São Bernardo, abade e
doutor da Igreja
Bto Georg Häfner, Presbítero,
Mártir e Terceiro Carmelita
Salmo Responsorial: 50
R. Derramarei sobre vós água pura e ficareis limpos de toda a iniquidade.
Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com espírito generoso. Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos e os transviados hão de voltar para Vós.
Não é do sacrifício que Vos agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido: não desprezeis, Senhor, um espírito humilhado e contrito.
Aleluia. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. Aleluia.
Evangelho (Mt 22,1-14): Naquele tempo, Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, dizendo: «O Reino dos Céus é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. Mandou seus servos chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. Mandou então outros servos, com esta ordem: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’. Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios, outros agarraram os servos, bateram neles e os mataram. O rei ficou irritado e mandou suas tropas matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. Em seguida, disse aos servos: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. Portanto, ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’. Os servos saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para ver os convidados, observou um homem que não estava em traje de festa, e perguntou-lhe: ‘Meu caro, como entraste aqui sem o traje de festa?’. Mas o homem ficou sem responder. Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e lançai-o fora, nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes’. Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos».
«Já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!»
Rev. D. David AMADO i Fernández (Barcelona, Espanha)
A parábola, no entanto, tem um desenvolvimento trágico, pois muitos, «não deram a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios... » (Mt 22,5). Por isso, a misericórdia de Deus vai se dirigindo a pessoas cada vez mais distantes. É como um noivo que vai se casar e convida a seus familiares e amigos, mas eles não querem assistir; chama depois a conhecidos e colegas de trabalho e vizinhos, mas todos dão desculpas; finalmente convida qualquer pessoa que encontra, pois tem preparado um banquete e quer que hajam convidados na mesa. Algo parecido acontece com Deus.
Mas também, os diferentes personagens que aparecem na parábola podem ser imagem dos estados da nossa alma. Pela graça batismal somos amigos de Deus e coerdeiros com Cristo: temos um lugar reservado no banquete. Se esquecermos nossa condição de filhos, Deus passa a nos tratar como conhecidos, mas continua nos convidando. Se deixarmos morrer em nós a graça, convertemo-nos em gente do caminho, transeuntes sem oficio nem benefício sob as coisas do Reino. Mas Deus segue chamando.
A chamada chega a qualquer momento. É por convite. Ninguém tem direito. É Deus quem presta atenção em nós e diz: «Vinde para a festa!». E o convite há de ser aceito com palavras e fatos. Por isso aquele convidado mal vestido é expulso: «Meu caro, como entraste aqui sem o traje de festa?» (Mt 22,12).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a parábola do banquete que se encontra em Mateus e em Lucas, mas com diferenças significativas, provenientes da perspectiva de cada evangelista. O pano de fundo, porém, que levou os dois evangelistas a conservar esta parábola é o mesmo. Na comunidades dos primeiros cristãos, tanto de Mateus como de Lucas, continuava bem vivo o problema da convivência entre judeus convertidos e pagãos convertidos. Os judeus tinham normas antigas que os impediam de comer com os pagãos. Mesmo depois de terem entrado na comunidade cristã, muitos judeus mantinham o costume antigo de não sentar à mesma mesa com um pagão. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por ter entrado na casa de Cornélio, um pagão, e ter comido com ele (At 11,3). Este mesmo problema, porém, era vivido de maneira diferente nas comunidades de Lucas e nas de Mateus. Nas comunidades de Lucas, apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal de partilha e de comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Por isso, no evangelho de Lucas (Lc 14,15-24), a parábola insiste no convite feito a todos. O dono da festa, indignado com a desistência dos primeiros convidados, mandou chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos para virem participar do banquete. Mesmo assim sobrava lugar. Então, o dono da festa mandou convidar todo mundo, até que a casa ficasse cheia. No evangelho de Mateus, a primeira parte da parábola (Mt 22,1-10) tem o mesmo objetivo de Lucas. Ele chega a dizer que o dono da festa mandou entrar “bons e maus” (Mt 22,10). Mas no fim ele acrescenta uma outra parábola (Mt 22,11-14) sobre o traje de festa, que insiste no que é específico dos judeus, a saber, a necessidade da pureza para poder comparecer diante de Deus.
