Santa Maria Rainha
Salmo Responsorial: 84
R. A glória do Senhor habitará na nossa terra.
Escutemos o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra.
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu.
O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos.
Aleluia. Um só é o vosso Pai, o Pai celeste; um só é o vosso mestre, Jesus Cristo. Aleluia.
Evangelho (Mt 23,1-12): Naquele tempo, Jesus falou às multidões e aos discípulos: «Os escribas e os fariseus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de "Rabi". Quanto a vós, não vos façais chamar de "Rabi", pois um só é vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. Não chameis a ninguém na terra de "Pai", pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de "Guia", pois um só é o vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado».
«Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Como diz São Paulo, «Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?» (I Cor 4,7). De maneira que, quando tenhamos consciência de ter agido corretamente, faremos bem em repetir: «Somos simples servos, fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17,10).
O homem moderno padece de uma lamentável amnésia: vivemos e agimos como se fôssemos, nós mesmos, os autores da vida e os criadores do mundo. Ao contrário disto, Aristóteles provoca admiração, ele quem na sua teologia natural —desconhecia o conceito de "criação" (noção conhecida naqueles tempos somente pela Divina Revelação), ao menos, tinha claro que este mundo dependia da Divindade (a "causa incausada"). João Paulo II chama-nos a conservar a memória da dívida que temos contraída com nosso Deus: «É preciso que o homem dê honra ao Criador, oferecendo-lhe, em ação de graças e louvores, tudo o que dele tem recebido. O homem não pode perder o sentido desta dívida, que somente Ele, dentre todas as outras realidades terrestres, pode reconhecer».
Além do mais, pensando na vida sobrenatural, nossa colaboração — Ele não fará nada sem nossa autorização, sem nosso esforço! — consiste em não perturbar o trabalho do Espírito Santo: Deixar Deus fazer! Que a santidade não a "fabricamos" nós, mas Ele a outorga, Ele que é Mestre, Pai e Guia. Em todo caso, se acreditamos que somos e temos algo, esforcemo-nos em colocá-lo ao serviço dos outros: «o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve» (Mt 23,11).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Ao ler estes textos fortemente contrários aos fariseus
devemos tomar muito cuidado para não sermos injustos com o povo judeu. Nós
cristãos, durante séculos, tivemos atitudes anti-judaicas e, por isso mesmo, anticristãs.
O que importa ao meditar estes textos é descobrir o seu objetivo: Jesus condena
a incoerência e a falta de sinceridade no relacionamento com Deus e com o
próximo. Ele está falando contra a hipocrisia tanto a deles de ontem, como a
nossa de hoje!
* Mateus 23,1-3: O erro básico:
dizem mas não fazem
Jesus se
dirige à multidão e aos discípulos e faz uma crítica aos escribas e fariseus. O
motivo do ataque é a incoerência entre a palavra e a prática. Falam e não
praticam. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. “Estão
sentados na cátedra de Moisés. Por isso, observai o que eles mandam! Mas não
imitai suas ações, pois dizem mas não fazem!”
* Mateus 23,4-7: O erro básico se
manifesta de várias maneiras.
O erro
básico é a incoerência: “Dizem mas não fazem”.
Jesus enumera vários pontos que revelam a incoerência. Alguns escribas e
fariseus impunham leis pesadas ao povo. Eles conheciam bem as leis mas não as
praticavam, nem usavam o seu conhecimento para aliviar a carga nos ombros do
povo. Faziam tudo para serem vistos e elogiados, usavam roupas especiais de
oração, gostavam dos lugares de honra e das saudações em praça pública. Queriam
ser chamados de “Mestre!” Eles representavam um tipo de comunidade que
mantinha, legitimava e alimentava as diferenças de classe e de posição social.
Legitimava os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Ora,
se há uma coisa de que Jesus não gostava é de aparências que enganam.
* Mateus 23,8-12: Como combater o
erro básico.
Como deve
ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas
como um serviço: “O maior entre você será aquele que serve!” A ninguém devem
chamar de Mestre (Rabino), nem de Pai, nem de Guia. Pois a comunidade de Jesus
deve manter, legitimar e alimentar não as diferenças, mas sim a fraternidade.
Esta é a lei básica: “Vocês todos são irmãos e irmãs!” A fraternidade nasce da
experiência de que Deus é Pai, o que faz de todos nós irmãos e irmãs. “Aquele
que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado!”
* O grupo dos Fariseus. O grupo dos fariseus nasceu no
século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da
Lei de Deus, sobretudo das prescrições da pureza. Eles eram mais abertos às
novidades do que os saduceus. Por exemplo, aceitavam a fé na ressurreição e a
fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um
testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas por dia;
trabalhavam durante oito horas para poder sobreviver; faziam descanso e lazer
durante oito horas. Por isso, tinham grande liderança junto do povo. Deste
modo, eles ajudaram o povo a conservar sua identidade e a não se perder, ao
longo dos séculos.
* A mentalidade chamada farisaica.
Com o tempo, porém, os fariseus se agarraram ao poder e já não escutavam
os apelos do povo nem deixavam o povo falar. A palavra “fariseu” significa
“separado”. A observância deles era tão estrita e rigorosa, que eles se
distanciavam do comum do povo. Por isso, eram chamados de “separados”. Daí
nasce a expressão "mentalidade farisaica" É de pessoas que pensam
poder conquistar a justiça através de uma observância estrita e rigorosa da Lei
de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não têm coragem de assumir o
risco da liberdade e da responsabilidade. Elas se escondem atrás das leis e das
autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de mando, tornam-se duras
e insensíveis para esconder a sua imperfeição.
* Rabino, Guia, Mestre, Pai. São os quatro títulos que Jesus proíbe a gente de usar. Hoje, na igreja, os sacerdotes são chamados de “pai” (padre). Muitos estudam nas universidades da igreja e conquistam o título de “Doutor” (mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com pessoas que são chamadas “Diretor espiritual” (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se forem usados para a pessoa se firmar numa posição de autoridade e de poder, ela estará errada e cai debaixo da crítica de Jesus. Se forem usados para alimentar e aprofundar a fraternidade e o serviço, não caem debaixo da crítica de Jesus.
Para um confronto pessoal
1. Quais as motivações que eu tenho para viver e
trabalhar na comunidade?
2. Como a comunidade vem me ajudando a corrigir e melhorar minhas motivações?
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