Salmo Responsorial - Sl
66 (67), 2-3.5.6.8 (R. 4)
R. Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os vossos caminhos e entre os povos a vossa salvação.
Alegrem-se e exultem as nações, porque julgais os povos com justiça e governais as nações sobre a terra.
Os povos Vos louvem, ó Deus, todos os povos Vos louvem. Deus nos dê a sua bênção e chegue o seu temor aos confins da terra.
II Leitura (Rm 11, 13-15.29-32) - Irmãos: É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles desobedeceram agora, devido à misericórdia que alcançastes, para que, por sua vez, também eles alcancem agora misericórdia. Efetivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos.
Aleluia. Jesus proclamava o evangelho do reino e curava todas as doenças entre o povo. Aleluia.
Evangelho (Mt 15,21-28): Partindo dali, Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia. Uma mulher cananeia, vinda daquela região, pôs-se a gritar: «Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: minha filha é cruelmente atormentada por um demônio!» Ele não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: «Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós». Ele tomou a palavra: «Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante de Jesus e começou a implorar: «Senhor, socorre-me!» Ele lhe disse: «Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!» Diante disso, Jesus respondeu: «Mulher, grande é tua fé! Como queres, te seja feito!» E a partir daquela hora, sua filha ficou curada.
«Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!»
+ Rev. D. Joan SERRA i Fontanet (Barcelona, Espanha)
Jesus finge-se surdo. Por quê? Provavelmente porque tinha visto a fé daquela mulher e desejava que aumentasse. Ela continua suplicando, de tal forma que até os discípulos pedem a Jesus que a mande embora. A fé desta mulher manifesta-se, sobre tudo, na sua humilde insistência, sublinhada pelas palavras do discípulo: «Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós» (Mt 15,23).
A Mulher continua suplicando; não se cansa. O silêncio de Jesus explica-se pois apenas veio para a casa de Israel. Apesar disso, depois da ressurreição, dirá aos discípulos: «Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criação» (Mc 16,15).
Este silêncio de Deus, por vezes, atormenta-nos. Quantas vezes nos queixamos deste silêncio? Mas a cananeia prostra-se, põe-se de joelhos. É a postura de adoração. Ele responde-lhe que não é correto tirar o pão dos filhos e dá-lo aos cães. Mas ela responde: «É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!» (Mt 15,26-27).
Esta mulher é muito espevitada. Não se zanga, não lhe parece mal, e até lhe dá razão: «Tens razão, Senhor». Mas consegue pô-lo do seu lado. É como se lhe dissesse: —Sou como um cão, mas um cão que está sob a proteção do seu amo.
A cananeia oferece-nos uma grande lição: dá razão ao Senhor que sempre a tem. —Não queiras ter razão quando te apresentares perante o Senhor. Não te queixes nunca e, se te queixares, termina dizendo: «Senhor, faça-se a tua vontade».
Deus em Cristo oferece a salvação a todos, sem exceção.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro lugar, a primeira leitura é clara: antes de Cristo só havia os judeus, povo escolhido por Deus, e os pagãos, o resto. A tentação dos primeiros –dos judeus- foi a de fecharem-se em si mesmos e considerar os outros como imundos, pecadores e excluídos. Pareceria que só eles se salvariam. Isaías, contudo, nos deixou a porta aberta: os estrangeiros podem também aderir ao Senhor e servi-lo. Condições? Se aceitarem a Lei, poderão entrar e formar parte do povo da Aliança, e Deus aceitará seus sacrifícios, de modo que o templo será casa de oração para todos os povos. Mas, isso é suficiente?
Em segundo lugar, que aconteceu com esse povo com o advento de Cristo? Não quiseram se abrir à surpresa de Deus. Antes fechados aos pagãos, agora se fecham ao mesmo Deus encarnado que veio salvar a todos, sem exceção. Eles esperavam um messias político, grandioso. Para receber esta salvação, Cristo nos pede fé. Por isso Jesus elogiou a mulher pagã siro-fenícia e concedeu-lhe a cura de sua filha. Contudo, Cristo a prova, para saber se realmente sua fé é autêntica e humilde. As palavras duras de Cristo, em vez de desanimá-la, fazem mais firme sua fé e mais humilde sua oração: “Conformo-me com as migalhas, contanto de curar minha filha”. Não é a pertença ao povo judeu o que salva, mas a fé no Enviado de Deus. Não é a raça, mas a disposição de cada um diante da oferta de Deus. Cristo louva esta boa mulher, que não é judia, enquanto, muitas vezes, tem que criticar a pouca fé dos “oficialmente justos”, os do povo eleito, e também nós. Cristo teve que corrigir inúmeras vezes esse “racismo” baseado na descendência de Abraão. Pedia-lhes que fossem imitadores de Abraão, não tanto em virtude da herança racial, mas em virtude de sua fé.
Finalmente, a que Cristo nos convida neste domingo? Fora racismo, preconceitos, discriminação, mentalidade elitista e excludente! Todos encontramos dificuldades anímica e de sensibilidade na hora de incluir em nossa esfera de convivência a pessoas de outras culturas, religiões, idade ou de ideologia política diferente. A primeira reação, ante tais pessoas, é a desconfiança, e as discriminamos facilmente. A Igreja Católica nos pede um diálogo inter-religioso baseado no respeito e na compreensão para superar os prejuízos. A Igreja nos pede, como o Papa Francisco disse na sua visita à Terra Santa, o ecumenismo de sangue, porque na veia dos cristãos –ortodoxos, católicos, anglicanos, luteranos- corre o sangue do Redentor. Isso não significa que todas as religiões são iguais. Mas toda pessoa pode ser fiel a Deus, segundo a consciência na qual foi formada, e pode nos dar exemplos belos, como o da fé da mulher cananeia, louvada por Jesus. Não olhemos os estrangeiros com suspicácia, nem os jovens com impaciência, nem os adultos com indiferença, nem os pobres com desgosto, nem o terceiro mundo com desinteresse, nem os afastados da fé com autossuficiência, nem os de outra língua ou cultura com dissimulado receio. Cristo, se tem alguma preferência, é pelos débeis e marginalizados.
Para refletir: Já li os seguintes documentos do Concílio Vaticano II: Unitatis Redintegratio, sobre o ecumenismo; Nostra Aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs? Tenho caridade cristã e amplidão de horizontes nas relações com todas as pessoas, ao tempo que dou testemunho de fidelidade a minhas convicções católicas? Como trato os forasteiros, os imigrantes, os desconhecidos, os turistas?
Você pode entrar em
contato com o Pe. Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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