* Mateus 22,1-2: O convite para todos
Alguns
manuscritos dizem que a parábola foi contada para os chefes dos sacerdotes e
aos anciãos do povo. Esta afirmação pode
até servir como chave de leitura, pois ajuda a compreender alguns pontos
estranhos que aparecem na história que Jesus conta. A parábola começa assim:
"O Reino do Céu é como um rei que preparou a festa de casamento do seu
filho”. Esta afirmação inicial evoca a esperança mais profunda: o desejo do
povo de estar com Deus para sempre. Várias vezes nos evangelhos se alude a esta
esperança, sugerindo que Jesus, o filho do Rei, é o noivo que veio preparar o casamento
(Mc 2,19; Ap 21,2; 19,9).
* Mateus 22,3-6: Os convidados não quiseram vir
O rei fez
dois convites muita insistentes, mas os convidados não quiseram vir. “Um foi
para o seu campo, outro foi fazer os seus negócios, e outros agarraram os
empregados, bateram neles, e os mataram”.
Em Lucas são os deveres da vida cotidiana que impedem os convidados de
aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno. Preciso vê-lo!” O
segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!” O terceiro: “Casei.
Não posso ir!” (cf. Lc 14,18-20). Dentro das normas e costumes da época,
aquelas pessoas tinham o direito e até o dever de recusar o convite que lhes
foi feito (cf Dt 20,5-7).
* Mateus 22,7: Uma guerra incompreensível
A reação do
rei diante da recusa surpreende. “Indignado, o rei mandou suas tropas, que
mataram aqueles assassinos, e puseram fogo na cidade deles. Como entender esta
reação tão violenta? A parábola foi contada para os chefes dos sacerdotes e aos
anciãos do povo (Mt 22,1), os responsáveis pelos da nação. Muitas vezes, Jesus
tinha falado a eles sobre a necessidade da conversão. Ele chegou a chorar sobre
a cidade de Jerusalém e dizer: "Se também você compreendesse hoje o
caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos! Vão chegar
dias em que os inimigos farão trincheiras contra você, a cercarão e apertarão
de todos os lados. Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você
pedra sobre pedra. Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio para
visitá-la." (Lc 14,41-44). A reação violenta do rei na parábola refere-se
provavelmente ao que aconteceu de fato de acordo com a previsão de Jesus.
Quarenta anos depois, Jerusalém foi destruída (Lc 19,41-44; 21,6;).
* Mateus 22,8-10: O convite permanece de pé
Pela
terceira vez, o rei convida o povo. Ele disse aos empregados: “A festa de
casamento está pronta, mas os convidados não a mereceram. Portanto, vão até as
encruzilhadas dos caminhos, e convidem para a festa todos os que vocês
encontrarem. Então os empregados saíram pelos caminhos, e reuniram todos os que
encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados“. Os maus
que eram excluídos como impuros da participação no culto dos judeus, agora são
convidados, especificamente, pelo rei para participar da festa. No contexto da
época, os maus eram os pagãos. Eles também são convidados para participar da
festa de casamento.
* Mateus 22,11-14: O traje de festa
Estes versos contam como o rei entrou na sala da festa e viu alguém sem o traje da festa. O rei perguntou: 'Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?' Mas o homem nada respondeu. A história conta que o homem foi amarrado e jogado fora na escuridão. E conclui: “Muitos são chamados, e poucos são escolhidos”. Alguns estudiosos acham que aqui se trata de uma segunda parábola que foi acrescentada para abrandar a impressão que ficou da primeira parábola onde se disse que “maus e bons” entraram para a festa (Mt 22,10). Mesmo admitindo que já não é a observância da lei que nos traz a salvação, mas sim a fé no amor gratuito de Deus, isto em nada diminui a necessidade da pureza do coração como condição para poder comparecer diante de Deus.
Para um confronto pessoal
1. Quais as pessoas que normalmente são convidadas para
as nossas festas? Por que? Quais as
pessoas que não são convidadas para as nossas festas? Por que?
2. Quais os motivos que hoje limitam a participação de
muitas pessoas na sociedade e na igreja?
Quais os motivos que certas pessoas alegam para se excluir do dever de
participar na comunidade? Será que são motivos justos?
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