São João Gabriel Perboyre, presbítero e mártir
Salmo Responsorial: 83
R. Quão amável, ó Senhor, é vossa
casa!
Minha alma desfalece de saudades * e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam * e exultam de alegria no Deus vivo! R.
Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa, + e a andorinha ali prepara o seu ninho, * para nele seus filhotes colocar: vossos altares, ó Senhor Deus do universo! *vossos altares, ó meu Rei e meu Senhor! R.
Felizes os que habitam vossa casa; * para sempre haverão de vos louvar! Felizes os que em vós têm sua força, * e se decidem a partir em romaria! R.
O Senhor Deus é como um sol, é um escudo, * e largamente distribui a graça e a glória. O Senhor nunca recusa bem algum * àqueles que caminham na justiça. R.
Aleluia. Vossa palavra
é a verdade; santificai-nos na verdade! Aleluia.
Evangelho (Lc
6,39-42): Naquele tempo, Jesus contou a seus
discípulos uma parábola: «Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no
buraco? O discípulo não está acima do mestre; todo discípulo bem formado será
como o mestre. Por que observas o cisco que está no olho do teu irmão, e não
reparas na trave que está no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão:
Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando não percebes a trave que está
no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave que está no teu olho e,
então, enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão».
«Todo discípulo bem
formado será como o mestre»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès,
Barcelona, Espanha)
Sim, todos
-queiramos ou não- com nosso comportamento, temos a oportunidade de ser modelo
estimulante para os que nos rodeiam. Pensemos, por exemplo, na ascendência que
os pais têm sobre os filhos, os professores sobre os alunos, as autoridades
sobre os cidadãos, etc. O cristão, no entanto, deve ter uma consciência
particularmente viva a respeito de tudo isto. Mas... «Pode um cego guiar outro
cego?» (Lc 6,39).
Para nós,
cristãos, é uma chamada de atenção aquilo que os judeus e as primeiras gerações
de cristãos falavam de Jesus Cristo: «Ele fez bem todas as coisas» (Mc 7,37);
«O Senhor começou fazer e ensinar» (At 1,1).
Devemos
tentar fazer em obras tudo aquilo que cremos e professamos de palavra. Numa
ocasião, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal Ratzinger, afirmava que «o
perigo mais grave, são os cristãos adaptados», portanto, é o caso das pessoas
que de palavra se professam católicas, mas na prática, com seu comportamento,
não demonstram o radical próprio do Evangelho.
Ser
radical, não é ser fanático (já que a caridade é paciente e tolerante) nem
exagerado (pois, no amor não é possível exagerar). Como afirmou São João Paulo
II, «o Senhor crucificado é um testemunho insuperável de amor paciente e mansa
humildade»: não se trata de um fanático nem de um exagerado. Mas é radical até
dizer como o centurião que assistiu sua morte «Na verdade, este homem era um
justo» (Lc 23,47).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 6,39: A parábola do cego
guiando outro cego
Jesus
contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não
cairão os dois num buraco?” Parábola de uma linha só que tem muita semelhança
com as advertências que, no evangelho de Mateus, são dirigidas aos fariseus:
“Ai de vocês, guias cegos!” (Mt 23,16.17.19.24.26) Aqui no contexto do
evangelho de Lucas, esta parábola é dirigida aos animadores das comunidades que
se consideram donos da verdade, superiores aos outros. Por isso são guias
cegos.
* Lucas 6,40: Discípulo - Mestre
“Nenhum
discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu
mestre”. Jesus é Mestre. Não é professor. Professor dá aula em várias matérias,
mas não convive. Mestre não dá aula, mas convive. A sua matéria é ele mesmo, o
seu testemunho de vida, sua maneira de viver as coisas que ensina. A
convivência com o mestre tem três aspectos:
(1) O mestre é o modelo ou o exemplo a
ser imitado (cf.Jo 13,13-15).
(2) O discípulo não só contempla e
imita, mas também se compromete com o destino do mestre, com a sua tentações
(Lc 22,28), perseguição (Mt 10,24-25), e morte (Jo 11,16).
(3) Não só imita o modelo, não só
assume o compromisso, mas chega a identificar-se: "Vivo, mas já não sou
eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Este terceiro aspecto é a dimensão
mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do Espírito.
* Lucas 6,41-42: O cisco no olho do
irmão
“Por que
você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave
que há no seu próprio olho? Como é que
você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho',
quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a
trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do
olho do seu irmão". No Sermão da
Montanha, Mateus trata do mesmo assunto e explica um pouco melhor a parábola do
cisco no olho. Jesus pede uma atitude criativa que nos torne capazes de ir ao
encontro do outro sem julgá-lo, sem preconceitos e racionalizações, acolhendo-o
como irmão (Mt 7,1-5). Esta total abertura para o outro como irmão só nascerá
em nós quando soubermos relacionar-nos com Deus em total confiança de filhos
(Mt 7,7-11).
Para um confronto pessoal
1) Cisco e trave no olho. Como eu me relaciono com os
outros em casa na família, no trabalho com os colegas, na comunidade com os
irmãos e as irmãs?
2) Mestre e discípulo. Como sou discípulo de Jesus?
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