sexta-feira, 10 de julho de 2020

XV Domingo Tempo Comum


1ª Leitura (Is 55,10-11): Eis o que diz o Senhor: «Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer, assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».

Salmo Responsorial: 64
R. A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.

Visitastes a terra e a regastes, enchendo-a de fertilidade. As fontes do céu transbordam em água e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra; regais os seus sulcos e aplanais as leivas, Vós a inundais de chuva e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios, por onde passastes brotou a abundância. Vicejam as pastagens do deserto e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos e os vales enchem-se de trigo. Tudo canta e grita de alegria.

2ª Leitura (Rm 8,18-23): Irmãos: Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há de manifestar em nós. Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por vontade d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.

Aleluia. A semente é a palavra de Deus e o semeador é Cristo. Quem O encontra viverá eternamente. Aleluia.

Evangelho (Mt 13,1-23): Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas. Dizendo: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram frutos: uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!». Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: «Por que lhes falas em parábolas?». Ele respondeu: «Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até o que tem. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada vereis. Pois o coração deste povo se endureceu, e eles ouviram com o ouvido indisposto. Fecharam os seus olhos, para não verem com os olhos, para não ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar’. Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram. «Vós, portanto, ouvi o significado da parábola do semeador. A todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega tribulação ou perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. O que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e outro trinta».

«O semeador saiu para semear»

P. Jorge LORING SJ (Cádiz, Espanha)

Hoje consideramos a parábola do semeador. Tem uma força e um encanto especiais porque é palavra do próprio Senhor Jesus.

A mensagem é clara: Deus é generoso semeando, mas a concretização dos frutos de sua semeadura dependem também —e ao mesmo tempo— da nossa livre correspondência. A experiência de todos os dias confirma-nos que o fruto depende da terra onde cai. Por exemplo, os alunos da mesma escola e sala, alguns acabam com vocação religiosa e outros ateus. Ouviram o mesmo, mas a semente caiu em terra diferente.

A terra boa é nosso coração. Em parte é coisa da natureza; mas sobre tudo depende da nossa vontade. Há pessoas que preferem desfrutar antes que ser melhores. Nelas cumpre-se a parábola: as ervas más (ou seja, as preocupações do mundo e a sedução das riquezas) «sufocam a palavra, e ele fica sem fruto» (Lc 13,22).

Mas aqueles que, pelo contrário, valoram o ser, acolhem com amor a semente de Deus e a fazem frutificar. Ainda tenham que mortificar-se. Cristo já disse: «se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto» (Jo 12,24). Também, o Senhor nos advertiu que o caminho da salvação é estreito e reduzido (cf. Mt 7,14): aquilo que vale muito, custa muito. Nada de valor se consegue sem esforço.

Quem se deixa levar pelos seus apetites, terá o coração como uma floresta selvagem. Pelo contrário, as árvores frutíferas que se podam dão melhor fruto. Assim, as pessoas santas não tiveram uma vida fácil, mas têm sido um modelo para a humanidade. «Não todos somos chamados ao martírio, com certeza, mas a alcançar a perfeição cristã. Mas a virtude precisa de uma força que (...) pede uma obra comprida e diligente, que não devemos interromper, até morrer. Desse jeito, pode ser chamado de martírio lento e continuado» (Pio XII).

Diversos tipos diante da Palavra que Deus semeia diariamente no coração.

Pe. Antônio Rivero, L.C.

Sta Zélia e S. Louis Martin, leigos
O primeiro é torpe, o segundo é aerostático; o terceiro é o cansado; e o último, o bom. Não é problema do semeador, porque Ele é magnifico. Não é problema da semente, que não tem a potência de germinar e dar fruto. O problema é o terreno onde cai essa semente.

Em primeiro lugar, analisemos o primeiro tipo, o torpe. Homens e mulheres fáceis, superficiais, baratos. Gente que não passa de moda, que sempre se deixa levar pelas circunstancias. É o sensorial, o vulgar que se lança na vida muito fácil ao engano dos sentidos. Pessoas fora de jogo, da realidade, fora de campo, gente sem rumo. Gente que, diante das palavras como religião, compromisso, ativismo, operação testemunha de Deus no mundo… Olham o interlocutor com olhos de quem se pergunta sem noção alguma, o que é isso? Vão pela vida como palhaços de circo na arena, plantando bananeira: de cabeça para baixo e com os pés para cima. E então a escala de valores para elas fica ao contrário. Ou seja, o amor, o dinheiro, o prazer, o êxito, etc. ficam lá encima, e de boca para baixo a honradez, o trabalho, a virtude, a felicidade, Deus. Pessoas religiosamente torpes. A Palavra de Deus chega e rebota, e o primeiro pássaro que passa em voo raso leva no bico a Palavra de Deus.

Em segundo lugar, analisemos o segundo tipo, o aerostático. Homem e mulher inconstantes. Na primeira vez é um entusiasta exemplar, triunfalista na segunda vez e acabado na terceira… Para variar. Ele também não passa de moda. Uma ideia grande, nobre, messiânica… Ele é hidrogênio que se incha, como uma bexiga, bexiga que, sem sacos na terra nem lastre constante na barquinha, se eleva, se cansa, explode e cai em pedacinhos. Perigosos porque se entusiasmam tanto para o bem como para o mal, tanto para a verdade como para o erro; são pólvora, barulho e fumaça, mas não caráter nem vontade nem personalidade nem constância nem maturidade. São heróis por um dia. A inconstância é uma rocha tapizada de húmus: cai a Palavra de Deus e fica, brota espiga triunfal e morre quando o sol cai nas aristas.

Finalmente, analisemos o terceiro tipo, o cansado. É esse que lê o jornal enquanto toma café da manhã, despacha assuntos enquanto vai comendo, fica informado das últimas notícias enquanto janta e, enquanto dorme, planeja os assuntos que vai resolver no dia seguinte enquanto estiver tomando o café da manhã, almoçando e jantando. Gente com tempo para tudo, sem tempo para nada, sem áreas verdes para o espírito, alqueive para abrolhos e cardos borregueiros. Se cair agora, mansa e humilde, a palavra de Deus inspirador e exigente… E a morrer! E agora falta analisar o bom. Tem a sabedoria repousada. Dá a acolhida à Palavra, acolhida que o torpe não deu. Oferece-lhe a seriedade que não lhe deu o aerostático. Tende-lhe a dedicação que não lhe tendeu o cansado. Todos deveríamos ser como o bom. Aqui a Palavra de Deus frutifica segundo a capacidade e os talentos de cada um. E reparte por onde quer migalhas do seu fruto: em casa, no trabalho, na praça, na igreja. E todos felizes. E com essas migalhas alimentamos os necessitados, os pobres e os enfermos.

Para refletir: Qual dos quatro tipos sou eu? Que fruto estou dando na minha vida pessoal, familiar, profissional, laboral, ministerial: cardos, espinhos, pedras, pura folha, galhos secos?

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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