Salmo - 16/17
Ao despertar, me saciará vossa
presença, ó Senhor.
Ó Senhor,
ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso
ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios!
Eu vos chamo,
ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Mostrai-me
vosso amor maravilhoso, vós que salvais e libertais do inimigo quem procura a
proteção junto de vós.
Protegei-me
qual dos olhos a pupila e guardai-me à proteção de vossas asas. E verei,
justificado, a vossa face, e, ao despertar, me saciará vossa presença.
Aleluia. Graças te
dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu reino
aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! Aleluia.
Evangelho (Lc 8,1-3): Naquele
tempo, Jesus percorria cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa Nova
do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que tinham
sido curadas de espíritos maus e de doenças: Maria, chamada Madalena, de quem
saíram sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes;
Susana, e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens.
«Jesus percorria
cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus»
Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona,
Espanha)
Comentando
este mistério diz o Papa são João Paulo II: «Mistério de luz é a predicação com
a que Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus e convida à conversão, perdoando
os pecados de quem se aproxima a Ele com fé humilde, iniciando assim o mistério
da misericórdia que Ele continuará exercendo até o fim do mundo, especialmente
através do sacramento da Reconciliação confiado à Igreja».
Jesus
continua passando perto de nós, oferecendo-nos seus bens sobrenaturais: quando
fazemos oração, quando lemos e meditamos o Evangelho para conhecê-lo e amá-lo
mais e imitar sua vida, quando recebemos algum sacramento, especialmente a
Eucaristia e a Penitência, quando dedicamo-nos com esforço e constância ao
trabalho de cada dia, quando tratamos com a família, os amigos ou vizinhos,
quando ajudamos àquela pessoa necessitada material e espiritualmente, quando
descansamos ou nos divertimos... Em todas essas circunstâncias podemos
encontrar a Jesus e segui-lo como aqueles doze e aquelas santas mulheres.
Mas, além
disso, cada um de nós é chamado por Deus a ser também Jesus que passa, para
falar -com nossas obras e nossas palavras- a quem tratamos sobre a fé que enche
de sentido a nossa existência, da esperança que nos move a seguir adiante pelos
caminhos da vida confiados do Senhor e, da caridade que guia todo nosso agir.
A primeira
em seguir Jesus e em ser Jesus é Maria. Que Ela com seu exemplo e sua
intercessão nos ajude!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus
Numa única
frase Lucas descreve a situação: Jesus anda por toda a parte, pelos povoados e
cidades da Galileia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com
ele. A expressão “seguir Jesus” (cf. Mc 1,18; 15,41) indica a condição do
discípulo que segue o Mestre, vinte e quatro horas por dia, procurando imitar o
seu exemplo e participar do seu destino.
* Lucas 8,2-3: As mulheres seguem
Jesus
O
surpreendente é que, ao lado dos homens, há também mulheres “junto com Jesus”.
Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé de igualdade, pois ambos
seguem Jesus. Lucas também conservou os nomes de algumas destas
discípulas: Maria Madalena, nascida na
cidade de Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios. Joana, mulher de
Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era governador da Galileia. Suzana e
várias outras. Delas se afirma que “servem a Jesus com seus bens”. Jesus
permitia que um grupo de mulheres o “seguisse” (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). O
evangelho de Marcos, falando das mulheres no momento da morte de Jesus,
informa: “Aí estavam também algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas
estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset, e Salomé. Elas
haviam seguido e servido a Jesus, desde quando ele estava na Galileia. Muitas
outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc
15,40-41). Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir,
subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista
destas discípulas que seguiam Jesus como fizeram com os doze discípulos. Mas
pelas páginas do evangelho de Lucas aparecem os nomes de sete discípulas: Maria
Madalena, Joana, mulher de Cuza, Suzana (Lc 8,3), Marta e Maria (Lc 10,38),
Maria, mãe de Tiago (Lc 24,10) e Ana, a profetisa (Lc 2,36), de oitenta e
quatro anos de idade. O número oitenta e quatro é doze vezes sete. A idade
perfeita! A tradição eclesiástica posterior não valorizou este dado do discipulado
das mulheres com o mesmo peso com que valorizou o seguimento de Jesus por parte
dos homens. É pena.
* O Evangelho de Lucas sempre foi
considerado o Evangelho das mulheres.
De fato, Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o relacionamento
de Jesus com as mulheres. E a novidade não está só na presença delas ao redor
de Jesus, mas também e sobretudo na atitude de Jesus em relação a elas. Jesus
as toca ou se deixa tocar por elas sem medo de se contaminar (Lc 7,39;
8,44-45.54). Diferente dos mestres da época, Jesus aceita mulheres como
seguidoras e discípulas (Lc 8,2-3; 10,39). A força libertadora de Deus, atuante
em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade (Lc 13,13). Jesus é
sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor (Lc 7,13). O
trabalho da mulher preparando alimento é visto por Jesus como sinal do Reino
(Lc 13,20-21). A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como
modelo de oração (Lc 18,1-8), e a viúva pobre que partilha seus poucos bens com
os outros como modelo de entrega e doação (Lc 21,1-4). Numa época em que o
testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres
como testemunhas da sua morte (Lc 23,49), sepultura (Lc 23,55-56) e
ressurreição (Lc 24,1-11.22-24)
Para um confronto pessoal
1) Na sua comunidade, no seu país, na sua Igreja, como é
a valorização da mulher?
2) Compare a atitude da nossa Igreja com a atitude de
Jesus.
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