São Tomás de Villanova, Bispo
Salmo Responsorial:
118
R. Conduzi-me, Senhor, pelo caminho
dos vossos mandamentos.
Felizes os
que seguem o caminho perfeito e andam na lei do Senhor. Fazei-me compreender o
caminho dos vossos preceitos, para meditar nas vossas maravilhas.
Escolhi o
caminho da verdade e decidi-me pelos vossos juízos. Dai-me entendimento para
guardar a vossa lei e para a cumprir de todo o coração.
Conduzi-me
pela senda dos vossos mandamentos, porque nela estão as minhas delícias. Quero
cumprir fielmente a vossa lei, agora e para sempre.
Aleluia. Felizes os
que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia.
Evangelho (Lc
8,19-21): Naquele tempo, sua mãe e seus irmãos
vieram ter com ele, mas não podiam se aproximar, por causa da multidão. Alguém
lhe comunicou: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem te ver. Ele
respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes aqui, que ouvem a Palavra de Deus
e a põem em prática.
«Minha mãe e meus
irmãos são estes aqui, que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática»
Rev. D. Xavier JAUSET i Clivillé (Lleida, Espanha)
Jesus revela-nos
de que precisamos, também nós, para chegar a ser seus familiares: Aqueles que
ouvem...(Lc 8,21) e, para ouvir é necessário que nos aproximemos, tal como os
seus familiares, que chegaram até onde Ele estava, mas não podiam aproximar-se
por causa da multidão. Os familiares esforçam-se por se aproximar, seria
conveniente que nos perguntássemos se lutamos e procuramos vencer os obstáculos
que encontramos na hora de nos aproximarmos da Palavra de Deus. Dedico, todos
os dias, uns minutos a ler, escutar e meditar a Sagrada Escritura? S. Tomás de
Aquino recorda-nos que: é necessário que meditemos continuamente a Palavra de
Deus(...) ; esta meditação ajuda fortemente na luta contra o pecado.
E,
finalmente, cumprir a Palavra de Deus. Não basta escutar a Palavra; é
necessário cumpri-la, se queremos ser membros da família de Deus. Temos de pôr
em prática aquilo que nos diz! Por isso será bom que nos perguntemos se só
obedeço quando aquilo que se me pede me agrada ou é relativamente fácil, e,
pelo contrário, quando há que renunciar ao bem-estar, ao bom nome, aos bens
materiais ou ao tempo disponível para o descanso..., ponho a Palavra entre
parêntesis até que cheguem melhores tempos. Peçamos à Virgem Maria que
escutemos como Ela e cumpramos a Palavra de Deus para andarmos assim no caminho
que conduz à felicidade duradoura.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
*
Lucas 8,19-20: A família procura Jesus
Os parentes
chegam na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá
até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, pois
havia muita gente, mas mandam recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí
fora, e querem te ver". Conforme o
evangelho de Marcos, os parentes não querem ver Jesus. Eles querem é levá-lo de
volta para casa (Mc 3,32). Achavam que Jesus tinha enlouquecido (Mc 3,21).
Provavelmente, estavam com medo, pois conforme a história informa, havia uma
vigilância muito grande da parte dos romanos com relação a todos que, de uma ou
de outra maneira, tinha liderança popular (cf. At 5,36-39). Em Nazaré na serra
seria mais seguro do que na cidade de Cafarnaum.
*
Lucas 8,21: A resposta de Jesus
A reação de
Jesus é firme: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de
Deus, e a põem em prática." Em Marcos a reação de Jesus é mais concreta.
Marcos diz: “Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas ao seu
redor e disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus,
esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mc 3,34-35). Jesus alargou a
família! Ele não permite que a família o afaste da missão: nem a família (Jo
7,3-6), nem Pedro (Mc 8,33), nem os discípulos (Mc 1,36-38), nem Herodes (Lc
13,32), nem ninguém (Jo 10,18).
* É a palavra de
Deus que cria a nova família ao redor de Jesus: "Minha mãe e meus irmãos
são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.". Um bom
comentário deste episódio é o que diz o evangelho de João no prólogo: “A
Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a
conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. Ela, porém,
deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto
é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do
impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. E a Palavra se
fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho
único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (João 1,10-14). A família, os
parentes, não entenderam Jesus (Jo 7,3-5; Mc 3,21), não fazem parte da nova
família. Só fazem parte da nova comunidade aqueles e aquelas que recebem a
Palavra, isto é, que acreditam em Jesus. Estes nascem de Deus e formam a
Família de Deus.
*
A situação da família no tempo de Jesus.
No tempo de
Jesus, tanto a conjuntura política, social e econômica como a ideologia
religiosa, tudo conspirava para o enfraquecimento dos valores centrais do clã,
da comunidade. A preocupação com os problemas da própria família impedia as
pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse
manifestar-se, novamente, na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham
de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se para a grande
família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família
tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família (Mc 3,33-35). Criou
comunidade.
*
Os irmãos e as irmãs de Jesus
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa
de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros
textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria
teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que
pensar disso? Em primeiro lugar, as duas
posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos
tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não
convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois
trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de
ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração!
Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo
sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós
todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em
defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela
injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus:
“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que
todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21).
“Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
Para um confronto pessoal
1. A família ajuda ou dificulta a sua participação na
comunidade cristã?
2. Como você assume o seu compromisso na comunidade
cristã sem prejudicar nem a família e nem a comunidade?
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