Quereis crescer na estrada de Deus? Quereis
experimentar seu amor? Quereis viver de verdade? Então, “tende em vós o mesmo
sentimento de Cristo Jesus!” Que conselho! Contemplar Jesus, aprender dele, do
seu coração, seus sentimentos de total amor e total doação em relação ao Pai e
a nós; aprender sua doçura, sua humildade, sua obediência radical ao Pai: “Ele,
existindo na condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de
escravo, tornando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até à morte, e
morte de cruz”. Caríssimos, em Cristo, temos o hábito de pensar em Jesus, de
contemplar essa sua atitude? Olhemos a cruz, aprendamos a lição do Senhor!
Cristo nunca se buscou a si próprio, mas esvaziou-se totalmente, desejando
somente a vontade do Pai. Por isso foi livre, por isso foi a mais perfeita e
completa manifestação do Reino de Deus, pois isso o Pai o exaltou, o
glorificou, encheu-o de vida plena!
Pois, bem,
o Apóstolo nos convida a contemplar Jesus, escutar Jesus, para adquirir os
sentimentos de Jesus e, assim, viver a vida de Jesus. Viver assim, é ser amigo
de Deus, é viver de verdade e tornar-se sinal de vida divina para os outros.
Isso os cristãos deveriam ser; isso a Igreja deve ser! Pensem no quadro
encantador que São Paulo traça: “Se existe consolação na vida em Cristo, se
existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura
e compaixão… aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia,
procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com
humildade, e cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é do
outro!” Eis, caríssimos, o que é ter os sentimentos do Cristo; eis o que é
viver para Deus; eis o que é ser já agora, testemunha daquela verdadeira vida
que o Senhor nos dará por toda a eternidade! Cresçamos nesse caminho,
progridamos nessa vida, para vivermos de verdade. Como pede a oração inicial
desta Santa Missa: “Ó Deus, derramai em nós a vossa graça, para que, caminhando
ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais!” Amém.
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